O filme “Vincere” de Marco Bellocchio (2009) retrata uma história de amor e ódio, como são as grandes paixões.
Ida Dalser, uma bela jovem, acreditou nos ideais de Benito Mussolini. Apaixonam-se. Ida vende tudo para financiar o jornal “Il Popolo dell’Italia” que contribuiu para que o socialista Mussolini se transformasse no amado e odiado “Duce”.
Por lutar publicamente pelo reconhecimento do filho e exigir direitos, Ida é internada em hospícios italianos dirigidos por padres e freiras católicos.
O ponto alto do filme é a lucidez de um psiquiatra ao tentar mostrar a Ida que, naquele mundo fascista, a verdade era intolerável. Ela teria, ponderava o médico, de comportar-se conforme o figurino, de fazer-se submissa, de, até, decorar poemas ao gosto da madre superiora… seria o único meio de se livrar do hospício para cuidar e proteger o filho, também internado em instituições para doentes mentais.
Contudo, Ida não conseguiu compreender e seguir as estratégicas recomendações que poderiam salvá-la. Como todo amante desesperado, não aceitou a rejeição da sua loucura de amor, envolvendo o filho desde a mais tenra idade neste drama doloroso, levando-os a um fim trágico.
Ao terminar o filme, fica a triste sensação de desperdício de vidas. Repete-se, ainda e sempre, de várias formas, a tragédia grega de Medéia, aquela poderosa mulher que, ao sentir-se abandonada pelo amado Jason, mata-se juntamente com os próprios filhos.
Apesar das controvérsias há documentos na cidade de Milão, onde Mussolini fora obrigado a pagar pensão alimentícia. Esta, ainda, é uma página obscura na história italiana, somente descoberta em 2005.