Dor de Cotovelo

Para um querido amigo… sofrendo disto!

Meu amigo, go back home
Volte pro seu lugar.
Volte pra sua casa
De mansinho sem alarde
Devagarinho.
Não precisa
Choro nem perdão
Nem pensar discutir a relação
Tampouco falar nada:
Há falta danada
De conserto de remendo
De roçar a mão.

Volte pro seu canto
Vá apertar o parafuso
Que ajusta o desencanto.
Vá sem promessas
Muito menos plano ou jura
Isto ninguém atura.

Volte pro seu posto
Aqueça o forno
Este fogo alimenta.
Deixe livro ou ferramenta
Pra buscar depois.
Deixe a chuva passar
Espere o sol a dois.

Vá preencher o vazio
Do lugar intocado.
Jogue fora
As tralhas do passado
A vida urge agora.
Não demore amigo
Não se feche
Abra o coração
Ostra sempre acaba
Em suco de limão…

Copyright©2011 Maria Brockerhoff

O Fogo

inquieto, espero
para olhar
teu olhar

ver nele o mesmo incêndio noturno
a dança
de brasas flutuantes

temo
que o fogo falhe
e não se espalhe
espoucando pelo bambuzal.

E seja tudo, novamente, natural.

©Copyright 1997 Nelson Vaz (do livreto “Lado Alado”, Coleção Poesia Orbital)

Ano Novo

ano novo?
novo apenas o ovo…
tudo o mais
está manchado
está corroído
está moído

novo apenas o ovo…
tudo o mais
está gasto
está sujo
está podre
está roto… o odre

Copyright©2011 Maria Brockerhoff

Oásis

…avenida Pedro II, trânsito lento, casario feio, passeios cheios de lixo; à direita, avenida Bias Fortes; o viaduto enegrecido completa a paisagem desolada da cidade grande.

Logo depois da esquina, uma massa dourada à direita, um oásis de flores amarelas, algumas pétalas esvoaçando…
    a rua se iluminou
    a feiura sumiu
    os cachos coloridos penetram a retina
    um fio de esperança desponta.

Este Ipê magnífico, como o são todas as árvores, recebe em troca as queimadas, as serras elétricas e a derrubada para os blocos de cimento disfarçados em áreas de “lazer” e em espaços “gourmet”.

Oh! humanidade desvairada…
    Que venha o outro dilúvio!

Museu John Kennedy

Dallas desperta a curiosidade sobre o assassinato.

O prédio de 7 andares, estrategicamente na esquina, era um depósito de material escolar, onde Lee Oswald fora trabalhar 40 dias antes (!). Perto da janela do 6º andar ainda estão empilhadas as caixas de livros (cercadas por vidro temperado) que serviram de apoio e mira.

O prédio todo foi transformado em museu e conserva a aura de suspense e mistério.

É muito interessante acompanhar a trajetória dos ilustres visitantes, o contraste entre o povo vibrando nas ruas, a elegância de Jacqueline, o recebimento de flores, os acenos e efusivos cumprimentos e, segundos depois, o imponderável (ou não?) desfecho na curva da Elm Street com Dealey Plaza. Há marcas (X) na pista onde os tiros alcançaram o presidente.

Este filme já foi visto inúmeras vezes, ainda assim, a sequência dos acontecimentos e a tragédia ainda é emocionante. Já foi dito que Jacqueline – ela disse não se lembrar absolutamente – foi de gatinhas recolher os miolos de Kennedy; contudo, a intenção era ajudar um segurança a subir no carro.

A visita ao museu mostra claramente:

  • o conflito entre as autoridades federais, estaduais e locais para lidar com o caso, prejudicando a investigação;
  • o corpo de Kennedy foi disputado “a tapas” do instituto médico legal por diferentes departamentos reivindicadores;
  • teorias divergentes sobre o número de balas; inexplicavelmente apenas uma bala foi encontrada na maca do hospital para onde foi levado o governador do Texas, gravemente ferido;
  • Jack Ruby – o assassino de Lee Oswald – tinha livre trânsito na delegacia que investigaria o caso;
  • a discordância sobre quais peritos fariam a autópsia e a escolha inicial de apenas um deles;
  • o trajeto do presidente, com a posição e o número de automóveis, foi publicado detalhadamente nos jornais com bastante antecedência.

Estas questões, dentre muitas outras, deixam mais dúvidas do que respostas. Ninguém poderá fornecer, com certeza, as conclusões elucidativas.

Curiosamente, consta John Kennedy ter comentado com Jacqueline “nós estamos numa terra de malucos;” (“nut country”, em tradução livre), “se alguém quiser me matar, ninguém poderá impedir”.

Fica, à saída do museu, a sensação de desperdício de vidas humanas e as imagens do funeral trazem profundo sentimento de desvalia…

Calendário Chinês

O calendário chinês é o mais antigo registro cronólogico que há na história, começa em 2637 A.C.

Segundo a lenda, Buda chamou todos os animais à sua presença antes de partir da terra; somente doze vieram dizer-lhe adeus. Em recompensa, Buda deu a cada ano o nome do animal na ordem em que chegaram:

rato (“Shǔ” 鼠); boi (“Niú” 牛); tigre (“Hǔ” 虎); coelho (“Tù” 兔);
dragão (“Lóng” 龍); serpente (“Shé” 蛇); cavalo (“Mǎ” 馬); carneiro (“Yáng” 羊);
macaco (“Hóu” 猴); galo (“Jī” 雞); o cão (“Gǒu” 狗); o porco (“Zhū” 豬).

Assim temos os doze animais-signos da atualidade; o animal regente do ano em que você nasceu, dizem os chineses, exerce profunda influência sobre a sua vida: “esse é o animal que se esconde em seu coração”.

Cada um dos signos-animais aparece combinado com um dos cinco elementos principais: madeira, fogo, terra, metal e água.

O calendário chinês é curioso; traz, em si mesmo, boa dose de humor; é ótimo assunto numa roda e costuma desmonstrar as mais interessantes coincidências.

O calendário lunar oriental registra, com mais acertos, as mudanças das estações e os fazendeiros chineses o usavam para procurar os dias mais favoráveis à semeadura, colheita e previsão de chuvas.

Ainda hoje, muitos ainda o consultam para saber a época mais propícia para construir a casa, para o casamento, para uma decisão importante e, principalmente, para os festivais chineses.

O calendário chinês é enriquecido pelas interpretações de adivinhos chineses, lendas, mitologias e livros bem antigos.

Podem-se fazer divertidas e, às vezes úteis, observações entre a maneira de ser dos amigos e as características do signo-animal correspondente. Por exemplo:

  • aquele cliente caprichoso e volúvel deve ser do ano do cavalo;
  • as pessoas nascidas no ano do carneiro “comem papel”, ou seja, esbanjam dinheiro;
  • os nativos de serpente são encantadores, mas também podem ser frios e impiedosos;
  • aquele tio, capaz de consertar tudo, nasceu no ano do habilidoso macaco;
  • o marido lento, conservador e seguro pertence ao fidedigno boi;
  • alguém confiável e diplomata é coelho;
  • o otimista é tigre;
  • o forte é dragão;
  • o infatigável é rato…

Curiosidades:

  • Ano do boi: Adolf Hitler; Charlie Chaplin;
  • Ano do coelho: Albert Einstein; Fidel Castro; Josef Stalin;
  • Ano do Dragão: John Lennon; Ringo Starr;
  • Ano da serpente: Pablo Picasso, Johannes Brahms, John Kennedy, Indira Gandhi;
  • Ano do cavalo: Barbra Streisand; Paul McCartney.

Se quiser saber sobre o seu signo-animal, coloque a data de nascimento, se possível a hora, no comentário. As Erínias adoram uma boa brincadeira 🙂

Por do Sol

É, por definição, indescritível.

Podemos falar das batidas aceleradas do coração,
da perplexidade diante daqueles raios coloridos tirando-nos o folêgo.

A despedida de hoje foi, mais uma vez, surpreendente e
quem teve a sorte grande de estar na platéia
pôde guardar este por de sol na retina e trazê-lo de volta…
para iluminar um momento escuro.