Serra do Roncador — Mato Grosso #1

O livro dos Villas Boas — Expedição Roncador-Xingu 1945 — foi a inspiração.

Poucas horas de vôo de Confins a Goiânia; daqui a Barra do (Rio) Garças, aproximadamente, 5 horas de carro; este tempo não se vê passar.

No aeroporto, o jovem e dinâmico casal da Roncador Expedições já à espera. Sinara e Ralph são dedicados, gostam da terra e de mostrá-la aos visitantes. Isto faz toda a diferença. A Pousada Tropical está fora do mufurufo, é bem agradável; a gente percebe o desejo de, a cada vez, melhorar as acomodações e o atendimento. Os apartamentos se abrem para a varanda e jardim com uma boa piscina: indispensável para relaxar e recuperar a energia para as surpresas do dia seguinte.

  • Tour Serra do Roncador

A 65km está a imponente Roncador. O nome vem do som do vento correndo pelas grutas e cavernas. A serra se estende por 800km e separa os rios Araguaia e Xingu.

O “causo” mais famoso é do Coronel Percy Fawcett, chefe de uma expedição inglesa, desaparecido na região em 1925. As versões são as mais variadas e inverossímeis. Cotejando as condições de hoje e as da expedição dos Villas Boas, dá pra concluir que aquele europeu aventureiro morreu mesmo foi pelo ataque de um exército, contra o qual não havia armas: muriçocas, abelhas, bernes, marimbondos, formigas, carrapatos! 🙂

Na esteira de que o Coronel Fawcett buscava uma cidade perdida, por ele denominada Z, desenvolveu-se uma aura de misticismo, sendo a Roncador um campo fértil para a UFOmania, crenças e cultos, pouso de ETs e discos voadores — em Barra do Garças há, até, um discoporto!

Certamente as formações rochosas, fechando a imensidão verde, levam à contemplação, ao silêncio. Uma riqueza geológica ainda, praticamente, desconhecida desperta aqueles sentimentos e acresce a magia da serra.

O caldo suculento de frango, a costelinha, a pimenta esperta são a comidinha no ponto de almoço da simpática dona Maria. O filho de uns 12 anos, Leandro, pula prontamente para nos atender, é ativo e tem os olhos brilhantes de um futuro empreendedor.

A Vereda dos Sonhos justifica o apelido. Agora a gente entende a paixão de Guimarães Rosa pelas veredas — o habitat das elegantes palmeiras de Buriti. É uma extensão de águas claras e, nesta época, fica coberta de florinhas bem miúdas, transformando o espelho d’água num veludo lilás.

Ricardo, nosso guia, curte tudo aquilo e não nos apressa! No campo, uma variedade enorme de pássaros e, de repente, um bando de araras azuis nos saúda, numa reviravolta melodiosa e colorida.

Despencando na serra, as Cachoeiras Gêmeas! A serra vai se transformando ao por do sol… as cores mudam drasticamente nos paredões e vão surgindo, da imaginação de cada um, as figuras, os perfis… aquele lugar ermo é incomparável.

Subindo uns 300m, a Gruta da Estrela Azul com marcas rupestres.

A Roncador Expedições nos reserva um final de passeio muito especial neste primeiro dia: a formação do Arco da Pedra, um belo portal onde aguardamos o anoitecer acolhidos por um côncavo morno na pedra… apenas nós naquele lusco-fusco, a chegada das estrelas ainda no céu teimosamente claro e o silêncio do mato!

Zimbabwe — As Cataratas… a pé

De longe, já se ouve o som tonitruante das águas do rio Zambese. O parque está bem preservado, a vegetação é densa e um altivo Livingstone contempla do pedestal a sua descoberta mais famosa. Há um projeto do governo para mudar o nome de Victoria Falls para Mosi-oa-Tunya, denominação original em língua Tonga.

As cataratas de Iguaçu, Victoria e Niágara estão na lista das modernas maravilhas do mundo. Se houvesse uma única possibilidade para apenas uma viagem em toda uma vida, uma daquelas seriam a opção possível. São incomparáveis. Então, se você ainda não esteve em Iguaçu, vá correndo! Está alííí, ó… ser brasileiro e não se presentear com as nossas cataratas é peccato.

Há vários pontos de observação e as formações de pedra e cataratas principais recebem os apelidos:

Devil’s CataractMain FallsRainbow Falls (a mais alta) e Eastern Cataract.

Em duas horas — poderia ser muuuito mais!  — vamos percorrendo as margens e o espetáculo das águas atinge, num crescendo, uma beleza inimaginável. A força tão grande da queda faz “chover” em toda a área. O spray d’água, colorido por arco-íris, dificulta fotografias. Cautelosos turistas — vão se derreter? — se embrulham numa capa impermeável. Perdem uma sensação maravilhosa:

o prazer de deixar os pingos grossos e mornos encharcar nossas roupas e lavar a alma!

 

Zimbabwe — As Cataratas

O turismo gira em torno de Victoria Falls, claro! A Rovos Rail — uma companhia ferroviária — é considerada o “orgulho da África”. Este trem-safari percorre vários países ligando-os de norte a sul através das mais diversas paisagens, história e cultura. Victoria Falls é um dos destinos preferidos, com pernoite no hotel.

A viagem pode durar de 3 dias, numa expedição ao Zimbabwe, ou até 34 dias, da Cidade do Cabo ao Cairo. A Rovos Rail é o resultado da obsessão por mecânica de um visionário, que comprou num leilão dois vagões antigos para restaurar e usá-los com a família. Muito trabalho e obstinação transformaram este sonho em sólida empresa. A viagem inaugural, em abril de 1989, foi com uma locomotiva, 7 vagões, 4 passageiros pagantes, amigos e imprensa.

Porém, há um meio mais simples, mais prático de chegar às cataratas de trem. Aqui mesmo, nos jardins do Victoria Falls Hotel, nos mesmos trilhos do Rovos Rail, embarcamos no bondinho muito romântico, serviço de bordo, tapete vermelho e tudo!

Poucos minutos depois, a imigração em Zâmbia. Um dos guias, com túnica e turbante, é o encarregado destas funções, enquanto são servidos salgadinhos, vinhos, água, refri. Os sinuosos trilhos nos levam até a ponte sobre o rio Zambezi — Victoria Falls Bridge — uma obra de arte, um triunfo da engenharia. Gentilmente, o motorneiro pára no meio da ponte e as cataratas entre Zimbabwe e Zâmbia se apresentam num momento mágico, no qual sentimo-nos suspensos…

Podemos perambular e curtir a montanha de água lutando entre os penhascos. Já em Zâmbia, um parque cheio de gibões abriga o centro de visitantes, onde os turistas são recebidos com champagne e guloseimas. Na sala, uma maquete mostra engenhosos detalhes. Somos brindados com a narrativa do engenheiro francês construtor; o jovem Georges Imbault narra todas as peripécias, aventuras, coragem e técnica dos 14 meses de construção da ponte, inaugurada em setembro de 1905.
O carinha está tão bem caracterizado e desenvolve perfeitamente o personagem que chega a confundir uns poucos turistas. Percebem o teatro quando o ator, mostrando a pele do braço, diz: “sou francês, mas estou dessa cor negra por causa do sol de Zâmbia”.

Trazidas as peças fabricadas da Inglaterra, a ponte foi montada, ao mesmo tempo, de ambos os lados, suspensa a 128m sobre o abismo, encaixando-se perfeita e precisamente no centro. Consta não ter havido acidentes fatais durante a obra.

Além da ponte, uma grande atração aqui é o Bungee Jump de 111m. Vimos, com admiração, turistas voando sobre o majestoso rio Zambesi.

Em mais uma cortesia, o motorneiro esperou o sol se por…

Zimbabwe — As Cataratas de Helicóptero

A manhã clara convida para o vôo. É fascinante:

O rio Zambese vem de longe, espraiado, mansinho… de repente uma fenda estreita e bem funda. As águas se transformam em roldão forte, camadas imensas de flocos espumantes despencam na gigantesca fratura de 108m de profundidade.
A catarata não forma represa ou bacia, as águas volumosas correm represadas entre os penhascos… o rio serpenteia, preenche o leito em curvas e nos deixa sem fala. O helicóptero pousa… fica dentro da gente este mundo inigualável!

À tarde, cruzeiro no Zambese:

Este dia ainda nos reserva uma agradabilíssima surpresa. Um 4×4 nos conduz, pelas estradas de terra de Zâmbia, até às margens do Zambese. Uma embarcação confortável e simples é apropriada àquele passeio no rio manso e silencioso.
A tripulação atenciosa oferece um coquetel aos poucos sortudos passageiros. Uma alegre interação se deu entre nós: turistas do Sri Lanka, Inglaterra, Austrália, África do Sul, Suíça, Alemanha, Estados Unidos e Brasil.
É possível que aquele rio selvagem, os pássaros coloridos, as florestas às margens distantes, o som das águas tenham proporcionado o ambiente tão harmonioso.
É aniversário de uma passageira e cada um de nós, na própria língua, cantou “Parabéns pra você”. A diversidade de sons, a brincadeira espontânea fizeram aquele momento muito especial. Certamente está guardado na caixa de boas lembranças aquele por do sol no rio africano.

Zimbabwe — The Victoria Falls Hotel

The Victoria Falls Hotel” tem uma atmosfera envolvente, com mais de 150 apartamentos em amplas alas interligando jardins, restaurantes, elegantes salões. Há um especialmente para jantares de gala, com orquestra de câmara, onde vestidos longos e smoking são de rigueur. Divertimo-nos muito em observar o requinte… …de uma distância segura! 😉

A entrada principal, em colunas, conduz à vista das cataratas. A gente nem acredita ao ver o chumaço de nuvens de vapor subindo ali bem perto. Da varanda do restaurante a ponte entre Zimbabwe e Zâmbia fica dourada ao por do sol, ao som do piano. Sabe aquela sensação de estar vivendo num filme ou romance de época…?

Salas com mobílias confortáveis se abrem para pátios com fontes, flores e majestosas árvores, incluindo espaço para exposições de arte, jogos e reuniões. Os corredores bem largos, com tapetes grossos e fofos, têm as paredes cobertas com a história do domínio inglês, que sugou o máximo das terras de além-mar. Também lá está a família “imperial” em 1947: a rainha-mãe, a jovem princesa Elisabeth e outras damas em incríveis chapéus, vestidos finos, saltos no meio do mato, às margens das cataratas.

As mangueiras e as árvores centenárias são enormes, debaixo destas florescem begônias, inhame — Colocasia Esculenta — e outras variadas folhagens numa terra preta, fofíssima. Todo o gramado tem exóticas cercas-vivas com frutinhos pretos e exposição de esculturas em pedra.

A piscina, um enorme retângulo de pedras coloridas, tem uma fonte com degraus de cada lado; é funda com fortes duchas laterais. As chaises longues espalhadas em volta atraem bando de macacos que brincam por ali. Um caramanchão abriga um espaço gourmet, principalmente, para churrascos. O vestiário tem piso de mármore xadrez, com todos aqueles mimos cheirosos e cravos naturais. Tudo limpíssimo! Ao fundo, um salão com arcos em estilo árabe, refrescado por ventiladores, oferece altos e macios almofadões. Irresistível não cair em um deles… dormimos profundamente naquele cenário de 1001 noites.

Todos os funcionários do hotel são negros — dos mais simples aos da administração. Aliás, a não ser turistas, não vimos brancos na cidade das cataratas. O pessoal é muito atencioso, bem-humorado; a mistura de etnias — Shona, amaNdebele ou Zulu e Tsonga — parece dar muito certo. Todos recebem, com um grande sorriso e efusivas exclamações, a palavrinha mágica: Tatenda, Siyabonga, Inkomu. Fazemos questão de aprender “obrigado” nas línguas da terra.

Este hotel, construído em 1904, demonstra o luxo, o conforto, a sofisticação que os imperialistas ingleses desfrutaram nestas terras africanas. Pode-se imaginar o deslumbramento dos europeus neste paraíso e daí as histórias, os dramas, a espoliação, o poder…

Zimbabwe — Victoria Falls

O vôo de Johannesburgo a Victoria Falls é de 90 minutos. O desembarque na pequena cidade das cataratas é um refinado exercício de burocracia, durando quase o mesmo tempo do vôo. Chega até a ser cômico:

  • antes de entrar no galpão da imigração, uma farda distribui os formulários para preenchimento, ali de fora mesmo, numa fila que outra farda organiza. Cada passageiro ajeita-se como pode em pé, procura caneta dali, daqui, apoia o papel na mala, na parede, abre/fecha mochila para tirar o passaporte, etc.
  • Aí começa o malabarismo das fardas neste saguão com ventilação e iluminação precárias. Duas fardas andam pra lá e pra cá, outra abre gavetas, mexe, mexe; conversam entre si, saem. Volta outra, liga computador, mexe na gaveta, pega papel, sai. São dois guichês sem funcionário. Um para o pagamento de 30 dólares, outro para apresentar o passaporte. Para isso, uma farda organiza outras duas filas. Uma pessoa fica, pelo menos 10 minutos, em cada guichê. No primeiro paga-se; uma farda sinaliza e troca-se de guichê (!) para o passaporte… dizem as boas línguas que no Brasil já foi assim…
  • Neste ínterim, o senta-levanta das fardas continua em câmara lenta. As longas filas em silêncio, só os olhos se reviram uns para os outros… discretamente. Se alguém esboçar um mínimo gesto de impaciência, a coreografia é interrompida e — bem depois — recomeça-se mais devagar ainda!
  • É muito interessante a demonstração de poder — exercido somente ali — pelo staff da imigração. Compondo o teatro, há uns 3 ou 4 imitadores dos doríforos, parecendo dormir de olhos abertos, imóveis ao fundo. Doríforos eram aqueles soldados ou lanceiros antigos que, em rígida posição de sentido, seguravam as lanças…
  • As malas — uma montanha! — ficam à parte. Vencido o túnel da paciência 🙂 pegamos nossa única mochila e as férias recomeçam!

O pessoal da terra fora do galpão, com um sorriso fácil, é prestativo e gentil. Um grupo de rapazes de etnia Shona, em peles de antílopes como guerreiros, dança e canta vigorosamente. O ritmo é contagiante. O convite para cair na dança é aceito num impulso, para o gáudio/espanto dos turistas europeus! Os guerreiros se alternam para ensinar os passos, as reviravoltas, aí tudo se transforma em risadas e boa ginástica.

Os policiais, na praça, usam um cassetete muito comprido ou um estilingue cuja forquilha termina em uma ponta aguda como uma faca. Isto causa mal-estar e revela o nível de opressão à qual aquele povo cordial está submetido.

Victoria Falls, a vila, é cheia de lojas de artesanato, saias e turbantes coloridos e muitos hotéis. Nas ruas, exposição de esculturas e pinturas exóticas belíssimas.

África do Sul – A Rota Jardim #5

O trecho final — uma pena! — da Garden Route vai de George à Cidade do Cabo.

Para quem não dispõe de muito tempo, ir de Port Elizabeth à Cidade do Cabo é uma boa iniciação à África do Sul. Os 750 Km oferecem praias, montanhas, safaris, pitorescas vilas, bons hotéis, excelente comida e muito relax. Em posts anteriores, uma pálida palinha

  • Hermanus — de George até aqui, são 350 Km continuando pela N2, através de agradáveis cidadinhas, belas baías, como a de Mossel. Em Swellendam o almoço foi servido à sombra acolhedora de árvores centenárias. Em frente, a igreja “luterana reformada”; o estilo é inusitado e interessante.
    No centro da Cape Whale Coast se estende Hermanus, o melhor ponto do mundo para observação de baleias — whale watching — entre junho e dezembro, quando estes mamíferos maravilhosos vêm da Antártida.
    A natureza e o estilo de Hermanus, antiga vila de pescadores, lembram Cabo Frio/Búzios, nos áureos e saudosos tempos de Brigitte Bardot.
    Pela localização de Hermanus, entre montanha e mar, os médicos recomendam o ar da cidade como tratamento de saúde: apelidado de “champagne air” pela pureza.
    A sacada do Windsor Hotel nos oferece ondas fortes que se quebram nas enormes pedras da praia. Na recepção, ao invés de Welcome se lê Whalecome! 🙂
    As macias e brancas dunas são boas para caminhadas solitárias.
  • Grootbos — nesta reserva particular, às margens do Oceano Índico, uma ONG opera a escola de jardinagem “Growing the Future”. Nesta escola, jovens de famílias sem recursos têm um excelente treinamento em jardinagem; além de aprender a dirigir veículos — atividade imprescindível à nova profissão — aperfeiçoam o inglês e o afrikâner. Ao receber turistas, aprendem também a lidar com o público.
    O curso é de 1 ano, em horário integral, inteiramente gratuito. O mais importante é que, na seleção, o critério para admissão é estritamente o gosto e o desejo de cuidar de plantas. É surpreendente este lugar. Ao sair daqui, uma teimosa esperança agarra a gente: há pessoas ainda capazes de gestos e doações generosos.
  • Stellenbosch — é a segunda cidade mais antiga da África do Sul. É a região dos vinhedos, trazidos por refugiados huguenotes no final do século XVII e da notável universidade.
    Ao anoitecer de segunda-feira, os bares e restaurantes estão apinhados e, interessante, fecham bem cedo. Aqui, também, as ruas são muito limpas: os universitários se orgulham de ser cuidadosos garis, numa campanha constante! Dá uma inveja
  • Cidade do Cabo — as montanhas de todas as cores e as praias formam um corredor até aqui. É uma paisagem forte, com recortes dramáticos. De todos os pontos da Gordon’s Bay avista-se o cabo da Boa Esperança. Fora alguns ciclistas — isto é vida! — este trecho é deserto. O mar, os pássaros, as ondas, as pedreiras tomam conta deste reino.
    A cidade é multicultural e muito colorida. As galerias de arte, bem diversificadas, mostram a riqueza das etnias africanas.
    A Table Mountain é um ponto de reunião de gente de todo o planeta! É considerada uma das maravilhas do mundo, juntinho das nossas Cataratas do Iguaçu. Desde o embarque no bondinho até o topo, tem-se a vista da cidade recortada por montanhas e pelo azul do Índico até o infinito…

Atacama e Salar de Uyuni #2

Complementando o artigo anterior, algumas idéias práticas:

  • Santiago do Chile — se possível, ir um dia antes do início da excursão para curtir a cidade. O Hotel Holiday Inn fica no aeroporto. Basta atravessar a rua e cair no saguão do confortável hotel. É bem prático para o vôo do dia seguinte;
  • Calama — chega-se ao aeroporto em aproximadamente 2 horas a partir de Santiago. A rodovia para San Pedro de Atacama é ótima. Os 100Km, numa imensidão de deserto colorido, passam rapidamente;
  • San Pedro de Atacama — pode-se ir a pé por toda a cidadinha, inclusive ao Pueblo de Artesanatos. Aliás, pode-se andar à noite com toda segurança e tranquilidade. O hotel La Casa de Don Tomás é confortável, bons serviços, bem localizado: está a um pulo da igreja, do museu, das lojas, dos restaurantes.
    Cada lugar no deserto de Atacama é especial e diferente; inspira calma e atrai o silêncio, a melhor maneira de aproveitar tudo. Turista é igual “maritaca”… 😉
  • Laguna Sejar — leve maiô/sunga ou já vá preparada/o para flutuar naquelas águas. É uma sensação boa demais! Leve de casa uma toalha de banho, será muito útil;
  • Ojos de Tebinquinche — inesquecíveis. Sente-se à margem e contemple-os. Para os fotógrafos, o por-do-sol na Laguna de Tebinquinche é um delírio;
  • Geisers del Tatio — é de madrugada, mesmo! A temperatura abaixo de zero faz o vapor condensar, é a atração. É uma ótima experiência entrar nas águas quentes com tudo gelado ao redor. Aproveite as termas, pelamordedeus!
  • Bolívia — sabe aquele lugar para ir “antes de morrer” (obviamente, né!)? É aqui no Salar de Uyuni. A viagem de San Pedro de Atacama até Uyuni leva 9 horas. Calma, calma! Há paradas: a cordilheira dos Andes é espetacular, com lagunas, vulcões, figuras de pedra, geisers; o majestoso Licancabur é visto de todos os lados.
    No almoço em Refugio del Polques há um poço/reservatório de águas termais. A caída na água é indispensável. O pessoal se troca ali mesmo com “cortininhas” de toalha.
    Com bom condicionamento físico, saúde e disposição é uma aventura percorrer os caminhos de terra e areia na Bolívia. Leve muitas moedas, pois o uso dos banheiros sempre é pago (baratinho!) e lá, a gorjeta faz diferença e um enorme sorriso;
  • Uyuni — no café da manhã, muita gente se queixou de não ter conseguido dormir, devido ao frio intenso. Os pobrezinhos não souberam ligar a manta elétrica ou, sem perceber, chutaram o plug no pé da cama. Com o quentinho desta manta, dorme-se o sono dos aventureiros!
  • Hotel de Sal — é inusitado. Apesar de os tijolos de sal não permitirem muito conforto, é uma experiência única. A comida é muito boa. De maio a setembro o inverno é bem rigoroso! Bem melhor de outubro a abril…

Ficamos por aqui para não roubar as surpresas desses e de todos os outros lugares. Bom mesmo é a certeza de toda a expectativa ser regiamente recompensada…

África do Sul – A Rota Jardim #4

  • Swartberg Pass – saímos para o passeio ainda com a névoa cobrindo as montanhas. Este lugar superaria qualquer expectativa em grandeza, força e imensidão.
    A estrada e a alta muralha de pedras coloridas que a delimita foram muito bem construídas em 1877-88, por prisioneiros. Apesar de árduo e intenso, o trabalho era muito disputado por ser ao ar livre, ter refeições fartas e desconto na duração da pena.
    A “lavoura” de Protea — a flor símbolo da África do Sul – enche as encostas de pétalas coloridas e, apenas nesta época, brancas. A diversidade da floração lembra a do cerrado brasileiro.
    O guia africâner e geólogo tem uma Van em sociedade com o motorista. Aqui, segundo ele, predomina o negócio próprio. Os empregados ganham mal e nos empregos públicos a prioridade é dos blacks.
    O Swartberg Pass serpenteia até o topo a 1530m e desce em dramáticas contorções até Prins Albert, oferecendo vigorosas caminhadas. Vimos, em muitas rochas, incontáveis conchas e fósseis marinhos.
    Penhascos, aclives, cortes circulares em camadas de quartzito colorido confirmam os movimentos geológicos; é como se esta região tivesse sido sacolejada em um liquidificador por diversas vezes. Essa vívida figura de linguagem do geólogo se apresenta diante de nós numa magnífica realidade.
    Swartberg Pass guarda, entre outras, a Meiringspoort: uma cachoeira que despenca lá do alto numa enorme bacia redonda e se espraia pedreira abaixo. Suas águas límpidas e frias recompõem a energia, transmitem calma e bem-estar.
  • Prins Albert – no vale da montanha Swartberg está a cidadinha fundada em 1762; produz o melhor presunto cru — jámon espanhol — da África do Sul. Almoçamos no Lazy Lizard, um restaurante simples com a melhor comida da qual nossas papilas guardam o sabor. Pelas artes do destino, o peruano Juan Pastrana encontrou em Buenos Aires uma sulafricana e, há anos, dirigem muito bem o melhor restaurante nestas bandas. Os pratos são variados, saborosos, fartíssimos. Além dos doces de frutas, tortas, merengues, a sobremesa inclui deliciosos e suculentos figos roxos.

África do Sul – A Rota Jardim #3

  • P1090553Cango Caves — as cavernas estão a 29 Km de Oudtshoorn, numa variante da “Garden Route“. Serviram de abrigo para os povos ancestrais da África do Sul por mais de 80 mil anos, antes da descoberta em 1780. É um lugar incomum. Aqui, diante das espetaculares e coloridas formações de estalactites e estalagmites, a gente se sente um ratinho.
    P1090552Esta coluna, jovem de 275 mil anos, inspira reverência. As outras figuras impõem silêncio cheio de admiração. Aliás, é a postura única e possível naquelas profundezas.
    Na década de 60 foram realizados concertos ali e, quando foram suspensos, os danos dos atos de vandalismo eram irreparáveis. O controle de visitantes é alternativa de preservação. Grande parte da vida na caverna já morreu, como na nossa Gruta de Maquiné (MG), infelizmente. Nas seções mais profundas, onde há ainda formação de estalactites e estalagmites e, num efetivo cuidado para preservá-las, as visitas são proibidas.
    Recebemos um presente da guia: apagou as luzes — exceto uma pequena lanterna — e, afinadíssima, cantou N’kosi Sikelele’ iAfrika, o hino da África do Sul, seguindo simples e espontaneamente a inspiração, fora do “programa oficial”. Guia Mathilda Ewerts, nós a bendizemos mil vezes!
  • P1090679Swartberg — uma moldura para Oudtshoorn. O hotel Swartberg Country Manor é um jardim ao pé das montanhas. A cerca viva, em toda a extensão, é de lavanda/alfazema; a gente só acredita quando aquele cheirinho azulado enche a tarde e chega à varanda. A comida é muito saborosa; o restaurante, à parte da casa central, no meio do gramado de veludo. Uma das sobremesas é “waffle” ainda quente com sorvete e creme de amarula!
    P1090693As árvores são centenárias e uma figueira, com galhos até o chão, está cheia de frutos macios, já abertos de maduros e pudemos degustá-los, ali mesmo. Os agaves ficam cheios de caramujos para um farto café da manhã.
    Os hibiscos parecem nativos do hotel, são gigantescos e despencam em cachos.
    P1090684Aqui tem uma multidão de pássaros. No final do dia fazem uma festa, uma movimentação inusitada nas árvores e palmeiras. Melodiosos, os passarinhos pulam pra lá e pra cá sem parar; é como se, de repente, chegassem ao ninho ou parceiro errados… saem em disparada e voltam mais uma vez!