No Hotel Zugbrücke em Grenzau, o Centro de Treinamento de tênis de mesa tem uma programação especial para crianças, incluindo aulas particulares. Interessa à equipe a descoberta de talentos… quanto mais cedo melhor.
E este mercadinho de castanhas no passeio? Ninguém toma conta; o freguês faz o pagamento e o próprio troco; ah! a gentileza do quebrador de nozes… essa gente fina!
Grenzau é a terra do maior mentiroso do mundo: este viajante destemido — Theodor Schmidt, 1830 a 1890 — contara aos conterrâneos o espanto de não haver, em terras distantes, carruagens puxadas por animais de quatro patas. Havia, sim, um cavalo enorme de aço cheio de gente e de mercadorias, correndo sobre os trilhos e soltando nuvens de vapor. Ninguém, claro! acreditou; daí o apelido “Lügendores” (Theo mentiroso). …nem sempre se consegue ver além do próprio mundo estreito…
O nosso Theodor teve um glorioso revide em 1884, quando o cavalo de ferro — a locomotiva — apareceu aqui e fez a multidão desabalar num misto de admiração e pavor.
…o centro de treinamento de tênis de mesa dirigido pelo competente treinador, campeão checo, Anton Stefko e auxiliares. Os treinos são em variados níveis, de 9 às 21 horas. Anton está em Grenzau desde 1982; por aqui já passaram mais de 100 mil apaixonados pelo pingue-pongue. Muitos campeões europeus, inclusive Timo Boll, já treinaram com o bem-humorado Anton.
No entorno, trilhas para longos passeios a pé ou de bicicleta. Castelos, moinhos, e 800 anos de histórias. Ficamos 10 dias treinando pingue-pongue e andando ao léu… a sensação é de estar em uma ilha. O redemoinho da cidade grande, as obrigações, o cotidiano, ficam bem longe. Estar por um tempo fora do habitat, com pessoas, lugares e costumes diferentes, é saudável e renovador!
De Bremen para este porto o trem leva 34 minutos cravados. No trem, e por todo lado, um universo de gente de todas as cores, tipos e etnias. Esta diversidade recente enriquece, traz vantagens para todos.
Aqui em Bremerhaven o Atlantic Hotel Sail City, à beira-mar, nos recebe com água de hortelã e maçãs. A sauna, toda de vidro, tem a forma de um barco e as duchas bem fortes, revigoradoras.
Bremerhaven, com 110 mil habitantes, limpíssima, agradável é, essencialmente, cosmopolita. Os belos e modernos edifícios —como o centro de conferências em forma de zepelim e o hotel — acentuam o contraste entre a tradição do museu e a história intrigante de navios antigos.
Um barco a vapor, pesadão — DE Wal, 1937-1990 — uma relíquia-navegante satisfaz o desejo dos saudosistas lançando-se ao mar, de vez em quando, com uma tripulação de voluntários:
Nos arredores de Bremen visitamos o Moor — são pântanos como na Irlanda. No séc. XVIII eram fazendas de onde se extraia a turfa usada para aquecimento e combustível. O trabalho era feito pelas famílias, inclusive pela criançada. Atualmente o Moor é um parque enorme, belíssimo:
Antigamente a turfa, depois de retirada, era cortada como em um tabuleiro, seca e transportada por barcos, como este no museu, para as cidades vizinhas.
Esta reserva muito bem conservada é um habitat de pássaros, insetos e plantas. Um metro de terra preta leva mil anos para se decompor e se compactar; daí pode-se avaliar a preciosidade desses torrões de humus, hoje usados nos jardins. Está explicada a magnificência dos Gärten em toda a Alemanha.
Há locais em que a turfa compactada alcança 4 metros; assim, é um trabalho incessante de 4 mil anos! É algo em que não se acredita, a não ser com os olhos de São Tomé.
Bremen oferece uma cozinha saborosa e exótica de quase todos os cantos. Os queijos da região são inigualáveis. Os jardins de toda a Alemanha parecem ter nascido aqui no Rhododendron-Park:
A aventura para cruzar o círculo polar ártico começa com o gosto bom do vinho do Porto em Lisboa. Daqui, o vôo para Bremen, ao norte da Alemanha. A cada vez, a cidade dos músicos — burro, cão, gato e galo — é mais agradável. O ícone de Bremen é a figura destes personagens…
Foto: Bremenlotsen
…retratados pelos Irmãos Grimm: esses bichos trabalhavam duramente e, para escapar do patrão cruel, fogem da fazenda para cantar na cidade. Entre muitas aventuras, se empilham para afugentar ladrões com zurros, latidos, miados e cacarejos. Haja ouvidos! Este folclore já rendeu filmes, peças, anedotas, musicais, desenhos e muito humor:
Desenho – Johann Mayr Em tradução livre, nas hierarquias os maiores asnos ficam no topo!
Há sinais de habitantes nesta região, às margens do Rio Weser, desde o ano 12 mil a.C.; as muralhas da cidade datam de 1032. Daí o estilo arquitetônico belíssimo:
O rio Danúbio é o coração histórico da Europa, além de fonte de água potável. Inestimável presente para uma dezena de países. Culturas milenares, os mais diversos costumes, lendas e canções são ligados e enriquecidos pelo fluxo deste belíssimo rio-mundo.
O Danúbio nasce na Alemanha e deságua no Mar Negro. O delta, com 5.800km², é o maior e mais bem preservado da Europa; a maior parte fica na Romênia (Tulcea), e a margem esquerda na Ucrânia. O Danúbio foi a rota de reis e imperadores desde os tempos romanos.
Esta viagem começa com o vôo Lisboa—Munique. Daí, em confortável trem, para Passau — o porto do navio Rousse Prestige (Русе Престиж) da companhia Phoenix. Neste navio de bandeira búlgara o idioma oficial é o alemão, o segundo é o inglês. Nossa agência de viagem, Antakarana, é dirigida pelo experiente Nikolas Albrecht.
Pernoite no Hotel König, uma caixa de surpresas. A entrada antiga e feia leva a um estiloso elevador dourado que se abre à recepção espaçosa, com sofás aconchegantes e atenciosa atendente em trajes típicos bávaros. Os apartamentos muito limpos, bonitos e confortáveis, de onde se sai para um agradabilíssimo jardim cheinho de flores de todos os tipos e para a cidade velha.
O café da manhã, além da louça primorosa, os utensílios de alpaca ou prata, guardanapos com belas estampas, é muito farto, variado e delicioso. Este serviço é um ponto alto e tradicional na hotelaria alemã.
Aqui em Passau, bem pequena, muito antiga e elegante, pode-se comer o saboroso fígado de porco, o tal “Schweineleber”; contornar os jardins em volta o espelho d’água na praça cheia de árvores; ouvir os sinos do Domo, cujas badaladas nos imobilizam e nos transmitem uma sensação incomum.
O Rousse zarpa em direção ao delta às 15:30, o momento tão esperado. Gosto muito disso! É sempre uma primeira vez! O navio é bem confortável, a tripulação uma gentileza só. A curiosidade instiga correr por todos os cantos do navio, logo a seguir; é uma descoberta de agradáveis surpresas. A principal é o spa com as águas refrescantes e convidativas. Irresistível o mergulho já!
Estes “barcos” de rio são relaxantes, as margens, trazendo surpresas, estão ao alcance da mão. Num cruzeiro interessa, claro, os portos onde se fazem os passeios, mas as atividades, o espaço, a biblioteca, o lazer até o próximo fazem toda a diferença. Nada de malas, estacionamento, GPS, etc. etc.; nem queremos lembrar!
É muito bom ter um guia à disposição, uma equipe competente organizando horários, passeios, jantares… a nossa parte é tão somente receber a beleza da paisagem, aproveitar o tempo à nossa disposição.
O jantar de boas vindas — como todas as refeições — é excelente, com os cinco pratos de protocolo, incluindo o vinho. A mesa com flores naturais, toalhas adamascadas, garçons simpáticos e atenciosíssimos. Neste cruzeiro compartilhamos a mesa com dois casais bem humorados e, por sorte, transformamo-nos todos em amigos de infância.
É uma ótima sensação subir ao deck de manhãzinha e avistar um castelo, uma vila, um bando de pássaros. Neste cruzeiro pelo Danúbio o sonho começa quando a gente acorda.
As Erínias caem no mundo: Lisboa, Munique, Nova Delhi, Sikkim, Bhutan, Nepal, Nova Delhi, Verona, Veneza, Montenegro, Atenas, Ilhas Gregas, Lisboa.
• Muito agradável Lisboa, como sempre. Os portugueses… se pedimos informações ou puxamos papo… são prestativos e amáveis. A Fundação Gulbenkian e suas preciosidades valem a visita.
O Oceanário de Lisboa é muito bem cuidado e a gente se sente tão pequeno naquela beleza toda.
Desta vez quisemos percorrer o itinerário de Raimundo, o personagem de “A História do Cerco de Lisboa”. Este livro de José Saramago é pra ser lido mil vezes! Sim e sem exagero! Esta oitava leitura ainda traz espanto, encantamento, descobertas. Desconfio serem autobiográficos os traços do inefável romance descrito ali. Este SaraMago das palavras é um saraMágico da narrativa!
• Munique é uma mistura de tradição e modernidade. Em meio a uma praça com edifícios ultra-avançados, uma escultura revela uma história do século XI. O bonde, metrô, ônibus, rigorosamente pontuais circulando entre parques com lagos e jardins, as bancas de frutas e dálias exuberantes amenizam a cidade grande.
Também os sinos em todas as praças — em geral, só para pedestres — dão um toque especial. As lojas de chás e especiarias nos transportam para lugares exóticos. O cheiro é delicioso!
O Palácio Nymphenburg, antiga residência de verão do rei da Bavária, é imenso, recortado por fontes e jardins. A bomba d’água do sistema de irrigação funcionou do século XVII até 1804, quando foi “modernizada” e até hoje está firme, a mais antiga da Europa!
Munique, desta vez, nos reservou uma agradável surpresa. Geralmente, os lugares públicos são para exposição de produtos à venda, propagandas, etc.. Aqui num espaço ao ar livre, dia e noite, em frente ao Gasteig — centro cultural sede da Orquestra Filarmônica — está um piano aberto. Ao lado, um convite: “Spiel mich” — toque-me! Assim, quem se sentir habilitado pode dar um concerto ali mesmo. Um jovem tocou muito bem para o enlevo dos passantes deliciados com o inesperado presente musical. Não é uma excelente idéia?