Impressões de Viagem: Islândia

As Erínias também estão fascinadas com as erupções na ilha. É esta mistura de assombro e encantamento, que alimentou o sonho de infância de Alecto, que intrigada percorria os paises mais distantes e exóticos num velho e mágico Atlas…

Aquela pequena ilha perdida no oceano Atlântico, dependurada no círculo Polar Ártico, era a misteriosa terra do gelo, dos vulcões, das cascatas de água fervente brotando das fendas. Naquela época, a Islândia ficava, ainda, mais longe e inacessível para o dedo bem pequeno, que viajava naquelas páginas…

Como todo desejo costuma se realizar, as Erínias, numa clara manhã, temperatura média em julho de 2°C, aportaram em Akureyri para os revigorantes banhos em água sulfurosa, abertos desde o ano de 1300; são divisões das placas continentais que expelem águas sulfurosas a mais de 130°C; antes de chegar às piscinas naturais precisam ser resfriadas; a água azulada com a consistência cremosa de xampu provoca uma deliciosa sensação! Dos poços sulfurosos a vista das rochas vulcânicas multicoloridas naquela imensidão vazia…

As usinas geo-térmicas estão funcionando a todo vapor. 🙂 A água quente na Islândia é praticamente gratuita e distribuida à vontade; a energia elétrica tem duas fontes: termo-életrica(vapor) e hidro-életrica(represa), portanto é muito barata e não poluente. O ar é puro e, quase, não existe poluição. Que ironia agora!

Há um programa do governo, já bem adiantado, para substituir o diesel pelo hidrogênio; já funcionam ônibus movidos a hidrogênio.

A Islândia é a democracia mais antiga da Europa; eleições há mais de MIL anos; a penúltima presidenta ficou 16 anos (muitos políticos por aqui ficariam verdes de inveja),  escolhida em eleições livres sem manobras, manipulação ou outros tipos de pressão conhecidos nestas pl(r)agas sul-americanas; até bem pouco tempo não havia residência “oficial”; os presidentes continuavam a morar na própria residência.

O atual presidente foi reeleito e, possivelmente, irá para o terceiro mandato por única vontade popular! Há, sim, muitos partidos políticos, que se interessam pelo bem estar da população; alguns se limitam a um único município. É comum, na Islândia, um governo de coalização.

A capital Reykjavík é bem arborizada, apesar de as árvores crescerem mais vagarosamente por causa do vapor d’água sulfurosa. Em plena praça, há fontes que exalam vapor. A cidade é moderna mas conserva, com cuidado, a parte antiga do centro e algumas casas ainda são originais (1786). A antiga prisão é hoje o escritório do primeiro-ministro.

Os icebergs fazem parte da paisagem, são majestosos e inigualáveis recortando o horizonte.

Ponto de Vista

Ajudar o outro pode ter curiosas facetas… Léon Tolstói, em “What then must we do?” Oxford University Press, 1975, demonstra uma delas:

Sento-me às costas de um homem, sufocando-o e fazendo-o carregar-me; contudo, afirmo a mim mesmo e às pessoas que sinto muito por ele, e que desejaria aliviar-lhe a situação por todos os meios possíveis – exceto apeando-me de suas costas.

Calendário Chinês

O calendário chinês é o mais antigo registro cronólogico que há na história, começa em 2637 A.C.

Segundo a lenda, Buda chamou todos os animais à sua presença antes de partir da terra; somente doze vieram dizer-lhe adeus. Em recompensa, Buda deu a cada ano o nome do animal na ordem em que chegaram:

rato (“Shǔ” 鼠); boi (“Niú” 牛); tigre (“Hǔ” 虎); coelho (“Tù” 兔);
dragão (“Lóng” 龍); serpente (“Shé” 蛇); cavalo (“Mǎ” 馬); carneiro (“Yáng” 羊);
macaco (“Hóu” 猴); galo (“Jī” 雞); o cão (“Gǒu” 狗); o porco (“Zhū” 豬).

Assim temos os doze animais-signos da atualidade; o animal regente do ano em que você nasceu, dizem os chineses, exerce profunda influência sobre a sua vida: “esse é o animal que se esconde em seu coração”.

Cada um dos signos-animais aparece combinado com um dos cinco elementos principais: madeira, fogo, terra, metal e água.

O calendário chinês é curioso; traz, em si mesmo, boa dose de humor; é ótimo assunto numa roda e costuma desmonstrar as mais interessantes coincidências.

O calendário lunar oriental registra, com mais acertos, as mudanças das estações e os fazendeiros chineses o usavam para procurar os dias mais favoráveis à semeadura, colheita e previsão de chuvas.

Ainda hoje, muitos ainda o consultam para saber a época mais propícia para construir a casa, para o casamento, para uma decisão importante e, principalmente, para os festivais chineses.

O calendário chinês é enriquecido pelas interpretações de adivinhos chineses, lendas, mitologias e livros bem antigos.

Podem-se fazer divertidas e, às vezes úteis, observações entre a maneira de ser dos amigos e as características do signo-animal correspondente. Por exemplo:

  • aquele cliente caprichoso e volúvel deve ser do ano do cavalo;
  • as pessoas nascidas no ano do carneiro “comem papel”, ou seja, esbanjam dinheiro;
  • os nativos de serpente são encantadores, mas também podem ser frios e impiedosos;
  • aquele tio, capaz de consertar tudo, nasceu no ano do habilidoso macaco;
  • o marido lento, conservador e seguro pertence ao fidedigno boi;
  • alguém confiável e diplomata é coelho;
  • o otimista é tigre;
  • o forte é dragão;
  • o infatigável é rato…

Curiosidades:

  • Ano do boi: Adolf Hitler; Charlie Chaplin;
  • Ano do coelho: Albert Einstein; Fidel Castro; Josef Stalin;
  • Ano do Dragão: John Lennon; Ringo Starr;
  • Ano da serpente: Pablo Picasso, Johannes Brahms, John Kennedy, Indira Gandhi;
  • Ano do cavalo: Barbra Streisand; Paul McCartney.

Se quiser saber sobre o seu signo-animal, coloque a data de nascimento, se possível a hora, no comentário. As Erínias adoram uma boa brincadeira 🙂

Língua à Brasileira – S.O.S.

Pobre Língua Pátria! Assaltam cada vez mais o coitado do vocábulo plural: juntos.

Insistem em tirar-lhe a última e valiosa letra S!

Influência do Planalto Central, o comedor-mor de SSS?

Exemplos corretos, onde o plural é rigorosamente exigido:

  • Saímos juntos.
  • Meu namorado e eu moramos juntos/fomos morar juntos.
  • Fomos juntos/juntas ao cinema.
  • Assinamos o contrato juntos.
  • Os amigos foram ao aeroporto juntos.

Sempre que houver mais de uma pessoa ou coisa, usa-se o plural juntos/juntas.
Exemplos corretos:

  • As sandálias estão juntas embaixo da cama.
  • Coloquei juntos no prato o arroz e o feijão.
  • Sentaram-se juntos os noivos e os pais à mesa.
  • Os soldados e o povo cantaram o hino nacional juntos.
  • Faremos a peça juntos/juntas.

Se for singular, aí sim, será correto o uso junto (aqui sem s):

  • Vai sair? Irei junto com você (Veja o plural: iremos juntos/juntas até ao porto).
  • O casal voltou junto de táxi (Veja o plural: Os dois voltaram juntos de táxi).
  • O pessoal saiu junto em procissão. (Veja o plural: as pessoas sairam juntas em procissão).

Basta um pouco de atenção e o nosso Machado de Assis não levará tantos sobressaltos…

A Cabana

Penso ser preocupante este livro, de W. P. Young, ocupar o primeiro lugar em vendas na última semana na lista da Livraria Leitura.

Certamente o marketing de promoção do tal é o melhor do mundo! Conseguiu uma vendagem extraordinária para um livro medíocre. Há tantos livros nacionais mais úteis, mais divertidos e substanciosos.

A Cabana foi reescrita quatro vezes antes de ser recusada por 26 editoras. Finalmente, dois produtores de cinema criaram uma editora e, então, publicaram o barraco (ops!).

A primeira parte tem enredo razoável, mas o desenrolar da visita ao casebre é piegas; o consolo é uma sequência de chavões e duvidosas respostas de cunho religioso; a solução do crime é um mix de revelação sobrenatural, adivinhação e muitas coincidências… inclusive a conservação de indícios por um tempo longo.

Há quem diga que é um livro “para os sofredores”; gosto não se discute… lamenta-se.

Outros o indicam como auto-ajuda, parece ser este o grande lance marqueteiro: o livro trará a receita para todos os males da tristezas…

Para as Erínias, o sofrimento, às vezes, é inevitável, mas o masoquismo é opcional!

Os bons livros de “auto-ajuda” são os de Amyr Klink, família Schürmann, Oliver Sacks, Guimarães Rosa, João Ubaldo Ribeiro, Arnaldo Jabor, Isabel Allende e outros maravilhosos! 😉

São depoimentos corajosos e inspiradores, idéias inteligentes; pessoas que escolheram o próprio caminho e assumiram as responsabilidades.

Este livro é puramente comercial; nisto foram muitos bons; inclusive criaram um site de relacionamento com “Missy”, a personagem desaparecida… …argh!

Alice no País das Maravilhas

Vá ao cinema sem grandes expectativas, vá com disponibilidade para a aventura, para partilhar as peripécias de Alice com os seus amigos e inimigos, para se emocionar com o chapeleiro maluco e brincar de bandido e mocinho!

Uma curiosidade histórica: frequentemente os chapeleiros eram considerados malucos; eram experts em chapelaria de madames e, por isso, todas as excentricidades eram validas para agradar a “cabeça” feminina.

Talvez seja este o motivo mais forte da piração dos chapeleiros! 🙂 Porém, mais tarde descobriu-se que o infortúnio dos chapeleiros era causado pela absorção, pelas vias respiratórias, dos vapores de mercúrio, quando as peles para os chapéus eram curtidas.

Vamos ao filme: os efeitos especiais são engenhosos.
A versão de Tim Burton apresenta uma inteligente comparação entre os mundos: o dos sonhos e o mundo real. Daí a boa idéia de Alice já moça.

Nos sonhos, Alice aprende a lição fundamental: a escolha pessoal e intransferível de conduzir o próprio destino; certa disso, consegue vencer a hipocrisia e as convenções vazias do mundo dos lordes… o mesmo mundo de hoje.

O filme retrata bem a situação do casamento, ainda comum: é a porta de saída para a mulher, principalmente; através de um custoso evento social os pais concedem a alforria aos filhos; a partir daí os jovens embarcam numa relação, muitas vezes, insatisfatória; os corajosos conseguem se libertar e alçar vôo… é a grande façanha de Alice.

Ah! Não perca os créditos finais. São apresentados numa moldura, onde vão surgindo surpresas… os apressadinhos perdem…

Impressões de Viagem: Dallas, Texas

36°C pela manhã; muito calor… seco, ainda bem!

A cidade é plana, limpa, esparramada em ruas largas. Apenas no centro, há alguns edifícios altos e modernosos.

É uma pena nossas cidades brasileiras, cheias de blocos de cimento. Faz uma grande diferença ter o horizonte à vista. É poderoso anti-estresse. 🙂

Visitamos o Dallas Arboretum às margens de um grande lago. Este jardim botânico é muito bem cuidado, com cascatas, fontes, esculturas. É um belíssimo oásis. Lá os “seniors” fazem trabalho voluntário na recepção, nos carrinhos que transportam visitantes, e em outras atividades; são amáveis e sorridentes.

Interessante, também, em Miami, onde os velhinhos simpáticos estão nos balcões de informação do aeroporto, prestativos e eficientes.

Dallas lembra muito Palmas/Tocantins; é uma cidade para veículos, não se vêem pedestres nem transportes coletivos.

É bem arborizada, porém ainda não suficientemente sob o sol escaldante. A compensação se faz com o ar condicionado gelado em todos os ambientes.

O atendimento em lojas, restaurantes, hotéis e museus é muito bom. As pessoas cumprimentam-se, a conversa “rende”…

O trânsito flui muito bem, motoristas obedientes! 🙂

O comércio é variadíssimo, bem movimentado com malls luxuosos.

A viagem já traz os benéficos efeitos colaterais: a sensação de estar livre de quaisquer amarras; de ter todo o tempo à disposição; e o sossego absoluto de conhecer ninguém…