Sikkim — o Paraíso dos Andarilhos

A cadeia de montanhas oferece caminhadas de 280m a 8586m de altitude, onde se alcança o pico Kanchenjunga: “Os Cinco Tesouros das Neves”. É o paraíso dos trekkers. Cada um pode escolher o nível de desafio aos deuses do Himalaya.

Yuksom ou Yuksam, significa “lugar de encontro dos sábios”, é hoje um pequeno e pobre vilarejo. Foi a capital de Sikkim de 1641 a 1670. Neste lugar, três Lamas tibetanos escolheram o monarca dos Bhutia, a etnia predominante, de natureza dócil. O rei recebeu o título de Chogyal, i.é, rei virtuoso, e a dinastia o de Namgyal, que reinou até 1975, quando Sikkim foi anexado à Índia, como 22º estado.
Os Lamas coroaram o Chogyal em um trono de pedra, ainda hoje atração para turistas e peregrinos.

Yuksom é o portão de entrada para os picos nobres, incluindo o Kanchenjunga, a morada da deusa Dzo-nga. Daqui partem excursões durante todo o ano pelas trilhas de rododendros, pinheiros, abetos, pastos de yaks, rios, lagos e cachoeiras. Entre estas a espetacular queda da pedreira do Khangchendzonga. Aqui, apenas um detalhe:

Khecheopalri é o lago sagrado entre Yuksom e Pelling. Tem o formato de um pé gigantesco. Está bem escondido, é uma surpresa no fim da trilha. Aqui, o agradável corredor ladeado de rodas de oração nos leva à margem. Segundo uma lenda, os pássaros recolhem as folhas que caem na superfície. Realmente é um espelho verde cintilante. Dizem, também, ser o Lago dos Desejos — contemplar suas águas os transformarão em realidade… fique atento!

O Kathok é o irmão menor do Khecheopalri. Curtimos lá um piquenique! Às margens dos lagos, centenas de bandeiras, rodas de oração e de sinos. Para a tradição tibetana são mensagens e sons de compaixão, de sabedoria e de paz levados pelo vento…

Os aventureiros mais bem preparados e audaciosos atacam o Goecha-La, a 4950m. É uma trilha duríssima, com temperaturas muito baixas. Quem consegue chegar lá se diz recompensado com a vista inigualável e espetacular do Kamchenjunga.

Um dos vencedores é o indiano George Thengummoottil. Ele teve, desde criança, seríssimos problemas de visão. A médica preferiu concluir que eram invencionices. Sofreu muito e, mais tarde, veio o diagnóstico: ceratocone, uma doença degenerativa incurável na córnea dos dois olhos… as imagens, as pessoas, a vida, tudo se transforma em borrões!

O ceratocone oferece as alternativas de perda de emprego, perda de esperança e até perda de vida. George escolheu outra bem diferente: luta com o ceratocone viajando pela Índia, alcançando os pontos mais altos do Himalaya. No seu blog, podemos até “ouvir” o brado:

Yes, I did it!

quando documentou a árdua subida do Goecha-La neste filme premiado: