Marilyn

O vestido de Marilyn Monroe, na noite de gala do aniversário de JFK em Nova York, em 1962, foi desenhado e cortado por Jean-Louis Berthauldt, estilista francês, que já inventara a incrível silhueta de Rita Hayworth em Gilda.

Marilyn deu-lhe uma única sugestão: “faça um vestido que somente Marilyn ousaria usar” – dito e feito!

O mago da costura desenhou um sonho; o vestido foi feito com tecido tão leve e transparente como uma nuvem de seda, foi fabricado especialmente para este dia.

Foi necessário sobrepor 20 camadas de seda nos seios e entre as pernas para evitar transparências e “seis mil pedras de strass foram semeadas por todo o tecido, fazendo-o cintilar”. Dezoito costureiras trabalharam por quase uma semana. Impossível vestí-lo; foi costurado, literalmente moldado sobre a pele de Marilyn. Então, ela só pôde entrar no palco com passinhos minúsculos como os de uma gueixa. Delírio absoluto…

O traje custou 12 mil dólares equivalentes a quase 200 mil reais de 2010; foi leiloado pela Christie’s por mais de um milhão de dólares.

A apresentação do  “Happy Birthday, Mr. President” durou 7 minutos e foi o que restou daquela época – de orgias e guerra fria – regada a Dom Pérignon.

Em 4 de agosto do mesmo ano, Marilyn mergulha para sempre, à deriva, “na escuridão de azeviche”.

Quanto desperdício!

(do livro “Marilyn et JFK”, de François Forestier, jornalista e crítico de cinema, romancista e biógrafo.)

Oásis

…avenida Pedro II, trânsito lento, casario feio, passeios cheios de lixo; à direita, avenida Bias Fortes; o viaduto enegrecido completa a paisagem desolada da cidade grande.

Logo depois da esquina, uma massa dourada à direita, um oásis de flores amarelas, algumas pétalas esvoaçando…
    a rua se iluminou
    a feiura sumiu
    os cachos coloridos penetram a retina
    um fio de esperança desponta.

Este Ipê magnífico, como o são todas as árvores, recebe em troca as queimadas, as serras elétricas e a derrubada para os blocos de cimento disfarçados em áreas de “lazer” e em espaços “gourmet”.

Oh! humanidade desvairada…
    Que venha o outro dilúvio!

Jean-Yves Leloup: Os rins

No livro O Corpo e Seus Símbolos, já citado, a lição de Leloup é escutar o corpo “que não mente”; o corpo é “nossa memória mais arcaica… nele nada é esquecido”; cada acontecimento deixa no corpo uma marca profunda.

Leloup nos ensina que um atento observador pode constatar em si mesmo e nos outros a incrível simbologia dos rins. Nesta linha de pensamento, os rins são locais de “escuta” no interior de cada um; os rins escutam e filtram as mensagens do sangue, purificando-o.

Atualmente, vivemos sobrecarregados e estes excessos tornam impossíveis aquela filtragem… por isso, tantos problemas renais.

As dificuldades da função renal podem ser indicações de que estamos na direção errada, de que nos fatigamos inutilmente… a nossa vida está sem ou perdeu o objetivo.

Alguns problemas renais indicam desperdício, perda de energia e, muitas vezes, omissão em atender “a solicitação do corpo para mudar de direção… e a maneira de viver”.

A doença é um esforço do corpo para se curar, é o aspecto positivo de maladie – em francês, um mal a dizer -. Finalmente, a sábia conclusão do mestre:

Os rins são um espaço para a palavra que temos de escutar.

Poema

Carlos Drummond de Andrade

Para uma sexta-feira, do Poeta:

O mundo é grande e cabe
nesta janela sobre o mar.
O mundo é grande e cabe
na cama e no colchão de amar.
O mundo é grande e cabe
no breve espaço de beijar.

Terapia Hoffman

Melhor que uma livraria, só o sebo! Nas escavações, com aquele cheiro peculiar, é possível descobrir livros já perdidos e injustamente abandonados.

A gente vai pulando de pilhas em pilhas e a tarde se esvai num virar de páginas…

Do fundo da estante aparece Bob Hoffman, autor de “Terapia Hoffman da Quaternidade” (1982).

Para quem vivenciou a “febre do Processo” em Belo Horizonte, é ótimo para matar as saudades. Foi uma fase interessantíssima; ninguém ficou indiferente.

Ainda que a origem da técnica de Hoffman tenha sido mensagens recebidas de um neurologista falecido, Dr. Siegfried Fischer, fenômeno no qual não acreditamos, a técnica e métodos não podem ser invalidados. Os resultados são surpreendentes e especialistas recomendam “uma leitura crítica, análise e investigação”, pois no progresso científico não tem lugar para verdades absolutas. Porém não é esta a questão destas linhas.

Queremos relembrar aos participantes e apresentar para quem não conhece a aventura do Fischer-Hoffman.

Bob esteve aqui em Belo Horizonte; era cordial, simpaticíssimo, de um bom humor contagiante e irresistível. O Processo se espalhou pelo Chile com Claudio Naranjo, Espanha, Israel, Índia, Estados Unidos e, claro, Brasil.

Era uma maratona de 13 (!) semanas. Depois, este esquema foi bem reduzido. Preferencialmente, os participantes teriam de ficar, nestas semanas, longe da família… amigos se hospedaram nas casas uns dos outros e as experiências compartilhadas intimamente.

O Processo se fazia por estágios e só se passa ao seguinte se bem resolvido o anterior. Havia acusação e defesa da mãe e do pai separadamente. Havia, inclusive, o catártico enterro simbólico da mãe e do pai, que levavam consigo o amor negativo.

Os pais são absolvidos e a hostilidade infantil a eles desaparece totalmente. (pag.92, 1ª Ed. Bras.)

Havia, ainda, o renascimento em que o divórcio amoroso da mãe e do pai se confirmam. O ponto culminante era a festa para as brincadeiras, preparada com carinho, onde tudo é repartido. Os que não sabiam, ou não conseguiam brincar, são contagiados e participam.

O Processo descobre o “eu alegre, escondido há muito tempo”; saber ou aprender a brincar juntos é um bem valioso. Se a criança não experienciou “a brincadeira positiva”, é impossível desfrutar a riqueza do divertimento adulto (pag.182, op.cit.).

Testemunhamos em amigos e em nós mesmos mudanças profundas depois do Processo. Bons tempos, boas lembranças!