Ilha Isabela — Galápagos

Na manhã fresquinha o mar prateado convida para um mergulho agora, antes mesmo do café. As ondas descansam, relaxam, renovam toda essa engrenagem de corpo e mente!

No farto café da manhã os sucos exóticos são saborosos e o tal suco de Babaco é um néctar…

Rumamos para as terras altas de Isabela. Veículos não são permitidos além da entrada do Parque Sierra Negra. A partir daqui é uma boa caminhada, sem esforço, de 2km, até a cratera do vulcão Sierra Negra. A vista de 360 graus das elevações vulcânicas, do mar, das ilhas lá embaixo, traz uma boa sensação.

Esta cratera — 10km de diâmetro — é considerada a segunda maior do mundo entre os vulcões ativos; a primeira é do Ngorongoro, na Tanzânia. A última erupção do Sierra Negra, em 2005, durou uma semana e, felizmente, se restringiu à cratera.

Num ponto mais distante e de acesso bem mais difícil está o vulcão Chico, em plena atividade, com fumarola e tudo. Os mais corajosos prosseguiram… nós voltamos para um excelente almoço no Rancho Primicias, uma fazenda de pioneiros na ilha. A comida muito gostosa com hortaliças e frutos do pomar. Mangueiras carregadas são uma festa de doçura suculenta. Ofereci uma manga amarelinha para um jovem americano e valeu vê-lo sorver, pela primeira vez, o caldo com a cara mais surpresa do mundo! Nas redes, na sombra, uma soneca é inevitável.

Em convênio com o Parque Nacional Galápagos, estes fazendeiros cuidam de tartarugas gigantes ali mesmo no quintal. Os cuidados com a preservação são bem avançados; o gado é controlado em corrales, cultivam banana, cana, papaya em áreas determinadas.

À tarde passeamos em volta de uma laguna — uma antiga mina — alimentada pela água das chuvas abundantes por aqui. Hoje é o habitat de flamingos e outras espécies de aves.

Centro de Crianza de Tortugas desenvolve um programa da máxima importância na criação e preservação das tartarugas, mantido por organizações internacionais. As tartarugas-bebês são criadas em caixas ventiladas a 1m do solo, com alimentação balanceada e cuidados especiais até os 5 anos, pois a carapaça dos bebês é muito frágil. A partir daí são mantidas em compartimentos separados conforme a idade. Em todo o parque há enormes pés de mancenilheiras — as “maçãs venenosas” nativas — um dos alimentos preferidos das tartarugas a partir dos 5 anos.

Por volta dos 25 anos as tartarugas voltam para o habitat; nesta época a carapaça já está bem dura e resistente aos ataques de ratos, gatos e — até recentemente — cabras e porcos. Antes destes programas, as tartarugas não sobreviviam. Uma medida drástica, mas eficaz, em 2005, resolveu de uma vez os ataques. 300 mil cabras e porcos foram abatidos por caçadores, inclusive australianos, especialmente treinados. Foi um churrascão sem precedentes nas ilhas e em Guayaquil, Ecuador.

Agora, na volta ao confortável Hotel Red Mangrove/Isabela Lodge, a praia é irresistível. Com uma gentil turista peruana aproveitamos muito as ondas e as estrelas.

Para a despedida, Las Tintoreras, ilhotas de lava retorcida, habitat dos pássaros de pés azuis, de pinguins tropicais — a única e menor espécie — de colônias de iguanas e leões marinhos e dos tubarões de pontas brancas que vivem na fartura dos mangues abrigados pelas pedras negras no mar esmeralda à vista dos cumes dos vulcões.

Aqui, mais uma vez o “snorkeling” em meio a milhares de peixes coloridos, tartarugas e minúsculas plantas suculentas. Mal pude acreditar em um cardume de peixinhos de poucos centímetros, da espessura de uma agulha de linha grossa, transparentes, visíveis apenas sob determinado ângulo da luz do sol. Inimaginável! O silêncio sob as águas é repousante e tranquilizador.

Ao longo do tempo, certamente este turismo constante prejudicará o frágil ecossistema e suas encantadoras criaturas.

O transporte existente entre as ilhas é complicado e cansativo devido às distâncias. Assim, em navios de cruzeiro, o aproveitamento é, sem dúvida, muito maior.

Galápagos — Ecuador

O arquipélago é de origem vulcânica. As sucessivas erupções formaram montanhas submarinas gigantescas, das quais as ilhas são apenas uma pequena amostra.

A Copa Airlines voa de Belo Horizonte MG a Guayaquil, Ecuador, com escala na cidade do Panamá. Evitamos, ao máximo, qualquer conexão em São Paulo. A companhia oferece bons serviços, não houve atrasos; as poltronas são espaçosas mas os “pés” ainda não se elevam o suficiente. A mais confortável poltrona-leito — a “flat bed” — é a da South African Airways. O melhor toalete a bordo é o do Airbus 330-300 da Lufthansa; o projetista inteligente teve a excelente idéia de abrir ali uma janela. A luz do sol e as nuvens pertinho iluminam aquele cubículo, ops! o banheiro, e o melhoram muito!

Pernoite em Guayaquil, a maior cidade do Ecuador, no tradicional e bom Hotel Hampton Inn. No dia seguinte, vôo para Galápagos. O aeroporto da Ilha de Baltra tem modernos equipamentos de energia solar e cuidadoso programa de preservação ambiental. Paga-se uma taxa de turismo de US$100 por pessoa, razoável!

O destino é Puerto Ayora na ilha vizinha de Santa Cruz, a 42km. A princípio bem árida, a ilha vai se cobrindo de verde até atingir uma densa vegetação. Puerto Ayora é um vilarejo limpo, com bons hotéis, restaurantes e muito boa estrutura de turismo. A Galeria de Arte Aymara é surpreendente, com belíssimas obras de artistas peruanos. Pertence a um suíço que veio visitar Galápagos… …há 28 anos.

O Hotel Red Mangrove, muito agradável, está em meio ao mangue cheio de caranguejos coloridos. O restaurante aberto para o Pacífico, onde as iguanas e lobos marinhos são os hóspedes principais.

O segundo dia foi para remar nas águas turquesa e observar os tubarões — tiburones — e os filhotes bem pertinho do caiaque. Ao alcançar a baía de águas cristalinas, o irresistível “snorkeling” cercado de pássaros — aqueles de inacreditáveis pés azuis — enormes pelicanos, lobos marinhos e tartarugas. Uma fragata — aquela ave com um enorme papo inflável — não se dignou a fazer uma demonstração.

À tarde partimos para a Ilha Isabela, a maior, em formato de cavalo-marinho. São mais de duas horas numa barulhenta lancha/voadeira. Na travessia, um “pão-de-açúcar” de rocha amarelada, entre outras formações, surge das águas revoltas do Pacífico. Na chegada, outra taxa, esta de US$20.

O hotel, da mesma cadeia Red Mangrove, espaçoso e confortável, está a poucos metros da praia muito limpa de Puerto Villamil com boas e convidativas ondas; aproveitei! Bem perto, um pitoresco bar abandonado, onde as pedras vulcânicas em círculo resistem às ondas bravas.

As espreguiçadeiras do hotel, na praia, são um camarote…