Índia Rego

Pedido

Deixem que eu seja eu
O eu que sonhava ser
Não este eu de mentira
Que todos me obrigam a viver!

Que caia a máscara usada
E surja a face desnuda;
Que, embora em pranto lavada,
Minh’alma não seja muda.

Deixem que eu seja eu
Não importa boa ou má:
Aquela que sei que sou
E que não sei onde está.

Ah! Uma Ilha…

Quero uma ilha!
Chega de mim
Chega de gente
Agregado ou
Dependente
É só armadilha
Mar sem trilha
Canoa sem quilha.

O tal ser humano
Ignorante ou letrado
É bicho complicado
Não tem saída
Desta louca corrida
Tal qual boiada
Solta, sem destino
Em busca do nada!

Basta
Gente madrasta!
A vida é boa
Brisa na proa…
Sejam agora
Jogados fora
Os chatos, os mal-amados
Sem demora afogados
Todos os mal-acabados…

Copyright©2011 Maria Brockerhoff

Mineiricai

Depois do gozo
de todo o belo início
vem precipício

Poço bem fundo
já não mais me engana
ess’alma humana

Copyright©2011 Maria Brockerhoff

A Estátua da Liberdade…

…traz, na segunda parte do poema inscrito na sua base, a esperança de um mundo mais justo, menos pobreza e opressão; significou a acolhida ao mundo da América, ao sonho americano, enfim, um upgrade :-):

…Traga a mim os cansados, os pobres
essa massa acotovelante que anseia por respirar livremente,
A escória miserável que povoa suas praias.
Envie aqueles sem lar, os banidos pelas tempestades, mande-os a mim.
Eu lhes erguerei minha luz até o portão dourado!


(do poema “The New Colossus”, de Emma Lazarus)

Dor de Cotovelo

Para um querido amigo… sofrendo disto!

Meu amigo, go back home
Volte pro seu lugar.
Volte pra sua casa
De mansinho sem alarde
Devagarinho.
Não precisa
Choro nem perdão
Nem pensar discutir a relação
Tampouco falar nada:
Há falta danada
De conserto de remendo
De roçar a mão.

Volte pro seu canto
Vá apertar o parafuso
Que ajusta o desencanto.
Vá sem promessas
Muito menos plano ou jura
Isto ninguém atura.

Volte pro seu posto
Aqueça o forno
Este fogo alimenta.
Deixe livro ou ferramenta
Pra buscar depois.
Deixe a chuva passar
Espere o sol a dois.

Vá preencher o vazio
Do lugar intocado.
Jogue fora
As tralhas do passado
A vida urge agora.
Não demore amigo
Não se feche
Abra o coração
Ostra sempre acaba
Em suco de limão…

Copyright©2011 Maria Brockerhoff