Escócia – Ilhas e Jardins

De Reykjavik, na Islândia, alcançamos o arquipélago de Orkney — ao norte da Escócia — com aproximadamente 70 ilhas, cuja capital é Kirkwall. O porto majestoso recebe balsas, navios de cruzeiro e de carga. A cidade é bem antiga (1305), sendo muito agradável perambular pelas ruas cheias de lojinhas, restaurantes, excelentes livrarias. A cidadinha é cheia de surpresas: na próxima esquina, um campo cheio de árvores enormes é um bucólico cemitério com interessantes histórias gravadas em lápides de 1804; mais além, as imponentes ruínas do Bishop’s Palace ou Earl’s Palace. As ruas e casas são agradavelmente floridas e os nativos muito atenciosos; todos cumprimentam os turistas. A Catedral de St. Magnus é uma belíssima edificação em arenito.

Subimos mais ao norte até Lerwick, a única cidade do arquipélago de Shetland. Como em outras cidadezinhas escocesas há os pitorescos “closes”, que são tradicionais becos ladeados por incríveis e agarradinhas construções de pedra. Numa lojinha, vimos novelos de lã composta de fibras de leite com 30% de seda, que torna as peças muito macias.

A gentileza mais uma vez se revelou, quando a prefeita, ao som de violino, veio ao cais receber os passageiros. As ilhas de Shetland são muito antigas e Lerwick tem mais de 5000 anos. A biblioteca é invejável! Oferece, gratuitamente, os mais variados cursos de informática, línguas, trabalhos manuais, etc.; empréstimo de DVDs, CDs; salas abertas aos cidadãos para reuniões e assembléias e um acervo surpreendente.

Pudemos constatar um desdém bem-humorado ao “invasor” inglês (a Escócia foi anexada em 1707), através de um diálogo com um casal, quando nos referimos às origens inglesas do futebol, a esposa, prontamente, respondeu: “aqui é a Escócia!” Perguntamos “não é Reino Unido?” Retrucaram os dois em uníssono: “depende com quem você fala!” 😉 Nota-se um desejo (e esperança) subjacente de independência através da sistemática preservação da cultura, língua e costumes. Curioso é que os três principais bancos da Escócia cunham moedas para circular apenas entre os escoceses – orgulhosos disto!

“Não existe clima ruim e sim roupa inadequada”, contudo a sensação de frio, na Escócia, aumenta devido aos ventos frequentes. Tivemos sorte e a temperatura foi muito agradável no “verão nas ilhas”: máxima de 14°C. Os nativos? Na praia!

A Escócia é rica, culta, sólida, bem plantada em seus castelos e construções de pedra. Suas extensas terras onduladas envoltas em silêncio e quietude são privilegiadas. Os jardins na Escócia são excepcionais em qualidade e beleza, cultivados desde o século XIII! Dispensam quaisquer adjetivos. É puro enlevo!

 

Escócia de trem!

Começando a viagem, aqui vai o “pulo do gato” para percorrer o Reino Unido: os passes de trem do BritRail. Apenas para estrangeiros, por um preço fixo pode-se viajar em primeira classe, por determinado período, pela Inglaterra, País de Gales e Escócia — para só esta, há o ScotRail. A validade varia de 3 dias a 1 mês (consecutive) ou de 3 a 15 dias durante 2 meses (flexible). É vantajoso, muito confortável e, várias vezes, entramos em um trem sem ter idéia do destino! Já descobrimos lugares inusitadas brincando de cabra-cega nas estações… 🙂

De Londres, fomos para Thirsk em Yorkshire; campos de feno cobertos de florinhas amarelas a perder de vista. Thirsk é antiga, com as ruas em paralelepípedos, todas as casas com jardins muito bem cuidados e muita cor. O centro é cheio de vida, um burburinho incessante nos cafés, boas lojas e livrarias com alegres rodas de aposentados. Fomos até Thirsk visitar o Mundo de James Herriot — o veterinário escocês que lá morou e clinicou por décadas. Publicou muitos livros com deliciosas e incomuns histórias dos seus bichos, tema de dois filmes e uma série espetacular na TV inglesa. Sua dedicação incondicional aos animais inspirou uma nova geração de veterinários. Ainda nesta cidade, tivemos a grata surpresa de, ao visitar a magnífica catedral com os jardins cheios de lápides antigas, um organista tocar especialmente para nós. Momentos assim são inesquecíveis e nos dão o valor imensurável do aqui e agora.

Em direção à Escócia, a três horas de Thirsk, está a milenar Edimburgo. A cúpula de Waverley e os vitrais fazem da estação um atrativo especial. A cidade é interessantíssima; cheia de castelos — Castelo de Edimburgo, Castelo Drummond — a destilaria Glenturret, além de catedrais, museus, concertos a céu aberto. Os jardins espetaculares confirmam o bom gosto, a técnica e a arte dos escoceses no paisagismo. Edimburgo oferece o paraíso no Royal Botanic Garden. Os becos subterrâneos tortuosos — os tais “closes” — demonstram as miseráveis condições de vida no século XVII. As casas foram queimadas devido à peste bubônica e o Mary King’s Close permaneceu. O lugar, por si só, representa as histórias de uma época e lugar inusitados; porém foi, infelizmente, transformado em pura atração comercial pelo infeliz marketing turístico quando tem por pretensão “enfeitar” ou “dramatizar” a história. Vale a pena ver o trabalho nos teares nas fábricas de tartan — os emblemáticos tecidos dos clãs escoceses.

Contudo, a melhor sugestão é deixar-se perder pelas ruelas em torno da Royal Mile na Old Town.

Sempre fugimos das cidades grandes, escolhendo para hospedagem uma cidadinha com aquela bucólica e acessível estação de trem na única praça. Assim, a 20 minutos de Edimburgo, descobrimos Linlithgow… uma delícia de lugar para o próximo post!

Escócia de trem #2…

Linlithgow é uma delícia. Aqui nasceu Mary, Queen of Scots, a última rainha da Escócia; foi também a residência da dinastia Stuart. As ruínas bem-preservadas (1420) mostram o Royal Palace às margens do lago. A igreja de St. Michael’s (Miguel Arcanjo), numa paróquia dinâmica, é uma obra de arte. A fonte Cross Well, o Burgh Hall, outras edificações com extensos gramados fazem-nos sentir num filme, nos transportam a uma outra dimensão.

Fizemos compras num excelente supermercado e os vendedores atenciosos faziam-nos sentir em casa. Aqui curtimos mais ainda o café da manhã farto e variado, seguindo ainda o cardápio dos mineradores de carvão: ovos, bacon grosso, feijão adocicado, linguiça, hash browns (purê frito de batatas), resumindo: é o famoso “tropeiro” deles. Íamos de trem para Edimburgo, voltávamos para o aconchegante hotel pertinho da estação e, ainda, aproveitávamos da tarde prolongada neste antiquíssimo lugarejo.

Seguimos para Inverness. Ah! Um lugar encantador cheio de gente hospitaleira, entrecortado de canais e pertinho do mistério Loch (lago) Ness. Com 36km de extensão e 230m de profundidade de águas frias e escuras, é a morada do monstro “Nessie“. Lá o turismo explora inteligente a história de Nessie, com a “Exhibition Loch Ness”: cavernas, espelhos, ondas laser, pesquisas sérias e ilusão de ótica! O cruzeiro pelo lago é muito agradável; o café com chocolate, servido a bordo, tem um sabor especial, contemplando o infinito, as ondas brancas, as gaivotas… é um sentimento único de viver o presente intensamente…

Constatamos outra amabilidade escocesa quando o ônibus do tour nos deixou no nosso hotel. Não paramos em Aberdeen para evitar cidade grande. Subimos para Thurso onde a região continua invadida por canais fartos de água. Aí embarcamos no “North Link Ferries”. Esta balsa é muito confortável, bem bonita, com tapetes altos e macios, espelhos de bronze, corrimãos dourados e um restaurante com gosto muito bom do molho de hortelã. A travessia para Stromness já é um plus: os penhascos, a incrível formacão “Old Man of Hoy“, além da beleza destes mares desertos.

Stromness é um lugar maravilhoso com 2200 habitantes, curiosamente sem árvores. Os vikings ocuparam o arquipélago Orkney até 1231 e, até hoje, sua influência no dialeto, costumes e comidas é marcante.

As pousadas estilo B&B (Bed and Breakfast), maioria na Escócia, são confortáveis, bem decoradas e no “Miller’s House“, perto do cais, havia um skylight que deixava toda a casa ensolarada. O café da manhã, além do “tropeiro”, oferecia 6 tipos de geléia, frutas, torradas, sucos, peixes defumados, queijos… energia suficiente para perambular pelas ruelas.

No ferry de volta a Thurso, conversamos com uma senhora muito elegante e bem-humorada nos seus gloriosos 90 anos. Ela nos contou, encantada, sobre a aposentadoria, sendo uma novidade receber de “um buraco na parede” com um cartão. 🙂 O governo paga aluguel para os pensionistas, além de uma ajuda de custo de 70 a 130 libras por semana. A “nursery” — a casa dos idosos — é bem fiscalizada e a nossa amiga desfruta de uma velhice tranquila. Após 2 horas de agradável travessia tomamos um trem para Kyle of Lochalsh, através de Dingwall.

Kyle of Lochalsh está situada entre lagos e montanhas. O hotel “The Old Bankhouse” é muito romântico e confortável, administrado por um casal de aposentados. Ali vimos “100 Great World Cup Moments”: todos os melhores lances, vitórias, falhas e curiosidades no futebol, como o caso do gol contra de um jogador colombiano; por isso, foi assassinado por um torcedor fanático na Colômbia… 🙁  Neste hotel estavam um casal de Cambridge e uma amiga; conheceram-se na China e, desde então, viajam anualmente juntos. Estes encontros são, para quem está disponível, momentos especiais e criam laços afetivos que nos acalentam.

Ingrês…

…na criatividade baiana! 🙂

“in full” = em cheio?? “Whole Bread” é o correto.

“sleeve” = manga de camisa, de vestido. Em inglês, “Mango”.

Eng4

“canned noble” = “pessoa nobre enlatada”?? Eram tomates secos; “dried tomatoes”.

“pitiful” = “deplorável”. Deveras! 😉

Eram bolinhos/biscoitinhos “petit fours“: expressão da culinária francesa.

Para boas risadas, aqui mais: engrish.com

Ilha Norfolk — Austrália

Estas valentes porções de terra cercadas, muitas vezes, por ondas bravias, que  desenham, cortam e cavam-lhe as costas, guardam tesouros e mistérios. Norfolk é uma destas ilhas fascinantes. O vulcão que lhe deu origem espalhou, com gosto por todo o lado, pedras negras dos mais variados tamanhos e formas; o contraste com gramados verdes, muito verdes, se estendendo até as praias de águas cristalinas faz-nos duvidar dos próprios olhos.

As ruínas majestosas e muito bem conservadas das duas penitenciárias, cuja muralha continua intacta, revestem esta parte da ilha de uma aura enigmática; há um silêncio, uma quietude, onde se escutam o vento e as histórias inscritas nas paredes, nas celas, nos corredores estreitos, nas lápides do cemitério. Nos anais do museu o drama do prisioneiro fugitivo das grades, recapturado depois de viver durante 7 anos no oco de uma árvore.

Hoje, em compensação, não há cadeia nem qualquer outro tipo de vigilância. Ninguém tranca a casa nem o carro. No vilarejo com 2000 habitantes, onde a lista telefônica é por apelido, o centro de compras é uma única rua com lojas finas, galerias de arte e modernos restaurantes. Não há semáforo e a carona é o único “transporte público”. Todos se cumprimentam, incluindo os turistas, com o “Norfolk wave”, o polegar positivo! A ilha exporta sementes de palmeiras, fabrica cerveja e chocolate e não usa agrotóxicos.

Norfolk se localiza a leste da Austrália, a menos de duas horas de vôo de Auckland (Nova Zelândia), no Oceano Pacífico; ao sul, o mal-humorado Mar da Tasmânia. Os polinésios viviam aqui antes da chegada do Capitão Cook em 1774. Em meados do século XIX os descendentes do famoso motim “Bounty”, moradores da ilha Pitcairn, já pequena para tanta gente, foram levados para Norfolk… mais histórias para o folclore e cultura…

A rica miscigenação resultou numa linguagem rara: mistura de taitiano e o antigo inglês de Pitcairn. A língua Norfolk está sendo ensinada nas escolas.

Norfolk é inigualável para mergulho em cavernas, abismos e túneis de coral, com infinita variedade de peixes e visibilidade de 20m ou mais. As árvores resistem bravamente aos ventos fortes e daí a estranha e belíssima forma das suas copas. Esta pequena ilha parece manter-se fiel às suas raízes, intocada pelos modismos, plantada nas rochas vulcânicas e protegida pelo oceano-guarda-costa.

Em Norfolk está o barco “Desventura”.

Belmonte e Aldeias Históricas em Portugal

O interior de Portugal reserva agradáveis surpresas. São vilas e aldeias com muitas histórias e tradição. Conservam o estilo e as raízes seculares. Belmonte, terra de Pedro Álvares Cabral, a 290km de Lisboa, com as casas de pedra com flores e frutas, as ruelas cheias de curvas, os museus incrivelmente modernos, é muito agradável! Curtimos imensamente a quietude e o silêncio dali; principalmente bem cedo pela manhã e ao começar da noite não há vivalma. Por isto, Belmonte é singular.

A Pousada Convento de Belmonte, na parte mais alta, tem a vista ampla para a Serra da Estrela. Foi um antigo convento dos Franciscanos, a planta original foi mantida, bem como a capela e a sacristia. Os amplos apartamentos são designados pelos nomes dos Frades! A decoração, de muito bom gosto, mantém o estilo antigo aliado ao conforto. Interessantes as ruínas preservadas em dos pátios da pousada. Lá, sim, se pode ouvir as estrelas…

Pousada Convento de Belmonte - Copyright©2013 Rainer Brockerhoff

Sortelha! Ah! Sortelha é uma miragem… o Castelo de Sortelha foi edificado em 1228, para defesa estratégica. Para fixar a população, foi criado ali um couto de homiziados — neste lugar, qualquer indivíduo tinha o direito de fixar-se livremente, ainda que fosse perseguido pela justiça de outra região. No conjunto de fortificações, no interior da muralha, pode se ver, por exemplo, a torre de menagem, cisterna, porta falsa, varanda de Pilatus, a torre sineira e uma pedra de forma peculiar, a Cabeça da Velha. Vale a visita. A região em torno de Sortelha é de pedra-pura e belíssima.

Castelo Novo é uma aldeia em caracol, rodeada por pedras “acolchoadas”. Lá no alto, a arquitetura gótica e manuelina do castelo.

Vir a esta região foi uma inversão de papéis: nós, agora, descobrimos Portugal.

Dublin — Irlanda

A solidez, a imponência dos casarões de pedra, as ruas cheias de gente colorida, avenidas largas, flores em todas as portas, janelas e postes fazem de Dublin (parodiando Hemingway) uma festa. O Trinity College, em plena atividade, é um centro efervescente de cultura e eventos. Na biblioteca antiga, o Livro de Kells, manuscrito iluminado do séc. VIII, arte dos frades celtas, é prova da genialidade, da grandeza, da dedicação e altruísmo da humanidade. É absolutamente consolador verificar que o ser humano é capaz de uma obra tão grande, quando a guerra na Síria é o extremo oposto.

A exposição na antiga fábrica da Guinness, a cervejaria mais antiga da Irlanda, é uma demonstração de talento, organização e muuuito trabalho. Usa sistemas hi-tech para demonstrar equipamentos e processos muito antigos de fabricação. Arthur Guinness arrendou uma cervejaria menor quando, ainda muito jovem, quis botar em prática suas idéias mirabolantes: em 1759 nasce a Guinness!

Nem é preciso anotar endereço, o cheiro delicioso de cevada e malte conduz o turista à cervejaria…

 

Irlanda de Trem

Passageiros, todos a bordo… o tempo está perfeito, céu de brigadeiro!
De Dublin (Heuston Station) o trem parte para Cork, uma grande cidade (nos termos irlandeses), pois tem 150 mil habitantes. É a terceira depois de Dublin e Belfast. Aqui tem uma “concorrente” da Guinness e também uma conhecida destilaria de uísque. É uma alegre cidade universitária e hospeda filiais de multinacionais importantes, como Apple, Google e Yahoo. O mercado é limpíssimo, cheiroso com todos os tipos de queijos e peixes que se pode imaginar.

O destino é Cóbh, porto importante de emigração, último embarque no Titanic, tema muito bem exposto. Há uma mostra impressionante das péssimas condições dos emigrantes. Importantes as informações sobre “The Great Famine” e a consequente emigração de 3 milhões de irlandeses por este porto.

O highlight deste dia é a visita ao Castelo Blarney e jardins. O castelo foi construído em 1446 e a atração é a famosa Pedra de Blarney: você terá que alcançar o topo para beijá-la e ganhar o presente da “eterna eloquência”. Na realidade, é uma destas estórias que turista adora! Realmente, depois de dúzias de estreitos degraus em espiral, chega-se ao rampart onde o “beijo” exige uma ginástica de Cirque du Soleil… 🙂 deve-se deitar de costas, descer a cabeça até alcançar a pedra suspensa sobre o abismo. Claro, declinamos a honra! Esse tipo de “atração” não nos pega há muito tempo… valem o engenho da construção, o exercício, a vista do verde irlandês e os jardins.

Curioso o “jardim de venenos”. São plantas bonitas, mas não se engane: tem partes ou sementes venenosas. Interessante é que nossos “buchinho”, mamona, hortênsia e ruibarbo, entre outras, estão lá! O jardim das mais variadas samambaias é lindíssimo; a cascata, o frescor, a sombra levam-nos à meditação.

Irlanda de Trem #2

Próximo a Killarney — uma cidadinha muito agradável, com hotéis excelentes — está o Ring of Kerry, a sudoeste da Irlanda. É mesmo um anel de baías azuis numa extensão verde silenciosa cheia de parques e montanhas de até 1041m, consideradas bem altas por lá. A estrada contorna as belíssimas e intocadas baías de Kenmare e Dingle; nesta, foi filmada uma das cenas do clássico “A Filha de Ryan”.
Nas ilhas próximas monges agostinianos moraram em mosteiros desde o Séc. VI e foram um enclave de cultura e desenvolvimento até o séc. XII naquela região.

Limerick é a cidade do rugby irlandês e do ator Peter O’Toole. Nas proximidades, o Bunratty Castle data de 1425; é mais uma das típicas construções residenciais dos nobres da época. Na costa oeste, os “Cliffs of Moher”, considerados uma das maravilhas do mundo. São penhascos indomáveis de 200m de altura e 8km de comprimento, cortados pelo mar e ventos gelados. É um desses lugares onde as fotos ficam pálidas e as palavras muito pobres… fica-nos uma profunda impressão de mistério e força.
Neste lugar, é impressionante o cuidado dos irlandeses com o meio ambiente; não há construções à vista, é tudo subterrâneo. Assim, os penhascos continuam intactos e magníficos sem nenhuma interferência externa.

Chegando a Galway, na baía do mesmo nome, há o Parque Nacional do Burren: é uma enigmática paisagem lunar de calcáreo — similar à da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Em 1649 o Burren já foi descrito, de forma pitoresca, como um lugar onde “não há árvore para enforcar um homem, nem água profunda para afogar, nem terra suficiente para enterrar”.

Border Collies — Cães Pastores na Irlanda

Ainda no Ring of Kerry, um espetáculo formidável e incomum, pelo menos por estas bandas. O pastor de ovelhas Brendan Ferris faz uma excelente demonstração do trabalho dos cães nas fazendas irlandesas. O pequeno rebanho é movido em qualquer direção através de apenas assobios e gestos. Brendan tem marcado senso de humor, talento e muito carinho com os cães. São realizadas competições regulares e estes cães tem alto valor no mercado. Na Escócia, há os “bearded collies”.

Os “border collies” são treinados progressivamente a partir dos nove meses por um período intermitente de 12 a 18 meses. Exercitam-se árdua, alegre e diariamente por 8 a 9 anos, quando se aposentam. É significativo constatar que, em geral, eles são os mais longevos e saudáveis da raça canina. Este exemplo dá para pensar…

Inicialmente, à medida que Brendan vai pronunciando os nomes das ovelhas, cada uma se afasta do grupo para se apresentar ao público. São de tipos e temperamentos variados.

Com outro grupo, os cães demonstram suas habilidades, atenção e destreza ao conduzir as ovelhas dispersas pela montanha. Sob o sutil e, quase sempre, bem-humorado comando de Brendan, os cães levam as ovelhas para a direita, esquerda; rosnam, as fazem correr, as colocam em círculo ou as separam, enfim, são competentes guias.

É mínima a possibilidade de insurgência das ovelhas, cuja obediência imediata é o sonho de muitos governos e religiões! Alguns conseguem…

Observar este ofício tradicional, útil e interessante na magnífica paisagem do Ring of Kerry foi um momento delicioso de relax e diversão…