Paisagismo — Show de Jardins

Estivemos em Christchurch, Nova Zelândia, logo depois de um dos devastadores terremotos. O de 2011 foi especialmente doloroso ao atingir a Catedral anglicana.

É impressionante a força, a capacidade de trabalho daquela gente amável na reconstrução de suas vidas. Uma prova disto é a realização do Ellerslie International Flower Show.

A cidade de Christchurch responde ao sofrimento com flores e jardins! A imaginação e a criatividade destes jardineiros são infinitas. Ben Hoyle, este mago, nos traz enlevo e admiração na arte premiada “A French Kiss in Akaroa”:

Urtiga: o Outro Lado da Folha

É sinônimo de queimação; da pobre urtiga (Urtica dioica) brotam os dolorosos derivados urticar, urticação, pois contém ácido fórmico e suas enzimas são parecidas com o veneno de cobra… mas é rica em vitamina C, ferro e magnésio; é diurética e antidiarréica, cura as infecções da boca e as aftas. Além de bonita, a urtiga é boa companheira para outras plantas, protegendo-as de predadores e atraindo insetos úteis.

Claro, as suas folhas devem ser manipulados com cuidado, pois podem irritar severamente a pele. Contudo, seu valor nutritivo equivale ao do espinafre e uma sopa de urtigas com batatas enriquece qualquer refeição.

A urtiga é uma erva ótima para a pele e os cabelos, combatendo eficazmente a caspa; um chá bem forte na água do banho deixa a pele macia e estimula a circulação. A máscara de urtiga rejunevesce e clareia a pele. Extratos podem ser usados para tratar artrite e anemia.

Curiosamente, algumas tribos usavam a planta como anestésico antes de cirurgias ou para aliviar a dor. Na Escandinávia, serve para fazer linha; na Sibéria, para papel e óleo. No Nepal e no norte da Índia é muito popular na cozinha combinada com temperos indianos. Na Europa, o extrato de urtiga é um ingrediente em vários doces, xaropes e licores.

No mundo mágico, as folhas atiradas ao fogo afastam os perigos e são poderosas como amuleto. Uma crença muito antiga diz que um ramo de urtiga debaixo da cama faz com que o paciente se recupere mais depressa.

Também as plantas nos ensinam: quem só enxerga espinhos não aproveita do coração!

Fontes: “As Plantas do Sítio” de Rosy Bornhausen (1995), Словари и энциклопедии на Академике (foto), Encyclopedia of Organic Gardening (2005).

Jardim Botânico Plantarum – Nova Odessa, SP

O Jardim Botânico Plantarum, Av. Brasil 2000, Nova Odessa, SP, bem pertinho de Campinas, vai muito além dos 80 mil m² com 300 belas palmeiras brasileiras, das quais 200 são exóticas, da paisagem colorida, das esculturas, da perfeita organização, limpeza e bom gosto.

O Jardim Plantarum se nivela às grandes obras dos visionários, aquelas pessoas movidas por uma inabalável força interior e esperança sem limites.

Os parques do Grand Canyon e Yellowstone, por exemplo, nos Estados Unidos, além de receberem subsídios do governo, contam com milhares de contribuições voluntárias para a custosa manutenção. Parques europeus recebem apoio de empresas privadas. Este magnífico Jardim Plantarum é privado, nem tem isenção do pagamento de IPTU! O canteiro central da avenida do jardim, com belíssimas árvores meticulosamente classificadas, é mantido e limpo pelo parque. A água da chuva é armazenada e reaproveitada na irrigação.

O Plantarum tem um programa incipiente de associados que deve merecer o maior apoio. Associar-se a esta utopia verde é uma demonstração de cidadania.

O idealizador do projeto, o Eng. Agrônomo e botânico brasileiro, Harri Lorenzi, vai diariamente ao jardim e recebe os visitantes com máxima cordialidade e atenção. Um dos seus grandes méritos é conservar espécies ameaçadas de extinção e algumas até extintas no país. Lorenzi é também excelente autor de dezenas de livros. Há, ainda, variados cursos de paisagismo, pintura a aquarela de plantas/flores e oficinas verdes ao longo do ano, xiloteca, carpoteca, biblioteca e vasto material para pesquisa.

Há um excelente restaurante, espaçoso centro de eventos, empório de souvenirs, sementes e mudas. Chupar as mangas dulcíssimas caídas do pé, com caldo escorrendo pelos cotovelos, foi um luxo! A muda de vitória-régia é um espanto. Andar pelas alamedas, contemplar as incríveis formas verdes e coloridas, enfim, estar lá, traz uma sensação de leveza e bem-estar incomparáveis.

Nós, mineiros, levamos a boa nova do Plantarum para os amigos de Campinas, que se deliciaram. Por lá e por aqui a notícia de um jardim de tão alta qualidade, com fácil acesso, é uma grata surpresa.

A Cruel dona das Rosas

Na rua de pedra da cidade de concreto há um jardim de roseiras de todas as cores.

Aquele canteirão em frente à penúltima casa antiga, esquina da avenida do contorno é, ainda, um jardim de vovó, onde as roseiras fartas, já troncudas e altas, se enrolam, se estendem pelas grades das janelas e da cerca. Alguns “matinhos” rastejam aos pés das rainhas vermelhas, rosas, amarelas, grandes, pequenas, que atraem os olhos de quem os tem!

Aqueles buquês abertos, semi-fechados, os botões são uma belíssima miragem ali na esquina de asfalto, de carros barulhentos, da selva citadina. Uma paradinha ali, em frente ao roseiral, é uma pausa deliciosa!

Outro dia, um jardineiro com um tesourão. Em volta, o chão forrado de folhas e pétalas coloridas.

— Por que? Foi a pergunta incrédula. O jardineiro abaixou os olhos, parecendo envergonhado, respondeu:

— A dona não quer roseiras altas…

Copyright©2013 Maria Brockerhoff