Mongolia — Sob a Luz das Estrelas

Zarengold permanece na estação, havendo as opções de pernoite no hotel em Ulan Bator ou no Parque Terelj. Escolhemos pernoitar sob a luz das estrelas no confortável acampamento. Esta escolha traz-nos surpresas: pode-se caminhar em todas as direções, absorver o por-do-sol, saborear lentamente os diferentes pratos no jantar, deitar na grama com o céu estrelado quase no nariz…

Camp Juulchin-Balayag, Mongólia – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

O espetacular Parque Nacional Ghorki-Terelj é apelidado de Suíça da Mongólia. Até lá, “SÓ” paisagem! Envolvente silêncio, monumentos de pedras…

Gorkhi-Terelj National Park, Mongólia – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

…e este oportuno banheiro perdido no verde:

Mongólia – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

O parque está a 90km de Ulan Bator. A cidade vai ficando para trás; na saída, cavalos garbosos trotando ao lado de Mercedes-Benz. Logo, logo, o verde dos campos, a entrada do parque — uma das maiores áreas de vida selvagem protegida na Mongólia, apesar do avanço de acampamentos em vários pontos. Ao norte, no Khan Khentii, ainda há animais selvagens. Por aqui, os afáveis iaques.

Mongólia – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

A hospedagem neste acampamento é em iurte ou ger ; essas elegantes cabanas circulares nas planícies onduladas, é como estar num filme. Apropos, recomendamos o premiado documentário “Camelos Também Choram”, da diretora Byambasuren Davaa.

Gorkhi-Terelj National Park, Mongólia – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

No Camping Juulchin-Bayalag há este espaçoso iurte-restaurante, serviços de lavanderia, sauna e banheiros limpos.

Camp Juulchin-Balayag, Mongólia – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

ger é a casa dos nómades, é de fácil e rápida montagem e desmontagem. É bem aquecido; até dormimos com a porta aberta para refrescar!

Camp Juulchin-Balayag, Mongólia – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

Visitamos uma das famílias nômades, experimentamos um tipo de creme de nata delicioso e a espontaneidade dos mongóis. Serviram-nos, também, o chamado airag, leite fermentado de égua, forte teor alcoólico. Tem um gosto entre doce e salgado, é mesmo o sabor da Mongólia.

Gorkhi-Terelj National Park, Mongólia – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

O anoitecer é um momento inesquecível, ainda mais que não havia outros hóspedes. Nesta imensidão quieta, a espantosa luminosidade das estrêlas traz a boa e rara sensação de completude na despedida da Mongólia.

Camp Juulchin-Balayag, Mongólia – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

Mongolia — A Cultura Budista

Arruinados pelos comunistas, os templos foram reconstruídos e preservam a cultura, os bons costumes seculares. O budismo, por sua filosofia de inclusão, é a única saída — se houver — para o caos do mundo…

Gandantegchenling, Ulan Bator – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

Escapamos do mufurufo de Ulan Bator, visitando a antiga residência de inverno de Bogd Khan, o último imperador antes da ocupação comunista. O palácio é, hoje, um inestimável acervo e uma história viva.

Palácio de Inverno, Ulan Bator – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

Os bordados em seda são magníficos; neste museu, uma vivência muito rica dos costumes e cultura:

Palácio de Inverno, Ulan Bator – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

O templo de Gandantegchenling / Гандантэгчинлэн (impronunciável! Aliás, estivemos em uma livraria sem sequer identificar uma só letra no alfabeto cirílico) é reverenciado:

Gandantegchenling, Ulan Bator – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

Os monges recebem, aconselham qualquer pessoa que os procuram com mansidão e sabedoria, são excelentes terapeutas:

Gandantegchenling, Ulan Bator – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

Mais tarde, o almoço em um fogão esperto:

Ulan Bator – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

Saímos da cidade grande, ufa!, ansiosos para pernoitar no Parque Nacional Terelj, região apelidada de “Suíça da Mongólia”, a próxima parada. O pernoite em Ulan Bator é para quem curte compras e muita gente.

Mongolia — Viagem no Tempo

A partir de Erlian — fronteira entre China e Mongólia — o Zarengold atravessa a vastidão das estepes até a capital Ulan Bator, “herói vermelho”. São planícies com vegetação rasteira, numa área de transição entre o cerrado e o deserto.

Zarengold na Mongólia – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

É uma sensação muito boa deixar-se levar por estes campos sem fim…

Mongólia – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

Cruzamos o Gobi, o quinto maior deserto do mundo, um dos lugares mais remotos do planeta.

Deserto de Gobi, Mongólia – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

Aqui perambularam dinossauros e cientistas ainda descobrem ossos e ovos de novas espécies destes bichinhos. Gobi, significando “grande seco”, com extrema variação de temperatura, é hostil aos aventureiros, contudo o ecossistema é muito rico. Nos pontos mais altos há lagos e pântanos salgados, perfeito habitat para pássaros. Há cavernas com pequenas aberturas, onde monges se isolavam para meditação.

Não passamos pela paisagem belíssima das dunas, fica o desejo de visitar este mundo misterioso de areias e rochas.

Khongoryn Els-Gobi Desert-Mongolia – Copyright©2006 PnP!

Depois das estepes, Ulan Bator é um susto: crescimento desordenado, trânsito intenso, edifícios modernosos. Esta praça é a principal e pode-se notar a mescla de estilos:

Ulan Bator, Mongólia – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

Gentilmente, este casal se deixou fotografar ao lado de nossa guia:

Ulan Bator, Mongólia – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

Conseguimos escapar desta cidade grande para o refúgio nos monastérios budistas tibetanos. É um contraste bem-vindo este silêncio e as tocantes esculturas de Buda.

Mongolia — Transiberiana

Esta terra de grandes e cruéis conquistadores, como Genghis Khan, 1206, e Átila, o huno, era um grande império cobrindo partes da Rússia e da China. Hoje é uma soberania de estepes sem fim, de montanhas de pedra e de gente amável.

Genghis Khan – autor desconhecido

De Datong — China — chegamos à fronteira em Erlian. Na rodovia, estas curiosas esculturas em homenagem aos “nativos” descobertos pelos paleontólogos.

Dinossauros, Erlian, Mongólia – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

Erlian é uma vila espalhada…

Erlian, Mongólia – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

… em torno dos trens do caminho transiberiano.

Estação de Erlian, Mongólia – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

Repentinamente, não se sabe de onde, surgem dezenas de recrutas uniformizados que, agilmente, transportam as incontáveis malas para o Zarengold, trem privativo para turistas. As cabines não comportam bagagens volumosas. Então, a maior parte das malas é empilhada no estreito espaço entre os vagões. Assim, para aqueles turistas cujo maior prazer consiste no “peso” das malas, é uma decepção: roupas, preciosos adereços, mais sapatos etc. etc. ficam fechadinhos e inacessíveis!

Trem público, Erlian, Mongólia – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

Mongólia recebe seus visitantes com um concerto de morin khuur, um instrumento típico com cabeça de cavalo e impressionante som gutural, uma técnica vocal chamada khoomei.

Hosoo & Transmongolia – vídeo Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

Mongólia não tem saída para o mar, limita-se com o sul da Rússia e norte da China. É o pais menos densamente populado, com 3 milhões de habitantes; destes, 40% vivem na capital Ulanbataar. Em 1990, os mongóis conseguiram se livrar do comunismo, tornando-se uma república parlamentarista. O regime soviético arrasou os monastérios budistas tibetanos e mais de mil monges desapareceram. Essa ocupação comunista gerou situações curiosas: nossas duas guias frequentaram a universidade na Alemanha Oriental, formaram-se em engenharia e beneficiamento de couro e, por isso, falam alemão muito bem!

A mineração estrangeira de ouro, cobre, carvão e urânio tem devastado as terras, ameaçando, irremediavelmente, os camelos selvagens, ursos, gazelas e os últimos leopardos-das-neves do norte, além de gastar os recursos hídricos. O gentil povo mongol parece não saber avaliar as consequências destes danos ambientais. Certamente algo parecido aconteceu no Brasil; a terra sendo tão vasta, os campos e rios infinitos, as florestas densas pareciam perenes. Então pode-se, sem limites, gastar, queimar, cortar, vender para exploradores!

Às margens dos caminhos fitas coloridas amarradas às arvores e nas pedras empilhadas simbolizam pedidos e desejos; resquícios do xamanismo antigo.

Mongólia – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff