Águas de Setembro

O vento vira tudo
é o primeiro sinal
do redemoinho.

Cai água pesada
ousada
em fios grossos limpos
entupindo a razão
a boca — e terra — de lobos.

Um mar
fora de lugar.
A corrente luta
perde a disputa
para os restos
humanos nas ruas.

Todos os anos
a selva urbana é surda
tirana
a cada verão
enchentes
pânico
perdas.

Longe bem longe
a chuva é um presente
brinca em rodopios
enche cisternas
alimenta os rios
dá frescor à terra ardente
deixa o outono lavado
dentro e fora da gente.

Fica o terreiro inchado
ansioso
por nova semeadura…

Copyright©Maria Brockerhoff

Hauui An, Vietnam - Copyright©2009 Rainer Brockerhoff
Hauui An, Vietnam – Copyright©2009 Rainer Brockerhoff