Instituto Galo na Arena MRV

Em Belo Horizonte, a primeira casa do Galo foi em Lourdes — 1929 a 1968 — onde agora é o Diamond Mall. Hoje o Atlético Mineiro está na Arena MRV, bairro Califórnia, com 185 mil m2 de área construída, em terreno doado por Rubens Menin. O primeiro grupo do Clube dos 113 do Instituto Galo fez o tour pelo estádio.

Copyright©2023 Rainer Brockerhoff
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O grande Bernardo Farkasvölgyi dispensa apresentação: é a arquitetura transformada em arte. O arquiteto e equipe visitaram mais de 20 estádios no Brasil e Europa para trazer mais tecnologia, segurança e conforto aos torcedores e jogadores.

Conseguiram admiravelmente: é possível evacuar a Arena MRV em até 8 minutos; não há pontos cegos, garantindo a visão do campo para todos, incluindo os portadores de deficiência. O acesso às arquibancadas superiores é pelas rampas inclinadas a 5%. As cadeiras são multicoloridas, resistentes e confortáveis:

Copyright©2023 Rainer Brockerhoff
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Mais: o acesso dos torcedores visitantes ao estádio será por uma passarela direta para evitar contato com a torcida da casa. Excelente ideia é o setor sem cadeiras atrás de um dos gols: comporta 2800 torcedores para reviver a incrível Geral do Mineirão — esta, inspirada na Muralha Amarela do Westfalenstadium de Dortmund, Alemanha, onde os torcedores, também em pé, pressionam o time contrário.

O gramado é da espécie bermudas, Cynodon dactylon, indicada para climas quentes. Um moderno sistema de drenagem e irrigação automática lhe garante a saúde.

Copyright©2023 Rainer Brockerhoff
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O isolamento acústico — cobertura da arena — mantém o máximo do barulho dentro do estádio, produzindo o efeito caldeirão: o som bate e volta, ensurdecedor e contagiante. Praticamente todas as 4800 cadeiras cativas já foram vendidas; os camarotes já se esgotaram. Notável a construção de uma rua em cada lateral do campo, com 7m de largura, onde os ônibus dos jogadores e carretas de até 24m entram e saem de frente. Neste sistema, o palco para eventos pode ser montado e desmontado em 24h; grande avanço, pois no Mineirão pode levar até 7 dias.

Copyright©2023 Rainer Brockerhoff
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A Arena é também espaço de convivência e projetos sociais para a comunidade, além de realização de eventos. Importantíssimo é o compromisso da Arena com a revitalização da vizinha Mata dos Morcegos para o uso comunitário.

Copyright©2023 Rainer Brockerhoff
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Novos troféus, novas conquistas hão de contribuir para o esporte transformar o mundo…

Bandas de Música — Caetanópolis – MG

Abrem-se as janelas, cabeças se voltam, a meninada dispara… o ritmo bem marcado dos instrumentos de sopro e percussão exerce fascínio desde sempre.

Desfile de bandas, Caetanópolis — Copyright©2023 Rainer Brockerhoff

As primeiras bandas datam de 578–534 a.C. em Roma. No Brasil, a banda mais antiga — 1848 — em Goiana, Pernambuco, ainda em atividade.
Os músicos itinerantes ocuparam posição importante e conquistaram admiração e respeito em todas as épocas.
Assim também neste 12º Encontro Regional de Bandas de Música de Caetanópolis, organizado pelo maestro Basílio, discípulo do Mestre Nascimento.

BANDAS PARTICIPANTES:

  • Cachoeira da Prata — maestro Fernando
  • Caetanópolis — maestro Basílio
  • Capim Branco — maestro André
  • Cordisburgo — maestro André
  • Matozinhos — maestro Matheus
  • Papagaios — maestro Cristiano
  • Pitangui — maestro Fred
  • São Vicente — maestro André
  • Sarzedo — maestro Joanir
  • Sete Lagoas — maestro Hilton
  • Vespasiano — maestro Robertinho

A um pulo de Belo Horizonte pela BR040, passa-se por Paraopeba, bem singular:

Copyright©2023 Rainer Brockerhoff
Paraopeba — Copyright©2023 Rainer Brockerhoff

A poucos quilômetros, o típico e acolhedor anfitrião:

Copyright©2023 Rainer Brockerhoff
Paraopeba — Copyright©2023 Rainer Brockerhoff

Já na Praça da Matriz de Caetanópolis, o aquecimento dá o tom…

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Encontro de bandas, Caetanópolis — Copyright©2023 Rainer Brockerhoff

…e une gerações em um objetivo comum: as bandas precisam de apoio, principalmente do poder público. Uma banda é, também, a semeadura de compositores. Carlos Gomes, o mais importante compositor de ópera brasileiro, foi músico de banda em Campinas; o acadêmico, linguista e regente Eleazar de Carvalho tocou na banda dos fuzileiros navais. Georg Händel, em 1749, compôs para banda. O rei Luís XIV, em Versailles, fazia-se acompanhar pelo conjunto sonoro em festas de gala e desfiles.

Encontro de banda, Caetanópolis — Copyright©2023 Rainer Brockerhoff

É o esforço, a dedicação do maestros e músicos, transformando vidas, desenvolvendo talentos. As bandas são a mais tradicional manifestação popular de cultura… e tudo começa com um coreto em uma praça qualquer e a determinação de um Mestre de Banda!

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Banda de Sarzedo, maestro Joanir de Oliveira — Caetanópolis — Copyright©2023 Rainer Brockerhoff

Cada banda, além do característico dobrado, executou outras músicas para o entusiasmo da platéia. As bandas sobrevivem com dificuldades e esta magnífica tradição corre o risco de desaparecer.

Copyright©2023 Rainer Brockerhoff
Flor de Jade, Caetanópolis — Copyright©2023 Rainer Brockerhoff

Na praça, há outra preciosidade: a trepadeira Jade — Mucuna Bennetti — ainda rara em cultivo. Também esta planta precisa de multiplicadores para não se extinguir.
Este encontro de bandas representa o esforço dos músicos — com o almejado e indispensável apoio do Estado e Prefeituras — aos projetos de resgate das bandas de música que, assim como a jade, continuarão a florescer.

2023

A vida traz alertas
aponta rota de fuga
saída de emergência

Fingimos não sentir
os desacertos
a desatenção
o desamor

Fazemos camuflagem
até à beira do abismo
do incontornável

Para os atentos e saudáveis
logo ali o sinal singular
plantado na praia:

“Donde no puedes amar, no te demores — atribuído a Frida Kahlo”

Copyright©2022 Maria Brockerhoff

Domingo de Maio

Porto de Buenos Aires – Copyright©2006 Rainer Brockerhoff

…no livro da vida
as páginas do tempo nos aguardam
cheias de mistérios.

As páginas e o tempo
estão disponíveis
para os desejos
à espera
de impulsos
da ousadia de transgredir
da capacidade de ultrapassar.

As páginas
assim como todos os dias
serão preenchidos com seiva
lágrimas suor força…
cada um de nós usará a tinta das veias
para colorir umas e
outros…

Copyright©2001 Maria Brockerhoff

Fim de Linha

a gente quer segurar o passado
a surpresa da sintonia
os volteados da dança

as corridas na areia
os olhares sem palavras
os encontros completos

engano puro
o passado é lacrado
o afeto ficou
     distante
     vencido

hoje a conversa é caricatura
as lembranças distorcidas
machucam o presente

hoje temos nada
inútil buscar os laços
     lá longe

deixemos assim
as lembranças permanecem.
Agora entre nós somos ninguém…

Copyright©2022 Maria Brockerhoff

Copyright©2018 Rainer Brockerhoff

A Mosca na Sopa

A repetição irrefletida de citações, poesias, letras de músicas e, até, fatos cria disparates.
Algumas pérolas:

  • a primeiríssima do hino nacional uvirundum — um clássico!
  • batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chão
    Popular – esparrama pelo chão
  • quem não tem cão, caça como gato.
    Popular – caça com gato.
  • corro de burro quando foge.
    Popular – cor de burro quando foge.
  • Elis Regina: mas é você que ama o passado e que não vê
    Popular – mas é você que é mal passado
  • Paralamas do Sucesso: entrei de gaiato no navio.
    Popular – entrei de caiaque no navio.
  • Djavan: amar é um deserto
    Popular – amarelo é o deserto.

O nosso Drummond não escapou: hoje é domingo pede cachimbo…
Popular – hoje é domingo pé de cachimbo.
Quantos pés de cachimbo existem no quintal?
Domingo pede cachimbo, como pede descanso, pede calma.

Inclui-se nestas esquisitices a expressão “a sopa no mel” sem significado ou sentido.
A origem desta idiossincrasia está no provérbio português:

sopa de mel não se faz para boca de asno.

Este, sim, rico em significado e fina ironia. Com a troca da preposição de por no a voz do povo misturou tudo e deu lambança.

Raul Seixas botou a boca no mundo:
eu sou a mosca que pousou na sua sopa…
uma forte metáfora no contexto político-militar.

A expressão a mosca no unguento já se usava na Grécia, final séc.XIX, para assinalar um defeito, incômodo ou gafe para estragar plano perfeito ou… quase. Este sentido permanece em várias outras línguas na variação a mosca na sopa.
Há centenas de charges, de tiradas inteligentes. Aqui uma versão:
A mosca — “garçon, tem um humano na minha sopa!”

Autor não identificado

A abelha no mel significa atração, imã, o equivalente a peixe na água:
• na feira, os visitantes caíram como abelhas no mel;
• as mulheres acorriam à liquidação de sapatos como abelhas no mel.
Lô Borges, Paula Fernandes cantam: “feito abelhas no mel”.

Agora, a escolha certa na situação concreta
a mosca na sopa
a abelha no mel

jamais sopa no mel.

A Lição do Pequi

O pequi tem cabeça dura
— faca martelo pedrada —
         nada o fura
naquele momento amadurece
se abre fácil
em estrela de cinco pontas e
oferece o fruto dourado
         perfuma o cerrado

Spa Edy Mafra, Lagoa Santa – Copyright©2021 Rainer Brockerhoff

Tem gente também assim
         com o tempo
— salgadas as feridas
         temperados os desencontros —
desabrocha bem sortida
armada para a lida…

Spa Edy Mafra, Lagoa Santa – Copyright©2021 Rainer Brockerhoff

Crucilândia — Minas Gerais

A caminho de Crucilândia, a 100Km de Belo Horizonte, a lanchonete do Compadre — Paineiras da Serra — tem o pastel mais gostoso do mundo! A parada faz parte do roteiro-surpresa.

Em Itaguara a Santa Casa de Misericórdia, administrada por eficientes colaboradores e o provedor Edvar Mamede, presta valiosos serviços a sete municípios da região. A visita à Santa Casa nos mostra o poder da dedicação em minorar a dor e o sofrimento.

Aqui em Crucilândia a organização de festas religiosas, cavalgadas, Enduro da Cachaça, Festa do Peão Boiadeiro e Carro de Bois e outras comemorações é uma importante valorização dos costumes e da cultura dessa boa gente.

Autor desconhecido – ytimg.com

Este agradável lugar lembra, pelo acolhimento, as cidadinhas do Bhutan.
Não é preciso ir tão longe para curtir um lugar tão especial, a generosidade de nossos anfitriões, o entorno ondulado ao amanhecer na nossa varanda

Crucilândia – Copyright©2021 Maria Brockerhoff

… a prosa relaxante e rica em volta da mesa com a cheirosa comida mineira, a incomum flor de jade, ameaçada de extinção

Crucilândia – Copyright©2021 Rainer Brockerhoff

…as hortaliças também são generosas e fazem inveja às pobrezinhas de sacolão. Parte desta folha polpuda de couve vale por um caminhão de nutrientes!

Crucilândia – Copyright©2021 Rainer Brockerhoff

O ponto alto nesta viagem é a visita à ASSOPOC — Associação dos Protetores das Pessoas Carentes —, destinada ao cuidado exemplar de idosos, jovens e crianças. É um programa avançado, inteligente e, claro, muito bem administrado. O mundo carece de mais doadores! Cada um de nós pode doar: alfabetização, ensino de trabalhos manuais, ajuda financeira, proteção, uma boa palavra na medida do possível. A doação e o trabalho voluntário são as maiores fontes de gratificação interior.
Sartre concluiu: o inferno são os outros; nestes momentos de boa convivência, vem a nossa certeza:
os outros podem ser o paraíso!

Nossos amigos conseguiram transformar a fazenda florida…

Crucilândia – Copyright©2021 Rainer Brockerhoff

…em um refúgio. Assim, parodiando Manuel Bandeira:
estamos em Pasárgada
somos amigos do rei!

Prado — Bahia

Pé na estrada é a opção para evitar aeroportos, mas as rodovias por estas bandas desanimam. A malha rodoviária brasileira, em geral, há anos clama aos céus.

De Belo Horizonte a Prado, sul da Bahia, são aproximadamente 780km: 12 horas; alternativa de pernoite em Teófilo Otoni. As rochas escarpadas na região de Nanuque formam esculturas espetaculares.

Pedra da Boca, Nanuque/MG – Copyright©2007 Rafael Chaves, Creative Commons

Prado, às margens do rio Jucuruçu, aldeia indígena antes de 1755, cerca de 28 mil habitantes, é muito agradável, principalmente pelos cumprimentos dos amáveis pradenses e poucos turistas nesta época.

Aqui é o ponto de partida para as praias de Tororão, Paixão, Cumuruxatiba, Barra do Cahy e mais uma fileira a perder de vista.

Estivemos no Tororão, a 12km da cidade, a praia das falésias, muito boa para longas caminhadas:

Tororão, Bahia – Copyright©2021 Ana Paulo Machado

A Pousada Novo Prado, a meio quarteirão da praia, tem uma equipe atenciosa e boas acomodações. Daniel Craide, o gerente-proprietário, cultiva variadas hortaliças do outro lado da rua. É um projeto inteligente e útil, um bom exemplo.

As barracas ocuparam parte da praia do Centro, próxima à pousada; o mar tem avançado aproximando-se da orla. Há registros, em alguns pontos, de erosão e avanço do mar em ±50 metros.

O enigma deste mar infinito é renovador…

Prado, Bahia – Copyright©2021 Ana Paulo Machado

A nota dissonante da viagem foi o corte de duas fortes e saudáveis árvores na praia do Centro. Vimos outros cortes na avenida próxima. Lamentável o despreparo dos órgão municipais na preservação destes preciosos seres vivos. Tais danos irreparáveis causaram perplexidade e tristeza a outros hóspedes e moradores. A cidade está com dezenas de visitantes: os urubus! Eficientes faxineiros sinalizam a má qualidade da limpeza ambiental.

A elegante igreja de N.S. da Purificação foi instalada por alvará em 1795. O término da obra levou quase 100 anos.

Igreja Matriz de Prado, Bahia – Wikimedia Commons

O alerta na tabuleta da praia — atribuído a Frida Kahlo — nos leva mais fundo:

Donde no puedas amar, no te demores