Histórias de Viagem: Vermont

Estávamos em Burlington, Vermont, a região das charmosas e românticas pontes cobertas (covered bridges), na costa leste dos Estados Unidos. Naquela agradável tarde de verão, entramos em uma rica livraria, aproveitando a excitante experiência para nós, abaixo do equador, de ter sol azul-alaranjado até mais tarde… demo-nos conta do adiantado da hora quando, já com as portas descidas, o vendedor nos colocou para fora gentilmente.

Fomos procurar um hotel e, logo, soubemos que havia um evento muito concorrido na pacata capital de Vermont, com aproximadamente 40.000 habitantes. Claro, não havia mais acomodações.

Bem, o jeito foi cair na estrada, pois havendo cidadinhas bem próximas umas das outras, iríamos encontrar rapidamente um pouso. Ledo engano! “No Vacancy” ou nem hotel havia. Fomos subindo, subindo a rodovia 36, onde percebíamos no reflexo dos faróis haver água às margens, mas não sabíamos se de rio ou lago. Entre boa prosa, risadas e promessas de reservar hotel na próxima vez (o que nunca fizemos nem antes, nem depois), passamos por vilarejos onde, pelo visto, ninguém pernoita. 🙂

Já passava da meia-noite quando chegamos a um resort, muito bonito, com belos jardins feericamente iluminados, que nos deu alento… durou pouco. A recepcionista, com uma expressão um tanto espantada com aqueles viajantes-fantasmas, ou por causa disso, nos ofereceu café, suco e brownies, juntamente com a informação de que as reservas para o verão eram feitas com “apenas” um ano de antecedência.

Voltamos à estrada, sem placas ou qualquer indicação de destino, e já estávamos dispostos a chegar à fronteira do Canadá, quando surgiu uma luzinha indecisa, dependurada numa placa com algo parecido a “bed&breakfast”, de uma casa no estilão daquela de “Psicose” de Hitchcock; assim nos pareceu, mas tentaríamos ali, pois era madrugada e outras possibilidades de pouso já eram zero.

Batemos à porta. Apareceu um cara simpático e sonolento e, logo, estávamos numa cama grande e confortável.

Sempre acordo mais cedo em viagens, é um grande desperdício dormir. Examinei o quarto grande com uma kitchen completa, boas poltronas pra leitura, um banheirão! Abri, ainda como se sonhando, um cantinho da cortina e fechei imediatamente:
onde fomos parar?

Com a certeza de estar delirando, abri novamente a cortina: um lago azul infinito se estendia a poucos metros da varanda, muitas árvores, um deck de madeira com cadeiras convidativas avançava sobre a água. Corri até o lago antes que desaparecesse… enquanto o marido esfregava os olhos para se certificar daquela aparição.

Na realidade, havíamos aterrisado às margens do belíssimo Lake Champlain, numa pousada com seis apartamentos, conhecida por alguns privilegiados. Ficamos naquele paraíso, administrado nas férias de verão por aquele sonolento e boa-prosa professor universitário, por mais três inesquecíveis dias. Surgiram outros amigos, com os quais caminhamos, tomamos vinho e jantamos à beira do lago.

Até agora, anos depois, a sensação de encantamento ainda nos envolve.

O amorelindo…

Trouxa pra tudo.
O apaixonado
coitado
todo enredado
em laços de veludo
do amor interesseiro
se queima no braseiro
das maracutaias
das tocaias
bem disfarçadas
bem mascaradas.

O enamorado
emboscado
enrolado
em beijos e abraços
não vê os traços
do ser amado
a cada hora
fincando a espora
o freio
o arreio
e o tolo amante
em estado de graça
entrega-se à mordaça.

É uma fileira
de asneira
de besteira
é total a cegueira.

A teia dourada
bem amarrada
sufoca
aperta.
Tarde demais
o bobo desperta
sente a caçada
a armadilha
a punhalada.

Copyright©2011 Maria Brockerhoff

Fique Mais Jovem a Cada Ano…

…não, não é botox nem lipoaspiração nem máquina do tempo, muito menos plástica.

O livro do advogado Chris Crowley e do geriatra Henry S. Lodge traz uma abordagem científica e maravilhosa sobre a atividade física. Se você não se transformar imediatamente (!) é porque já morreu e não sabe. 🙂

O corpo é feito de carne, tendões, gordura, e de muitas outras partes que se desgastam e têm que ser renovadas constantemente. O interessante é que o corpo não fica esperando que uma ou outra parte se desgaste; o corpo a destrói no fim de determinado tempo e a substitui por outra nova. Não é fascinante?

Por exemplo, a sua perna está em constante renovação: as células musculares da coxa são substituídas inteiramente, uma por vez, a cada 4 meses; 3 vezes por ano, temos músculos novos. As células sanguíneas, a cada 3 meses, são repostas. As plaquetas, de 10 em 10 dias. As papilas gustativas são renovadas todos os dias. Os ossos, de dois em dois anos.

O entendimento mais atualizado é o de que a maioria das células está programada para morrer dentro de um prazo relativamente curto, porque este processo nos faz adaptar a novas circunstâncias e as células mais velhas tendem a ser cancerosas. Assim jogamos fora, de propósito, partes inteiras que estão em perfeito estado para começar o novo crescimento. Existem bilhões de células especiais cujo único trabalho é dissolver os ossos para que outras possam reconstruí-los. Segundo a belíssima imagem do geriatra Henry S. Lodge:

…é um processo idêntico ao da poda do outono, que serve para dar lugar ao crescimento na primavera.

Nem é preciso explicitar que o grande lance é promover mais o crescimento do que a destruição; está aqui a importância dos exercícios físicos. Através de toda a biologia e fisiologia destes exercícios o corpo aciona os mecanismos que reconstroem os ossos, os tendões, os vasos sanguíneos, o coração, enfim, toda a máquina humana.

Continua…

Fique Mais Jovem a Cada Ano (2)

Este livro nasceu de uma consulta para melhorar o condicionamento do advogado aposentado Chris Crowley e da programação e planejamento do geriatra Henry S. Lodge (Harry para os íntimos). Boa parceria, melhores resultados.

A prática de exercícios físicos coloca em movimento cascatas químicas quando começamos a transpirar. É neste momento que começam os ciclos de reparação nos músculos e nas articulações. Harry chama esta ação dos exercícios de “base da química cerebral positiva”.

Esta prática de exercícios vigorosos aumenta a qualidade do sono, melhora o sistema imunológico, reduz o excesso de peso, normaliza a taxa de insulina e queima de gordura, melhora a vida sexual, além de conferir resistência a ataques cardíacos, derrames, hipertensão, mal de Alzheimer, artrite, colesterol alto e depressão. Tais resultados são incrivelmente animadores, dá pra levantar defunto, não? 🙂

Agora, a “má notícia” é que basta deixar os músculos ociosos para que a decadência recomece. Assim, devemos nos exercitar diariamente. O stress provocado pelos exercícios razoavelmente intensos desencadeia um tipo de demolição do corpo e o reconstrói um pouco mais forte. A atividade física desgasta pequenas partes que precisam ser substituídas após cada utilização.

O processo dos exercícios no nosso corpo é semelhante a uma reforma da nossa casa, compara Harry. Os glóbulos brancos que começam o trabalho de demolição fazem como os profissionais que vêm com marretas, carrinhos de mão, latões de lixo, para por abaixo o velho reboco, abrir as paredes e devolver à casa suas fundações saudáveis. Terminada a demolição, instalam-se o crescimento e a reparação.

Este fator é tão significativo que, mesmo um fumante com excesso de peso, mas que pratica exercícios intensos diários, tem um índice estatístico de mortalidade inferior ao de um não-fumante magro mas sedentário.

Resumidamente, as citocinas (proteínas que controlam o processo inflamatório) estão trabalhando no nosso corpo, regulando o crescimento e a decadência em todos os tecidos e células. A citocina C6 é relativa à inflamação/decadência, a citocina C10 é relativa à recuperação e ao crescimento.

A C6 é produzida nas células musculares e na corrente sanguínea em resposta aos exercícios, enquanto que a C10 é produzida em resposta à C6. Este é o mecanismo brilhante existente no corpo para acoplar decadência e resistência. Em síntese, a C6 desencadeia a produção de C10: a decadência deflagra o crescimento.

Neste momento, espero ardentemente, você já deve estar de pé, preparando-se para uma corrida… 🙂