Este polêmico livro do nosso baiano é de uma extrema e terrível lucidez.
O assunto é pesado, até assustador! Daí, talvez, a relutância de o leitor aceitar que a natureza humana é, sim, capaz de ultrapassar os limites do Bem e do Mal.
A parte final do livro é destoante e, mais uma vez, a gente desejou que um corajoso Editor tivesse usado, ali, um misericordioso bisturi…
Contudo, o objetivo aqui é, tão somente, transcrever — ipsis litteris — um trecho que, por si só, vale o livro. Cada releitura deste texto faz o coração saltar diante da perturbadora e dura verdade:
A vida é vitoriosa não quando se tem o que se costuma ver
como bênçãos, ou seja, beleza, dinheiro, honrarias e assim por diante.
Essas coisas podem perfeitamente conviver e entrar em simbiose
com a mais completa infelicidade.
Elas não representam uma vitória por mais que seus detentores
e os que erroneamente os invejam queiram pensar assim.
A vida é vitoriosa quando se satisfaz o que de fato há em cada um de nós,
aquilo que de fato ansiamos e quase nunca nos permitem,
nem nos permitimos, reconhecer.