“The Victoria Falls Hotel” tem uma atmosfera envolvente, com mais de 150 apartamentos em amplas alas interligando jardins, restaurantes, elegantes salões. Há um especialmente para jantares de gala, com orquestra de câmara, onde vestidos longos e smoking são de rigueur. Divertimo-nos muito em observar o requinte… …de uma distância segura! 😉
A entrada principal, em colunas, conduz à vista das cataratas. A gente nem acredita ao ver o chumaço de nuvens de vapor subindo ali bem perto. Da varanda do restaurante a ponte entre Zimbabwe e Zâmbia fica dourada ao por do sol, ao som do piano. Sabe aquela sensação de estar vivendo num filme ou romance de época…?
Salas com mobílias confortáveis se abrem para pátios com fontes, flores e majestosas árvores, incluindo espaço para exposições de arte, jogos e reuniões. Os corredores bem largos, com tapetes grossos e fofos, têm as paredes cobertas com a história do domínio inglês, que sugou o máximo das terras de além-mar. Também lá está a família “imperial” em 1947: a rainha-mãe, a jovem princesa Elisabeth e outras damas em incríveis chapéus, vestidos finos, saltos no meio do mato, às margens das cataratas.
As mangueiras e as árvores centenárias são enormes, debaixo destas florescem begônias, inhame — Colocasia Esculenta — e outras variadas folhagens numa terra preta, fofíssima. Todo o gramado tem exóticas cercas-vivas com frutinhos pretos e exposição de esculturas em pedra.
A piscina, um enorme retângulo de pedras coloridas, tem uma fonte com degraus de cada lado; é funda com fortes duchas laterais. As chaises longues espalhadas em volta atraem bando de macacos que brincam por ali. Um caramanchão abriga um espaço gourmet, principalmente, para churrascos. O vestiário tem piso de mármore xadrez, com todos aqueles mimos cheirosos e cravos naturais. Tudo limpíssimo! Ao fundo, um salão com arcos em estilo árabe, refrescado por ventiladores, oferece altos e macios almofadões. Irresistível não cair em um deles… dormimos profundamente naquele cenário de 1001 noites.
Todos os funcionários do hotel são negros — dos mais simples aos da administração. Aliás, a não ser turistas, não vimos brancos na cidade das cataratas. O pessoal é muito atencioso, bem-humorado; a mistura de etnias — Shona, amaNdebele ou Zulu e Tsonga — parece dar muito certo. Todos recebem, com um grande sorriso e efusivas exclamações, a palavrinha mágica: Tatenda, Siyabonga, Inkomu. Fazemos questão de aprender “obrigado” nas línguas da terra.
Este hotel, construído em 1904, demonstra o luxo, o conforto, a sofisticação que os imperialistas ingleses desfrutaram nestas terras africanas. Pode-se imaginar o deslumbramento dos europeus neste paraíso e daí as histórias, os dramas, a espoliação, o poder…