O vento vira tudo
é o primeiro sinal
do redemoinho.Cai água pesada
ousada
em fios grossos limpos
entupindo a razão
a boca — e terra — de lobos.Um mar
fora de lugar.
A corrente luta
perde a disputa
para os restos
humanos nas ruas.Todos os anos
a selva urbana é surda
tirana
a cada verão
enchentes
pânico
perdas.Longe bem longe
a chuva é um presente
brinca em rodopios
enche cisternas
alimenta os rios
dá frescor à terra ardente
deixa o outono lavado
dentro e fora da gente.Fica o terreiro inchado
ansioso
por nova semeadura…
Copyright©Maria Brockerhoff