O amorelindo…

Trouxa pra tudo.
O apaixonado
coitado
todo enredado
em laços de veludo
do amor interesseiro
se queima no braseiro
das maracutaias
das tocaias
bem disfarçadas
bem mascaradas.

O enamorado
emboscado
enrolado
em beijos e abraços
não vê os traços
do ser amado
a cada hora
fincando a espora
o freio
o arreio
e o tolo amante
em estado de graça
entrega-se à mordaça.

É uma fileira
de asneira
de besteira
é total a cegueira.

A teia dourada
bem amarrada
sufoca
aperta.
Tarde demais
o bobo desperta
sente a caçada
a armadilha
a punhalada.

Copyright©2011 Maria Brockerhoff

Trovas

Coração que bate-bate…
Antes deixes de bater!
Só num relógio é que as horas
Vão passando sem sofrer.

(Fernando Pessoa)

O amor perturbou-me tanto,
que este combate deploro:
querendo chorar, eu canto;
querendo cantar, eu choro!

(Osório Duque Estrada)

Seja na paz ou na guerra,
quer na alegria ou na dor,
o maior poder na terra
tem quatro letras:Amor!

(Américo Paz)

mais trovas aqui!

Manifestações e Protestos…

…uau! …estivemos lá!

protestoIr já pra rua
sair do mundo da lua
acompanhar a multidão
de um em um
se faz o povão

Os rostos sorridentes
os olhos brilhantes
nada mais
será como antes

Conhecemos os antecedentes
o governo é uma anta
aperta nossa garganta
massacra como jamanta

O povo é sábio na avenida
é alegre gentil tem vida
vamos todos
à “luta renhida”

Ficar no sofá
só no celular
nada vai mudar!

Copyright ©2013 Maria Brockerhoff

Giant’s Causeway — Belfast

O tal do Giant’s Causeway — a calçada dos gigantes — é magnífico, duvidamos dos próprios olhos! São milhares e milhares de colunas de basalto agarradinhas, formando as mais exóticas figuras geométricas. Em dias claros, avista-se a costa escocesa. Esta paisagem de favos de uma colméia tem origem vulcânica de uma erupção de 60 milhões de anos aproximadamente.

Nesta floresta de pedras uniformes, com colunas de 4, 5, 6, 7, 8 ou 9 lados, parecendo lápis gigantescos de até 12m, avançando sobre o mar, se encaixa perfeitamente a lenda de dois gigantes — um irlandês e um escocês — na construção e destruição do enigmático calçadão, numa disputa de poder.
Através deste calçadão, o gigante irlandês alcançaria a pequena ilha Staffa na Escócia. Lá, a Gruta de Fingal se estende espetacularmente por 80m rochedo adentro. Esta caverna tem a mesma surrealista formação basáltica; veja aí mais uma razão para creditar aos gigantes 😉 esta incrível obra de arte, considerada patrimônio da humanidade.

Próximo do Giant’s Causeway está, entre outras atrações, a Carrick-a-Rede Rope Bridge. É uma ponte de cordas de 20m de comprimento, unindo dois penhascos de 30m de altura; era usada, tradicionalmente, pelos pescadores de salmão. A vista é esplendorosa e uma sensação de plenitude é trazida pelo profundo silêncio só cortado pelos ventos.

A Causeway Coastal Route é considerada uma das mais maiores jornadas do mundo: de Belfast a Londonderry, ou vice-versa. Além de castelos, da Bushmill’s, uma destilaria de uísque de 400 anos, de campos de golfe, é uma rota de descobertas onde a natureza brincou como uma criança livre, travessa e engenhosamente criativa: trilhas, jardins selvagens, florestas, cachoeiras, penhascos banhados pelo mar, este guarda-costas temperamental.

Ao final da tarde até um banco de madeira pareceu aconchegante para um cochilo… os olhos tão cheios precisavam guardar aquelas imagens inesquecíveis!

Atlético e companhia aérea no Marrocos

Parece conexão esdrúxula? Nem tanto.

A multidão atleticana voando para o Marrocos, certamente pela Royal Air Maroc, poderá ter sérios problemas com a desorganização da companhia, como se pode constatar pelas inúmeras queixas no Skytrax. Ontem recebemos pedido de ajuda de passageira cuja mala extraviou-se. O sumiço de bagagem é constante, comum, e insolúvel.

Entre outros problemas, malas de passageiros de origens diversas desaparecem sem deixar vestígios e, na Royal Air Maroc, as queixas, os problemas daí decorrentes, as causas do sumiço, o “destino” (?) das bagagens também tornam-se invisíveis, irrespondíveis, intocáveis, misteriosos e sem vestígios…

As operadoras e agências de viagem sérias e a ABAV (Associação Brasileira de Agentes de Viagem) têm a obrigação de alertar os consumidores da gravidade do problema, já público e notório, na Royal Air Maroc. As seguradoras de viagem sérias também deveriam fazer o alerta.

No caso presente, a seguradora está seguindo o trâmite legal dos prazos e tenta a recuperação da bagagem tão somente na própria companhia aérea.

Claro, extravio de bagagens acontece. Mas aos precedentes, à frequência, ao descaso, à omissão contínua, já não se pode mais chamar de extravio ou perda fortuita. Há outro nome para isso…

Titanic — Belfast

Curtir o luxuoso e romântico navio era um desejo bem forte. O navio foi construído em Belfast, Irlanda do Norte, onde, até hoje, as mesmas companhias mantém os guindastes trabalhando nas docas. O Titanic sempre foi motivo de especulação; a partir de 1985 tornou-se a grande atração na literatura, filmes, pesquisas e fofocas. Naquele ano, Robert Ballard, oficial da marinha mercante americana, professor de oceanografia conhecido e respeitado pelos trabalhos em arqueologia submarina e em naufrágios, descobriu os destroços, depois de varrer com a equipe e o robô Argo centenas de quilômetros no fundo do mar.

Ballard tentou, inicialmente, manter em segredo o exato lugar do naufrágio e impedir a invasão daquele “sagrado cemitério”. Relevante descoberta dessa expedição foi a confirmação de que o navio se partira em dois e a popa sofrera danos muito maiores. O competente oceanógrafo descreveu a primeira imagem da proa:

…rios gelados de ferrugem cobrem os lados do navio e se espalham no fundo do oceano.

Ballard retornou em 1986, desta vez com o submarino tripulado Alvin, para uma pesquisa detalhada do mais famoso naufrágio de todos os tempos. A curiosidade, para o bem ou para o mal, trouxe à tona os mistérios, as histórias e os mitos.

A partir de 1986 a RMS Titanic Inc. dedicou-se a preservar o legado do navio; em sucessivas expedições foram resgatados 5500 artefatos. Com este magnífico acervo, complementados por filmes, fotos e testemunhos vários, a empresa recriou espetacularmente toda a atmosfera do Titanic em exposição por todo mundo.

Não escapamos ao fascínio e já corremos atrás do Titanic: assistimos o documentário de Ballard nos Estados Unidos; visitamos em Halifax, Canadá, o belo cemitério onde estão centenas de vítimas; a gente pôde se arrepiar ao tocar em um enorme iceberg de verdade na primeira exposição da RMS Titanic em San Francisco. Em Denver, Colorado, envolvemo-nos emocionalmente com Molly Brown, famosa sobrevivente do Titanic. Na Irlanda, estivemos em Cobh, último porto de onde partiu o Titanic, hoje museu da emigração.

Titanic/Belfast - Copyright©2013 Rainer BrockerhoffAgora, em Belfast, completamos a peregrinação ao visitar o maior museu do mundo sobre o Titanic. A grandiosidade, o avanço tecnológico, os detalhes, enfim toda a Mostra é comparável à construção do próprio navio. Resumindo:

uma ida a Belfast apenas (!) para reviver todas as emoções daquela viagem e voltar no dia seguinte é altamente compensadora.

Paladas de Alexandria — poeta grego

Também filósofo, do século IV d.C., contestou, duramente, as consequências da transição da cultura grega para o cristianismo.

O tema Tyche — a divindade da má ou boa sorte, fortuna, adversidade, acaso, destino — é muito bem desenvolvido com laivos de humor e ironia. Aqui uns epigramas de Paladas, traduzidos por outro poeta, José Paulo Paes:

Muita coisa pode acontecer entre o cálice e o lábio. (X:32)

 

Enriqueces; e daí? Quando morreres, a riqueza por acaso
te seguirá ao te arrastarem para o túmulo?
No juntá-la gastaste o teu tempo de vida; não poderias
pagar por ela preço mais exorbitante. (X:60)

 

Um palco, a vida e uma comédia; ou aprendes a dançar
deixando a sisudez de lado ou
lhe aguentarás as dores. (X:72)

Autoestima — Poema Urbano

Uma árvore delicada
quase frágil
presa à calçada
se cobre de pendões
amarelos…
iluminam a avenida
cheia de ruídos
e gente distraída
se enfeita
ignora a desfeita
dos desiludidos.

Os galhos floridos
sob a chuva
ou sol matutino
estão plenos abertos
prontos e certos…

Admirável
esse destino!

À recém-formada paisagista Sonia, esta floração!

Copyright ©2013 Maria Brockerhoff