Um pulo a Portugal

É o lugar para viajar sem destino… e bem seguro. Os vilarejos, próximos uns dos outros, tem nomes divertidos: Encarnação, Pedro da Cadeira; Avelãs do Caminho, uma graça de lugar; a cozinha portuguesa é muito boa e na rodovia há “vendinhas” de frutas da época – no caso, deliciosas cerejas – biscoitos típicos, “bolachão” de amendoim, etc..

De Lisboa a Santiago de Compostela (na Espanha) são 500Km – menos do que de Belo Horizonte a Guarapari. A catedral, por si só, vale a visita. No trajeto, há lugares ricos em história, bons restaurantes e, ainda, muito verde.

Primeiro, vamos passear um pouco em Lisboa; o centro, como o de todas cidades antigas, é para andar a pé. Descobrimos o Parque Eduardo VII com refrescante espelho d’àgua e magníficas esculturas de Baltasar Lobo, bem como a famosa “Maternidade” de Fernando Botero. Perto, também, “El Corte Inglés”, o “grande armazém” espanhol, onde se pode comprar os deliciosos amendroados.

Na ponta do parque, a Praça Marquês de Pombal, com canteiros largos, arborizados, com a presença robusta dos grandes portugueses: Herculano, Almeida Garrett e outros. Dali, chega-se ao Rossio, cujo elevador para o Bairro Alto é uma peça de arte. O Marquês de Pombal “aproveitou” o devastador terremoto de 1755 para modernizar Lisboa, saneando a cidade e construindo quarteirãos regulares, com praças e avenidas largas na “Baixa”. Os lampiões, o Arco, as lojinhas antigas, tudo muito agradável e pitoresco, sem tráfego de veículos.

Os bairros Alto e Chiado devem ser percorridos com calma, as casas e prédios são bem conservados e as ruas limpas.

As ruínas do Convento do Carmo, destruído no terremoto, despertam a imaginação e de lá avista-se a interessante geometria dos telhados.

Em Lisboa há um jardim onde se pode deixar as plantas, especialmente bonsai, quando a pessoa viaja. Hotel para plantas! Neste mesmo local a atividade “viver os jardins”, onde a família escolhe um canteiro, semeia flores e ervas, colhendo-as depois. É uma forma de cultivar os laços familiares, pois não?

Obrigatória a visita ao CCB – Centro Cultural de Belém, um edifício moderno com exposições, lojas, teatros e espaços ao ar livre, construído com as mesmas pedras do magnífico vizinho Mosteiro dos Jerônimos. A poucos metros, os pastéis de Belém, os melhores da região, numa pastelaria típica.

No CCB havia uma exposição da emigração portuguesa para a França. Eram quadros vivos, onde os visitantes, dirigidos por três moças, faziam as atividades dos emigrantes: deram-nos baldes para buscar água, para percorrer os obstáculos no caminho; havia colchonetes para dormir ao relento; tínhamos de carregar as malas, armar o tripé para o café, atiçando a fogueira e vestidos de roupas antigas. É uma experiência única. Assim, pode-se vivenciar um milionésimo de um dia do emigrante.

O nosso gentil amigo lisboeta, Pedro Aniceto, levou-nos ao Cristo Redentor português, uma capela com duas altas torres que se unem com o Cristo. Para quem não tem Corcovado foi uma boa idéia.

Imperdível é o Oceanário no Parque das Nações. Um passeio para se fazer sem pressa. São 16 mil peixes dos mais variados e coloridos. As lontras são graciosas e calmas. Tente aproveitar o ritmo do aquário e aproveitará muito em relaxamento. Os ansiosos podem ter dificuldade no início, mas o resultado é compensador.

Indescritível e sério é o trabalho de manutenção do aquário gigante pelos biólogos e pessoal especializado. Mergulhadores distribuem alimentação variada e específica para cada tipo de peixe; o comportamento e saúde de todos os seres vivos são acompanhados rigorosamente.

Neste Parque das Nações há lojas, restaurantes, e o Jardim das Águas. Apesar de descuidado, o projeto deste jardim é sensacional. São aparelhos movidos a água, desde o monjolo até o parafuso de Archimedes (séc. III a.C.). Este é um engenho instigante e atual.

O Museu Calouste Gulbenkian é muito rico e agradável: a arquitetura, as obras de arte, móveis, louças, livraria e CDs. É imperdível.

Os portugueses tem um “arrepio” com os espanhóis, como brasileiros e argentinos. Costumam dizer:

Da Espanha não se espera
bom vento
nem bom casamento.

(continua…)

Um pulo a Portugal (2a. Parte)

Continuando nosso passeio por Portugal, passamos por Cascais, a Cabo Frio dos portugueses; não nos impressionou, já que o litoral brasileiro é inigualável.

Sintra lembra Ouro Preto; tem montanhas, é muito agradável, arborizada, as casas antigas muito bonitas. O Parque da Pena (um tipo de planta) foi cuidado por D. Fernando II, um rei visionário; seus engenheiros de minas pesquisaram, descobriram e cuidaram das nascentes da região, muitas são hoje belos lagos. A vegetação é exuberante. Dentro do parque está o castelo de verão do rei. É uma construção muito interessante que “acompanhou” a natureza, não tendo formas rígidas. O banheiro é bem avançado e moderno para a época. A cozinha é enorme, com panelas de cobre em tamanho gigante. O castelo funcionou até por volta de 1920 com a rainha Amélia, muito dinâmica e progressista.

Mafra, lá está a edificação que José Saramago descreve tão bem no “Memorial do Convento”. Convento, basílica e palácio foram construídos entre 1717 e 1730. São 880 salas, 154 escadas e mais de quatro mil portas e janelas em estilo barroco. Se quiser ver as famosas rendeiras de bilro, passe por Peniche. Em Cabo Carvoeiro há formações calcáreas que formam esculturas naturais.

Óbidos, considerada uma das maravilhas de Portugal, tem muralha na qual se pode contornar a pé; do alto, as ruelas, as lojinhas parecem um presépio. Lá entra-se apenas a pé, aliás é uma idéia que deveria se estender a todas as cidades antigas.

Alcobaça é conhecida pelo grandioso mosteiro. A igreja se destaca pelas dimensões exageradas, com três naves em forma de cruz.

Em Batalha o magnífico mosteiro, ainda em função; externamente, lembra a Sagrada Família de Gaudí. As Capelas Imperfeitas, inacabadas, são riquíssimas. Uma jóia que merece maiores cuidados, é outra das maravilhas de Portugal. Por sorte, assistimos a uma apresentação de cantores em trajes típicos, formando um coral de vozes femininas e masculinas.

Leiria, aqui tivemos notícia de um restaurante cujas refeições duram, pelo menos, cinco horas. A catedral, bem iluminada à noite, domina toda a cidade.

Na região de Ourém, Fátima se transformou em um grande centro turístico e hoteleiro. As desapropriações dos terrenos deixaram milhares de pessoas sem teto e sem indenização. Praticamente tudo na cidade pertence aos padres e às freiras. A basílica e adjacências são isentas de impostos, sendo um fato polêmico para muitos portugueses. Deve-se chegar bem cedo para curtir a praça imensa, a igreja moderna, cujos murais externos impressionam. Muito interessante o setor de reconciliação, com confessionários e padres das mais diversas nacionalidades. Por volta de 9:00 horas o número de peregrinos já é bem grande. Dia 13 de cada mês comemora-se a data das aparições, com multidões acorrendo à basilica.

O caminho até Coimbra é coberto de plantações, principalmente de uva. Há casas muito boas ao longo da rodovia; qualquer pedaço de terra está semeado. São vilas em seguida de outras. Na Universidade de Coimbra tem a Biblioteca Joanina, revestida em ouro, que possui um dos mais belos acervos de livros e manuscritos do mundo. A menos de uma hora fica Aveiro, a “Veneza Portuguesa” e seus doces feitos com ovos.

Mais ao norte, em Mealhada, criam-se leitões e há dezenas de restaurantes que servem a iguaria. Entramos em vários e escolhemos o Restaurante Típico da Bairrada. É muito limpo, mais tranquilo, as senhoras garçonetes usam saias plissadas. O atendimento é cordial e o leitão crocante. Vale a pena a parada.

(continua…)

Um pulo a Portugal (Última Parte)

Depois do leitão crocante, seguimos para o norte até a cidade do Porto. Para provar o seu delicioso vinho, vale o passeio pelas vinícolas no vale do Rio Douro. Um passeio sem rumo pelo centro histórico é muito agradável. A Fundação Serralves tem uma importante coleção de arte em meio a um belo parque. A praça central do Porto é no mesmo estilo da de Praga.

Seguimos até Braga para visitar o Mosteiro de Tibães. Infelizmente, não são permitidas visitas no horário de almoço (duas horas!) apesar de os funcionários permanecerem no local! Foi uma pena; parece muito interessante.

Barcelos é um lugarzinho delicioso. De lá provém todos esses galinhos coloridos nos mais variados estilos, até o galo de Gaudí. É bem limpa, ruínas arqueológicas, um jardim com portais do Séc. XVIII e amor-perfeito em profusão. Foi uma bela surpresa.

Dirigimo-nos à Galícia, província espanhola onde se fala um dialeto similar ao português, com destino a Santiago de Compostela. Passamos por Viana do Castelo, que está às margens do Rio Lima, com uma bela ponte construída por Auguste Eiffel, o mesmo da torre de Paris. Caminha é uma cidade à beira-mar, com casas muito boas; um lugar muito agradável.

Já na fronteira com a Espanha, passamos por Valença, Tui e, margeando Vigo, chegamos a Pontevedra. Daí, foi um estirão ansioso para chegar a Compostela. Hoje, uma cidade moderna e bem movimentada, por isso fomos diretamente para a Catedral, simplesmente indescritível. A praça é majestosa com suas edificações antigas; uma delas foi transformada no Hotel dos Reis, com uma “caverna” onde funciona um bom restaurante. Se não for para hospedagem, vale tomar um bom vinho lá. O turíbulo da catedral é magnífico. A qualquer custo 😉 deve-se esperar a missa dos peregrinos, em geral às 19:00, onde os frades fazem-no balançar no adro da catedral, espalhando o incenso. É inesquecível.

A Estátua da Liberdade…

…traz, na segunda parte do poema inscrito na sua base, a esperança de um mundo mais justo, menos pobreza e opressão; significou a acolhida ao mundo da América, ao sonho americano, enfim, um upgrade :-):

…Traga a mim os cansados, os pobres
essa massa acotovelante que anseia por respirar livremente,
A escória miserável que povoa suas praias.
Envie aqueles sem lar, os banidos pelas tempestades, mande-os a mim.
Eu lhes erguerei minha luz até o portão dourado!


(do poema “The New Colossus”, de Emma Lazarus)

Ali em Paris

…nem é preciso falar sobre Paris; basta deixar-se perder pelas ruas, contemplar a arquitetura secular e, incrivelmente, contemporânea; visitar, sem pressa, as galerias de arte, ouvir os músicos nas praças, perambular pelo Quartier Latin; ir passear, bem cedo, pelas alamedas do Père Lachaise… queremos falar de um lugar aliii pertinho — uma hora e meia de trem: Poitiers.

A cidade de Poitiers tem outras atrações, claro, mas para este passeio especial ao Parc du Futuroscope, localizado em Chasseneuil-du-Poitou, a 10km, pode-se adquirir um bilhete e passar um dia inteiro (equivalente a mil dias!). Parque temático sobre multimídia e tecnologia do cinema, algumas das atrações só podem ser vistas lá. A cidade abriga, ainda, um pólo tecnológico para empresas emergentes daquelas especialidades.

No Futuroscope, na década de 90, já podia-se assistir, por exemplo, a filmes 3D e até 4D! Era mesmo “o futuro” na ficção científica… foi um “Avatar” precoce. Muita gente deu pulos na sala, tentando se desviar de objetos voadores. 🙂 Outra demonstração impressionante: acendeu-se uma luz por detrás da tela, mostrando um funcionário limpando o palco; logo depois, a tela foi levantada, mostrando o palco vazio — era um filme 3D projetado a 60 quadros por segundo! Isto só uma palinha de nada…

… é um mundo encantado onde as salas de projeção de filmes de todos os tipos se transformam em florestas, em sacolejantes terremotos, em aquários com pisos de vidro… com os mais avançados recursos tecnológicos, o Futuroscope nos transporta a um universo onde a ciência brinca de magia e a realidade fantástica nos mantém suspensos e absolutamente admirados.

 

 

Freud explica… lapsos de linguagem

O processo dos lapsos de linguagem é interessantíssimo. Para quem os comete, o melhor é dar uma risadinha… explicar, justificar, apenas complica e constrange, pois são, indiscutivelmente, reveladores; para quem os recebe pode ser uma boa fonte de descobertas.

O livro “Psicopatologia da Vida Cotidiana” (ed. 1966 Zahar Editores) é delicioso!

Freud narra os próprios lapsos, os de outros psicanalistas e os de clientes, além de apresentar, claro, os valiosos e lúcidos fundamentos psicanalíticos.

Ficamos aqui com a parte lúdica de alguns lapsos de linguagem, leitura e escrita:

  • um cliente disse:
    “Não gosto de dever, especialmente a médicos. Prefiro jogar [play] já.” (ao invés de pagar [pay])
    Freud ficou de sobreaviso, mas tranquilizou-se quando o cliente pagou em dinheiro a metade da consulta, prometendo enviar um cheque da diferença. Dias depois, a carta de cobrança voltou com a indicação de “destinatário desconhecido”; neste momento, Freud percebeu que aquele lapso entre “jogar” e “pagar” traiu o cliente.
  • Certa ocasião, Freud repreendia uma cliente, cujo marido estava ouvindo atrás da porta; no fim do sermão, que causara visível impressão à esposa, o próprio Freud põe tudo a perder, despedindo-se dela:
    “Até logo, Senhor.”
  • Uma mulher disse à outra em frente à farmácia:
    “Se aguardar alguns movimentos, eu voltarei.” Iria comprar um purgante para o filho; queria dizer “momentos”.
  • Um psicanalista, ao comentar sobre um possível tratamento:
    “Poderei, com o tempo, remover todos os seus sintomas, pois é um caso durável.” Queria dizer “curável”.
  • Uma jovem esposa disse sobre a dieta do marido:
    “O médico disse que meu marido pode comer e beber o que eu desejar.”
  • Uma respeitável senhora exprimiu-se numa roda:
    “A mulher tem de ser bonita se quiser agradar. Os homens tem mais sorte, basta que tenham cinco membros.”
  • O psicanalista Sándor Ferenczi, quando estudante, preparara-se arduamente para recitar, pela primeira vez, um poema. Ao começar, foi interrompido por sonora gargalhada da turma: dissera o título e, ao mencionar o autor, cita o próprio nome.

Continua na próxima…

Freud explica… mais lapsos de linguagem

Continuando

  • Um político, um tanto pão-duro, ofereceu uma festa. Bem mais tarde, em um momento, em que se supôs, fosse servida a ceia, vieram uns parcos sanduíches. Um correligionário, discursando, exclamou:
    “Neste anfitrião podemos confiar! Há-de nos garantir sempre uma sólida refeição.” (queria dizer orientação).
  • Uma senhora, certamente preocupada com os custos do tratamento:
    “Dr., não me dê grandes contas [bills], pois não posso engolí-las.” (ao invés de pílulas [pills]).
  • Um pai para os filhos:
    “Não devem imitar o seu tio, um idiota. Ops! Queria dizer, patriota!
  • Uma mulher, ansiosa por ter filhos, sempre escrevia “cegonhas [storks]” quando se referia a “estoques [stocks]”.
  • Numa tradução da bíblia, publicada em Londres em 1631, no 7º mandamento, não constava a partícula “não”:
    “Furtarás”. Consta que o impressor pagou duas mil libras de multa pela omissão.
  • Numa tradução alemã, o pronome de tratamento “Herr [Senhor]” foi substituída por “Narr [Mentecapto]”.
  • Ernest Jones relata a carta de um paciente:
    “O meu mal é todo devido àquela maldita esposa [wife] frígida.” Mas referia-se a uma onda [wave] de frio que lhe destruíra a colheita de algodão.
  • Um paciente enviou uma nota de desculpa por não comparecer à consulta:
    “Devido a circunstâncias previstas não pude comparecer.” (obviamente pensava em escrever imprevistas).
  • Ernest Jones deixou uma carta sobre a sua mesa durante vários dias; finalmente, colocou-a no correio. Foi-lhe devolvida por não ter colocado o endereço do destinatário. Corrigido o lapso, foi devolvida novamente porque, agora, se esquecera dos selos. Foi forçado a reconhecer que não queria enviá-la.

O mestre da psicanálise resume os lapsos de forma magnífica: “o inconsciente nunca mente.”

O Encontro Delas

Corrida de 6 Km no Belvedere, em Belo Horizonte — só para mulheres!

Foi muito gostoso participar daquele encontro. Uma energia boa perpassa o grupo e uma alegra animação emana das atletas!

Na expectativa da largada, há uma onda espontânea de solidariedade. Aquela confusa largada é alegra, segura, cada uma “arranjando” o espaço possível e confortável. A saída é cheia de exclamações, palmas, vivas… interessante é perceber, logo após os primeiros 500m, a diminuição do alarido, o aumento da introspecção e do esforço já quase em silêncio. Poucas são as “comadres” que continuam o bate-papo.

A competição é de cada uma consigo mesma, é o desejo de testar os próprios limites. O ritmo é pessoalíssimo e ali, naquelas ruas arborizadas, com as subidas e descidas, vai se fazendo a adaptação necessária: ajustando o coração e as passadas.

Vale a pena caminhar, trotar, correr! O corpo — essa máquina magnífica — precisa, por isso, exercitar-se diariamente para se manter saudável e verdadeiramente vivo. O exercício vigoroso, que provoca uma boa transpiração, é a alavanca para a construção dos músculos, para o aprimoramento da memória, para a redução dos riscos de inúmeras doenças; e, o principal, é a alavanca para as emoções alegres, para a renovação dos conceitos e dos pensamentos.

A sensação é que amanhã as mil mulheres, participantes desta corrida, amanheceremos cheias de energia, mais saudáveis e otimistas!

Meia-Noite em Paris

Woody Allen confirma, mais uma vez, a sua genialidade. O filme é riquíssimo pelas histórias paralelas de Hemingway, Dalí, Gertrude Stein, Picasso e muitos outros. A semelhança dos atores com os personagens é mais um ponto alto. A gente fica em suspenso na poltrona. Em cada encontro com os personagens do passado há um contexto especial e excitante. Conhecendo essas passagens, o filme se completa. As músicas são deliciosas.

Woody deve ter vivido muitas vezes aquela situação e, profundo conhecedor das ziguiziras humanas, retratou tão bem o personagem Gil Pender.

No meio daqueles americanos consumistas, superficiais e pedantes, Gil era mesmo um excêntrico. Também sensível, romântico e inteligente. Cada um nesta vida encontra a sua “turma” e Gil soube curtir, aproveitar as lições e a vida dos grandes escritores, artistas, gente bonita e interessante que não “aparece à meia-noite” para turistas idiotas… magistral a idéia de convidar a elegante e fina Carla Bruni. Quem mais conseguiria tamanha glória de levá-la a fazer uma ponta?

Como toda obra-prima, os insights posteriores continuam nos divertindo muito tempo depois da saída do cinema. A noiva de Gil tem os defeitos já apontados pelo poeta Trasíbulo Ferraz, na poesia “Orgulhosa”, cujo final se encaixa aqui. Gil encontra o caminho para os seus anseios e dúvidas; despacha, com firmeza e classe, a rica noiva:

Tola, vaidosa, atrevida
Soberba, inculta e banal.