Impressões de Viagem: China

As Erínias perambularam por alguns lugares na China.

Os conceitos e os pre- são todos revirados; aliás, isto é um dos bons resultados de viagens.

O primeiro susto, nas cidades chinesas, é o trânsito. Não se percebem regras, leis de trânsito estabelecidas, mas… não se vêem acidentes: bicicletas, carrinhos improvisados (muitos elétricos), motos, lambretas (também elétricas), pedestres, carros, ônibus e caminhões trafegam em todas as direções, em velocidade moderada.

Aconteceu haver seis carros na pista, inclusive nos acostamentos e na contramão, todos no mesmo sentido. A buzina funciona simplesmente como um aviso: “estou entrando”. Não se ouvem xingatórios nem freadas bruscas. Há sinais, sim, nas autopistas para que se use a buzina nas curvas (!).

Já no segundo dia parece haver uma lógica neste caos: cada um pode fazer como lhe convier sem reclamações mútuas (isto é o mais surpreendente); assim, não havendo outras regras pré-estabelecidas, cada motorista/pedestre se cuida e/ou recua quando o outro for mais potente ou mais rápido.

É comum o motorista dar ré, fazer conversão, ou mesmo parar por qualquer motivo em plena avenida ou rodovia, sem espanto dos nativos. Em determinado trecho, havia um rebanho de ovelhas e os motoristas saíram dos veículos para organizar a passagem do bando; todos esperaram o fim das manobras, aguardando a vez.

A conclusão possível é que, por aqui “neste país”, os acidentes são provocados pelos motoristas desobedientes aos sinais e à convenção de trânsito; espera-se, por exemplo, que a ultrapassagem seja feita pela esquerda e/ou em determinados pontos. Quando alguém quebra esta regra, a possibilidade de acidente é grande. Lá na China, como regra geral, vale a passagem possível, onde couber, em qualquer direção, sem motoristas raivosos. Ah! Os pedestres são bem espertos.

Parece que os chineses compensam no trânsito a liberdade que lhes falta; assim, não há sentido preferencial; cada um busca, literalmente, uma saída criativa.

O requinte encontra-se em Wu Tai Shan, uma cidadezinha nas montanhas, onde os 149 templos/pagodes de variados estilos dão um toque especial e são bem cuidados pelos monges residentes: os ônibus, gentilmente, param para o turista em qualquer lugar. Todos os passageiros nos cumprimentam e sorriem… ou para nós ou de nós. 🙂

Impressões de Viagem: Islândia

As Erínias também estão fascinadas com as erupções na ilha. É esta mistura de assombro e encantamento, que alimentou o sonho de infância de Alecto, que intrigada percorria os paises mais distantes e exóticos num velho e mágico Atlas…

Aquela pequena ilha perdida no oceano Atlântico, dependurada no círculo Polar Ártico, era a misteriosa terra do gelo, dos vulcões, das cascatas de água fervente brotando das fendas. Naquela época, a Islândia ficava, ainda, mais longe e inacessível para o dedo bem pequeno, que viajava naquelas páginas…

Como todo desejo costuma se realizar, as Erínias, numa clara manhã, temperatura média em julho de 2°C, aportaram em Akureyri para os revigorantes banhos em água sulfurosa, abertos desde o ano de 1300; são divisões das placas continentais que expelem águas sulfurosas a mais de 130°C; antes de chegar às piscinas naturais precisam ser resfriadas; a água azulada com a consistência cremosa de xampu provoca uma deliciosa sensação! Dos poços sulfurosos a vista das rochas vulcânicas multicoloridas naquela imensidão vazia…

As usinas geo-térmicas estão funcionando a todo vapor. 🙂 A água quente na Islândia é praticamente gratuita e distribuida à vontade; a energia elétrica tem duas fontes: termo-életrica(vapor) e hidro-életrica(represa), portanto é muito barata e não poluente. O ar é puro e, quase, não existe poluição. Que ironia agora!

Há um programa do governo, já bem adiantado, para substituir o diesel pelo hidrogênio; já funcionam ônibus movidos a hidrogênio.

A Islândia é a democracia mais antiga da Europa; eleições há mais de MIL anos; a penúltima presidenta ficou 16 anos (muitos políticos por aqui ficariam verdes de inveja),  escolhida em eleições livres sem manobras, manipulação ou outros tipos de pressão conhecidos nestas pl(r)agas sul-americanas; até bem pouco tempo não havia residência “oficial”; os presidentes continuavam a morar na própria residência.

O atual presidente foi reeleito e, possivelmente, irá para o terceiro mandato por única vontade popular! Há, sim, muitos partidos políticos, que se interessam pelo bem estar da população; alguns se limitam a um único município. É comum, na Islândia, um governo de coalização.

A capital Reykjavík é bem arborizada, apesar de as árvores crescerem mais vagarosamente por causa do vapor d’água sulfurosa. Em plena praça, há fontes que exalam vapor. A cidade é moderna mas conserva, com cuidado, a parte antiga do centro e algumas casas ainda são originais (1786). A antiga prisão é hoje o escritório do primeiro-ministro.

Os icebergs fazem parte da paisagem, são majestosos e inigualáveis recortando o horizonte.

Impressões de Viagem: Dallas, Texas

36°C pela manhã; muito calor… seco, ainda bem!

A cidade é plana, limpa, esparramada em ruas largas. Apenas no centro, há alguns edifícios altos e modernosos.

É uma pena nossas cidades brasileiras, cheias de blocos de cimento. Faz uma grande diferença ter o horizonte à vista. É poderoso anti-estresse. 🙂

Visitamos o Dallas Arboretum às margens de um grande lago. Este jardim botânico é muito bem cuidado, com cascatas, fontes, esculturas. É um belíssimo oásis. Lá os “seniors” fazem trabalho voluntário na recepção, nos carrinhos que transportam visitantes, e em outras atividades; são amáveis e sorridentes.

Interessante, também, em Miami, onde os velhinhos simpáticos estão nos balcões de informação do aeroporto, prestativos e eficientes.

Dallas lembra muito Palmas/Tocantins; é uma cidade para veículos, não se vêem pedestres nem transportes coletivos.

É bem arborizada, porém ainda não suficientemente sob o sol escaldante. A compensação se faz com o ar condicionado gelado em todos os ambientes.

O atendimento em lojas, restaurantes, hotéis e museus é muito bom. As pessoas cumprimentam-se, a conversa “rende”…

O trânsito flui muito bem, motoristas obedientes! 🙂

O comércio é variadíssimo, bem movimentado com malls luxuosos.

A viagem já traz os benéficos efeitos colaterais: a sensação de estar livre de quaisquer amarras; de ter todo o tempo à disposição; e o sossego absoluto de conhecer ninguém…

Museu John Kennedy

Dallas desperta a curiosidade sobre o assassinato.

O prédio de 7 andares, estrategicamente na esquina, era um depósito de material escolar, onde Lee Oswald fora trabalhar 40 dias antes (!). Perto da janela do 6º andar ainda estão empilhadas as caixas de livros (cercadas por vidro temperado) que serviram de apoio e mira.

O prédio todo foi transformado em museu e conserva a aura de suspense e mistério.

É muito interessante acompanhar a trajetória dos ilustres visitantes, o contraste entre o povo vibrando nas ruas, a elegância de Jacqueline, o recebimento de flores, os acenos e efusivos cumprimentos e, segundos depois, o imponderável (ou não?) desfecho na curva da Elm Street com Dealey Plaza. Há marcas (X) na pista onde os tiros alcançaram o presidente.

Este filme já foi visto inúmeras vezes, ainda assim, a sequência dos acontecimentos e a tragédia ainda é emocionante. Já foi dito que Jacqueline – ela disse não se lembrar absolutamente – foi de gatinhas recolher os miolos de Kennedy; contudo, a intenção era ajudar um segurança a subir no carro.

A visita ao museu mostra claramente:

  • o conflito entre as autoridades federais, estaduais e locais para lidar com o caso, prejudicando a investigação;
  • o corpo de Kennedy foi disputado “a tapas” do instituto médico legal por diferentes departamentos reivindicadores;
  • teorias divergentes sobre o número de balas; inexplicavelmente apenas uma bala foi encontrada na maca do hospital para onde foi levado o governador do Texas, gravemente ferido;
  • Jack Ruby – o assassino de Lee Oswald – tinha livre trânsito na delegacia que investigaria o caso;
  • a discordância sobre quais peritos fariam a autópsia e a escolha inicial de apenas um deles;
  • o trajeto do presidente, com a posição e o número de automóveis, foi publicado detalhadamente nos jornais com bastante antecedência.

Estas questões, dentre muitas outras, deixam mais dúvidas do que respostas. Ninguém poderá fornecer, com certeza, as conclusões elucidativas.

Curiosamente, consta John Kennedy ter comentado com Jacqueline “nós estamos numa terra de malucos;” (“nut country”, em tradução livre), “se alguém quiser me matar, ninguém poderá impedir”.

Fica, à saída do museu, a sensação de desperdício de vidas humanas e as imagens do funeral trazem profundo sentimento de desvalia…

Um pulo a Portugal

É o lugar para viajar sem destino… e bem seguro. Os vilarejos, próximos uns dos outros, tem nomes divertidos: Encarnação, Pedro da Cadeira; Avelãs do Caminho, uma graça de lugar; a cozinha portuguesa é muito boa e na rodovia há “vendinhas” de frutas da época – no caso, deliciosas cerejas – biscoitos típicos, “bolachão” de amendoim, etc..

De Lisboa a Santiago de Compostela (na Espanha) são 500Km – menos do que de Belo Horizonte a Guarapari. A catedral, por si só, vale a visita. No trajeto, há lugares ricos em história, bons restaurantes e, ainda, muito verde.

Primeiro, vamos passear um pouco em Lisboa; o centro, como o de todas cidades antigas, é para andar a pé. Descobrimos o Parque Eduardo VII com refrescante espelho d’àgua e magníficas esculturas de Baltasar Lobo, bem como a famosa “Maternidade” de Fernando Botero. Perto, também, “El Corte Inglés”, o “grande armazém” espanhol, onde se pode comprar os deliciosos amendroados.

Na ponta do parque, a Praça Marquês de Pombal, com canteiros largos, arborizados, com a presença robusta dos grandes portugueses: Herculano, Almeida Garrett e outros. Dali, chega-se ao Rossio, cujo elevador para o Bairro Alto é uma peça de arte. O Marquês de Pombal “aproveitou” o devastador terremoto de 1755 para modernizar Lisboa, saneando a cidade e construindo quarteirãos regulares, com praças e avenidas largas na “Baixa”. Os lampiões, o Arco, as lojinhas antigas, tudo muito agradável e pitoresco, sem tráfego de veículos.

Os bairros Alto e Chiado devem ser percorridos com calma, as casas e prédios são bem conservados e as ruas limpas.

As ruínas do Convento do Carmo, destruído no terremoto, despertam a imaginação e de lá avista-se a interessante geometria dos telhados.

Em Lisboa há um jardim onde se pode deixar as plantas, especialmente bonsai, quando a pessoa viaja. Hotel para plantas! Neste mesmo local a atividade “viver os jardins”, onde a família escolhe um canteiro, semeia flores e ervas, colhendo-as depois. É uma forma de cultivar os laços familiares, pois não?

Obrigatória a visita ao CCB – Centro Cultural de Belém, um edifício moderno com exposições, lojas, teatros e espaços ao ar livre, construído com as mesmas pedras do magnífico vizinho Mosteiro dos Jerônimos. A poucos metros, os pastéis de Belém, os melhores da região, numa pastelaria típica.

No CCB havia uma exposição da emigração portuguesa para a França. Eram quadros vivos, onde os visitantes, dirigidos por três moças, faziam as atividades dos emigrantes: deram-nos baldes para buscar água, para percorrer os obstáculos no caminho; havia colchonetes para dormir ao relento; tínhamos de carregar as malas, armar o tripé para o café, atiçando a fogueira e vestidos de roupas antigas. É uma experiência única. Assim, pode-se vivenciar um milionésimo de um dia do emigrante.

O nosso gentil amigo lisboeta, Pedro Aniceto, levou-nos ao Cristo Redentor português, uma capela com duas altas torres que se unem com o Cristo. Para quem não tem Corcovado foi uma boa idéia.

Imperdível é o Oceanário no Parque das Nações. Um passeio para se fazer sem pressa. São 16 mil peixes dos mais variados e coloridos. As lontras são graciosas e calmas. Tente aproveitar o ritmo do aquário e aproveitará muito em relaxamento. Os ansiosos podem ter dificuldade no início, mas o resultado é compensador.

Indescritível e sério é o trabalho de manutenção do aquário gigante pelos biólogos e pessoal especializado. Mergulhadores distribuem alimentação variada e específica para cada tipo de peixe; o comportamento e saúde de todos os seres vivos são acompanhados rigorosamente.

Neste Parque das Nações há lojas, restaurantes, e o Jardim das Águas. Apesar de descuidado, o projeto deste jardim é sensacional. São aparelhos movidos a água, desde o monjolo até o parafuso de Archimedes (séc. III a.C.). Este é um engenho instigante e atual.

O Museu Calouste Gulbenkian é muito rico e agradável: a arquitetura, as obras de arte, móveis, louças, livraria e CDs. É imperdível.

Os portugueses tem um “arrepio” com os espanhóis, como brasileiros e argentinos. Costumam dizer:

Da Espanha não se espera
bom vento
nem bom casamento.

(continua…)

Um pulo a Portugal (2a. Parte)

Continuando nosso passeio por Portugal, passamos por Cascais, a Cabo Frio dos portugueses; não nos impressionou, já que o litoral brasileiro é inigualável.

Sintra lembra Ouro Preto; tem montanhas, é muito agradável, arborizada, as casas antigas muito bonitas. O Parque da Pena (um tipo de planta) foi cuidado por D. Fernando II, um rei visionário; seus engenheiros de minas pesquisaram, descobriram e cuidaram das nascentes da região, muitas são hoje belos lagos. A vegetação é exuberante. Dentro do parque está o castelo de verão do rei. É uma construção muito interessante que “acompanhou” a natureza, não tendo formas rígidas. O banheiro é bem avançado e moderno para a época. A cozinha é enorme, com panelas de cobre em tamanho gigante. O castelo funcionou até por volta de 1920 com a rainha Amélia, muito dinâmica e progressista.

Mafra, lá está a edificação que José Saramago descreve tão bem no “Memorial do Convento”. Convento, basílica e palácio foram construídos entre 1717 e 1730. São 880 salas, 154 escadas e mais de quatro mil portas e janelas em estilo barroco. Se quiser ver as famosas rendeiras de bilro, passe por Peniche. Em Cabo Carvoeiro há formações calcáreas que formam esculturas naturais.

Óbidos, considerada uma das maravilhas de Portugal, tem muralha na qual se pode contornar a pé; do alto, as ruelas, as lojinhas parecem um presépio. Lá entra-se apenas a pé, aliás é uma idéia que deveria se estender a todas as cidades antigas.

Alcobaça é conhecida pelo grandioso mosteiro. A igreja se destaca pelas dimensões exageradas, com três naves em forma de cruz.

Em Batalha o magnífico mosteiro, ainda em função; externamente, lembra a Sagrada Família de Gaudí. As Capelas Imperfeitas, inacabadas, são riquíssimas. Uma jóia que merece maiores cuidados, é outra das maravilhas de Portugal. Por sorte, assistimos a uma apresentação de cantores em trajes típicos, formando um coral de vozes femininas e masculinas.

Leiria, aqui tivemos notícia de um restaurante cujas refeições duram, pelo menos, cinco horas. A catedral, bem iluminada à noite, domina toda a cidade.

Na região de Ourém, Fátima se transformou em um grande centro turístico e hoteleiro. As desapropriações dos terrenos deixaram milhares de pessoas sem teto e sem indenização. Praticamente tudo na cidade pertence aos padres e às freiras. A basílica e adjacências são isentas de impostos, sendo um fato polêmico para muitos portugueses. Deve-se chegar bem cedo para curtir a praça imensa, a igreja moderna, cujos murais externos impressionam. Muito interessante o setor de reconciliação, com confessionários e padres das mais diversas nacionalidades. Por volta de 9:00 horas o número de peregrinos já é bem grande. Dia 13 de cada mês comemora-se a data das aparições, com multidões acorrendo à basilica.

O caminho até Coimbra é coberto de plantações, principalmente de uva. Há casas muito boas ao longo da rodovia; qualquer pedaço de terra está semeado. São vilas em seguida de outras. Na Universidade de Coimbra tem a Biblioteca Joanina, revestida em ouro, que possui um dos mais belos acervos de livros e manuscritos do mundo. A menos de uma hora fica Aveiro, a “Veneza Portuguesa” e seus doces feitos com ovos.

Mais ao norte, em Mealhada, criam-se leitões e há dezenas de restaurantes que servem a iguaria. Entramos em vários e escolhemos o Restaurante Típico da Bairrada. É muito limpo, mais tranquilo, as senhoras garçonetes usam saias plissadas. O atendimento é cordial e o leitão crocante. Vale a pena a parada.

(continua…)

Um pulo a Portugal (Última Parte)

Depois do leitão crocante, seguimos para o norte até a cidade do Porto. Para provar o seu delicioso vinho, vale o passeio pelas vinícolas no vale do Rio Douro. Um passeio sem rumo pelo centro histórico é muito agradável. A Fundação Serralves tem uma importante coleção de arte em meio a um belo parque. A praça central do Porto é no mesmo estilo da de Praga.

Seguimos até Braga para visitar o Mosteiro de Tibães. Infelizmente, não são permitidas visitas no horário de almoço (duas horas!) apesar de os funcionários permanecerem no local! Foi uma pena; parece muito interessante.

Barcelos é um lugarzinho delicioso. De lá provém todos esses galinhos coloridos nos mais variados estilos, até o galo de Gaudí. É bem limpa, ruínas arqueológicas, um jardim com portais do Séc. XVIII e amor-perfeito em profusão. Foi uma bela surpresa.

Dirigimo-nos à Galícia, província espanhola onde se fala um dialeto similar ao português, com destino a Santiago de Compostela. Passamos por Viana do Castelo, que está às margens do Rio Lima, com uma bela ponte construída por Auguste Eiffel, o mesmo da torre de Paris. Caminha é uma cidade à beira-mar, com casas muito boas; um lugar muito agradável.

Já na fronteira com a Espanha, passamos por Valença, Tui e, margeando Vigo, chegamos a Pontevedra. Daí, foi um estirão ansioso para chegar a Compostela. Hoje, uma cidade moderna e bem movimentada, por isso fomos diretamente para a Catedral, simplesmente indescritível. A praça é majestosa com suas edificações antigas; uma delas foi transformada no Hotel dos Reis, com uma “caverna” onde funciona um bom restaurante. Se não for para hospedagem, vale tomar um bom vinho lá. O turíbulo da catedral é magnífico. A qualquer custo 😉 deve-se esperar a missa dos peregrinos, em geral às 19:00, onde os frades fazem-no balançar no adro da catedral, espalhando o incenso. É inesquecível.

Ali em Paris

…nem é preciso falar sobre Paris; basta deixar-se perder pelas ruas, contemplar a arquitetura secular e, incrivelmente, contemporânea; visitar, sem pressa, as galerias de arte, ouvir os músicos nas praças, perambular pelo Quartier Latin; ir passear, bem cedo, pelas alamedas do Père Lachaise… queremos falar de um lugar aliii pertinho — uma hora e meia de trem: Poitiers.

A cidade de Poitiers tem outras atrações, claro, mas para este passeio especial ao Parc du Futuroscope, localizado em Chasseneuil-du-Poitou, a 10km, pode-se adquirir um bilhete e passar um dia inteiro (equivalente a mil dias!). Parque temático sobre multimídia e tecnologia do cinema, algumas das atrações só podem ser vistas lá. A cidade abriga, ainda, um pólo tecnológico para empresas emergentes daquelas especialidades.

No Futuroscope, na década de 90, já podia-se assistir, por exemplo, a filmes 3D e até 4D! Era mesmo “o futuro” na ficção científica… foi um “Avatar” precoce. Muita gente deu pulos na sala, tentando se desviar de objetos voadores. 🙂 Outra demonstração impressionante: acendeu-se uma luz por detrás da tela, mostrando um funcionário limpando o palco; logo depois, a tela foi levantada, mostrando o palco vazio — era um filme 3D projetado a 60 quadros por segundo! Isto só uma palinha de nada…

… é um mundo encantado onde as salas de projeção de filmes de todos os tipos se transformam em florestas, em sacolejantes terremotos, em aquários com pisos de vidro… com os mais avançados recursos tecnológicos, o Futuroscope nos transporta a um universo onde a ciência brinca de magia e a realidade fantástica nos mantém suspensos e absolutamente admirados.

 

 

Histórias de Viagem: Vermont

Estávamos em Burlington, Vermont, a região das charmosas e românticas pontes cobertas (covered bridges), na costa leste dos Estados Unidos. Naquela agradável tarde de verão, entramos em uma rica livraria, aproveitando a excitante experiência para nós, abaixo do equador, de ter sol azul-alaranjado até mais tarde… demo-nos conta do adiantado da hora quando, já com as portas descidas, o vendedor nos colocou para fora gentilmente.

Fomos procurar um hotel e, logo, soubemos que havia um evento muito concorrido na pacata capital de Vermont, com aproximadamente 40.000 habitantes. Claro, não havia mais acomodações.

Bem, o jeito foi cair na estrada, pois havendo cidadinhas bem próximas umas das outras, iríamos encontrar rapidamente um pouso. Ledo engano! “No Vacancy” ou nem hotel havia. Fomos subindo, subindo a rodovia 36, onde percebíamos no reflexo dos faróis haver água às margens, mas não sabíamos se de rio ou lago. Entre boa prosa, risadas e promessas de reservar hotel na próxima vez (o que nunca fizemos nem antes, nem depois), passamos por vilarejos onde, pelo visto, ninguém pernoita. 🙂

Já passava da meia-noite quando chegamos a um resort, muito bonito, com belos jardins feericamente iluminados, que nos deu alento… durou pouco. A recepcionista, com uma expressão um tanto espantada com aqueles viajantes-fantasmas, ou por causa disso, nos ofereceu café, suco e brownies, juntamente com a informação de que as reservas para o verão eram feitas com “apenas” um ano de antecedência.

Voltamos à estrada, sem placas ou qualquer indicação de destino, e já estávamos dispostos a chegar à fronteira do Canadá, quando surgiu uma luzinha indecisa, dependurada numa placa com algo parecido a “bed&breakfast”, de uma casa no estilão daquela de “Psicose” de Hitchcock; assim nos pareceu, mas tentaríamos ali, pois era madrugada e outras possibilidades de pouso já eram zero.

Batemos à porta. Apareceu um cara simpático e sonolento e, logo, estávamos numa cama grande e confortável.

Sempre acordo mais cedo em viagens, é um grande desperdício dormir. Examinei o quarto grande com uma kitchen completa, boas poltronas pra leitura, um banheirão! Abri, ainda como se sonhando, um cantinho da cortina e fechei imediatamente:
onde fomos parar?

Com a certeza de estar delirando, abri novamente a cortina: um lago azul infinito se estendia a poucos metros da varanda, muitas árvores, um deck de madeira com cadeiras convidativas avançava sobre a água. Corri até o lago antes que desaparecesse… enquanto o marido esfregava os olhos para se certificar daquela aparição.

Na realidade, havíamos aterrisado às margens do belíssimo Lake Champlain, numa pousada com seis apartamentos, conhecida por alguns privilegiados. Ficamos naquele paraíso, administrado nas férias de verão por aquele sonolento e boa-prosa professor universitário, por mais três inesquecíveis dias. Surgiram outros amigos, com os quais caminhamos, tomamos vinho e jantamos à beira do lago.

Até agora, anos depois, a sensação de encantamento ainda nos envolve.

Jardinagem: A Solução Verde

The Butchart Gardens — um lugar especial onde existem 5 estações: primavera, verão, outono, inverno e… natal!

Está localizado na costa oeste do Canadá, em Vancouver Island. A antiga mina de calcário e fábrica de cimento da família Butchart transformou-se, gradualmente, em um paraíso pela idéia original e trabalho incansável de Jennie Butchart, que se rebelou contra a aridez do terreno.

É indescritível a emoção de percorrer aquelas alamedas. Basta dizer que se alguém tiver apenas um dia no Canadá, a visita ao Butchart Gardens vale a viagem!

Clique aqui para ter uma pálida idéia dos 220 mil metros quadrados deste jardim.