Escócia de trem #2…

Linlithgow é uma delícia. Aqui nasceu Mary, Queen of Scots, a última rainha da Escócia; foi também a residência da dinastia Stuart. As ruínas bem-preservadas (1420) mostram o Royal Palace às margens do lago. A igreja de St. Michael’s (Miguel Arcanjo), numa paróquia dinâmica, é uma obra de arte. A fonte Cross Well, o Burgh Hall, outras edificações com extensos gramados fazem-nos sentir num filme, nos transportam a uma outra dimensão.

Fizemos compras num excelente supermercado e os vendedores atenciosos faziam-nos sentir em casa. Aqui curtimos mais ainda o café da manhã farto e variado, seguindo ainda o cardápio dos mineradores de carvão: ovos, bacon grosso, feijão adocicado, linguiça, hash browns (purê frito de batatas), resumindo: é o famoso “tropeiro” deles. Íamos de trem para Edimburgo, voltávamos para o aconchegante hotel pertinho da estação e, ainda, aproveitávamos da tarde prolongada neste antiquíssimo lugarejo.

Seguimos para Inverness. Ah! Um lugar encantador cheio de gente hospitaleira, entrecortado de canais e pertinho do mistério Loch (lago) Ness. Com 36km de extensão e 230m de profundidade de águas frias e escuras, é a morada do monstro “Nessie“. Lá o turismo explora inteligente a história de Nessie, com a “Exhibition Loch Ness”: cavernas, espelhos, ondas laser, pesquisas sérias e ilusão de ótica! O cruzeiro pelo lago é muito agradável; o café com chocolate, servido a bordo, tem um sabor especial, contemplando o infinito, as ondas brancas, as gaivotas… é um sentimento único de viver o presente intensamente…

Constatamos outra amabilidade escocesa quando o ônibus do tour nos deixou no nosso hotel. Não paramos em Aberdeen para evitar cidade grande. Subimos para Thurso onde a região continua invadida por canais fartos de água. Aí embarcamos no “North Link Ferries”. Esta balsa é muito confortável, bem bonita, com tapetes altos e macios, espelhos de bronze, corrimãos dourados e um restaurante com gosto muito bom do molho de hortelã. A travessia para Stromness já é um plus: os penhascos, a incrível formacão “Old Man of Hoy“, além da beleza destes mares desertos.

Stromness é um lugar maravilhoso com 2200 habitantes, curiosamente sem árvores. Os vikings ocuparam o arquipélago Orkney até 1231 e, até hoje, sua influência no dialeto, costumes e comidas é marcante.

As pousadas estilo B&B (Bed and Breakfast), maioria na Escócia, são confortáveis, bem decoradas e no “Miller’s House“, perto do cais, havia um skylight que deixava toda a casa ensolarada. O café da manhã, além do “tropeiro”, oferecia 6 tipos de geléia, frutas, torradas, sucos, peixes defumados, queijos… energia suficiente para perambular pelas ruelas.

No ferry de volta a Thurso, conversamos com uma senhora muito elegante e bem-humorada nos seus gloriosos 90 anos. Ela nos contou, encantada, sobre a aposentadoria, sendo uma novidade receber de “um buraco na parede” com um cartão. 🙂 O governo paga aluguel para os pensionistas, além de uma ajuda de custo de 70 a 130 libras por semana. A “nursery” — a casa dos idosos — é bem fiscalizada e a nossa amiga desfruta de uma velhice tranquila. Após 2 horas de agradável travessia tomamos um trem para Kyle of Lochalsh, através de Dingwall.

Kyle of Lochalsh está situada entre lagos e montanhas. O hotel “The Old Bankhouse” é muito romântico e confortável, administrado por um casal de aposentados. Ali vimos “100 Great World Cup Moments”: todos os melhores lances, vitórias, falhas e curiosidades no futebol, como o caso do gol contra de um jogador colombiano; por isso, foi assassinado por um torcedor fanático na Colômbia… 🙁  Neste hotel estavam um casal de Cambridge e uma amiga; conheceram-se na China e, desde então, viajam anualmente juntos. Estes encontros são, para quem está disponível, momentos especiais e criam laços afetivos que nos acalentam.

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