Também há naus que não chegam Mesmo sem ter naufragado Não porque nunca tivessem Quem as guiasse no mar Ou não tivessem velame Ou leme ou âncora ou vento Ou porque se embebedassem Ou rotas se despregassem Mas simplesmente porque Já estavam podres no tronco Da árvore de que as tiraram
Está, merecidamente, incluído na lista dos lugarejos mais belos da Itália: Gerace, no topo, mostra lááá embaixo a Calabria banhada pelo azulíssimo mar Ionio / Jonico. Aliás toda a costa-sul aproveita fartamente o sol, esta matéria-prima de país tropical.
Chegamos pouco depois de uma chuva torrencial e a cidadinha nos recebeu de alma lavada. Vinhos cuidadosamente produzidos aqui e acolhedores cafés completam as boas-vindas após a chuva. Para chegar à praça pode-se escolher entre boas pernadas morro acima e o pitoresco trenzinho da mamma.
Na costa oeste da Calabria a enigmática Sicilia, logo ali depois do Estreito de Messina. O antigo e polêmico projeto da construção de um viaduto, unindo a ilha ao continente, aquece discussões ruidosas. A obra estimada em €5 bilhões (!) valerá o benefício?
De uma outra vez, subimos o monte Etna, na costa leste da Sicília, para um inesquecível mergulho num dos cones secundários do vulcão. Uma “craterinha” calma e receptiva — naquele momento!
…representa, desde os gregos, a idéia universal da união de crenças quebrada pelo grande cisma da igreja católica em 1054. Aqui, em Stilo, nasceu — 1568 — Tommaso Campanella, dominicano, filósofo, poeta, teólogo; preso e torturado pela inquisição romana por defender avançadas idéias políticas de paz e justiça.
O gracioso mosteiro, em estilo bizantino do século IX, erguido com as pedras de Kaulon, uma colônia grega de 1200 a.C., foi restaurado e conserva partes de preciosos afrescos.
Gerace, Stilo, Santa Severina — estes burgos quase intocados, perdidos no sul da Itália, são muito especiais. Na Calábria, a costa belíssima é banhada pelos mares Tirreno e Ionio.
Por aqui passaram gregos — Magna Grécia — romanos, suábios, aragoneses, normandos; daí a diversidade em cada canto. A estrada serpenteia à beira de plantação de olivas, de cedros e da adorável bergamota: uma mistura de limão e laranja azeda que se multiplica em chás, doces, licores. Da casca se extrai o óleo essencial para perfumes, principalmente Eau de Cologne, lançado na Alemanha no século XVIII.
Numa volta surge, lá em cima, Santa Severina, apelidada “la Nave de Pietra”:
Entre as curvas de uma estradinha, uma apetitosa surpresa: Azienda Agrituristica Le Puzelle. O jovem empreendedor, Sergio, parece estar totalmente envolvido com o próspero negócio da família. Já morou no Brasil, tem pousada em Florianópolis.
Quer desenvolver o agro-turismo, aproveitando a falta de transporte regular na região e a distância dos grandes centros como um atrativo. O turismo em massa traz, sabidamente, desvantagens a longo prazo. Vale descobrir todas as delícias italianas e o melhor cappuccino… do mundo!
Um lugar muito diferente surgiu lá no alto! Chegamos a uma praça com o piso claro e brilhoso, torres, balcões, escadarias… tudo de pedra. Nem sempre escolhemos roteiros em detalhes; ver fotos antecipadamente, nem pensar. A recompensa é a sensação indescritível desta surpresa: Matera.
Nunca ouvíramos sobre a cidade dos Sassi — pedras em italiano — situada em Basilicata, no “tornozelo” da bota a 70km de Bari, habitada há mais de 12 mil anos. Os Sassi são cavernas habitadas desde o período paleolítico e se dividem em Sasso Caveoso e Sasso Barisano.
Antigamente, as condições de vida nos Sassi eram miseráveis: doenças, sujeira, absoluta falta de higiene. Em 1944 o escritor Carlo Levi denunciou ao mundo, no livro Christ Stopped at Eboli, os horrores de um inferno de Dante. Há um filme com o mesmo título, de 1979; o significado é de o cristianismo e a civilização jamais terem ido além da cidade de Eboli, onde viviam os excluídos pela pobreza.
Nas décadas de 1950 e 60 os Sassi foram considerados um insulto à República daí, depois de planos, projetos e reviravoltas, iniciaram a evacuação, restauração e o saneamento — década de 1990. Inevitável, nestes casos, o dramático impacto da mudança, a perda de laços afetivos e as dificuldades de adaptação. Contudo o saldo é altamente positivo: as cavernas revitalizadas são um centro cultural efervescente com museus, artes e desenvolvimento.
Em Matera foi filmado, entre outros clássicos, A Paixão de Cristo de Mel Gibson. A cidadinha já recebe 600 mil visitantes por ano. As cavernas abrigam, com conforto, bons restaurantes, hotéis…
É a primeira imagem de Grindelwald. Nesta época, início de primavera, fora de temporada de esqui, muitos hotéis se fecham e a cidadinha se oferece, principalmente, para turistas asiáticos.
O Hotel Wellenberg em Zürich é central, atendimento perfeito. Na universidade — fundada em 1833 — uma das mais avançadas da Europa, o Museu de Zoologia é espetacular. Este exemplar de preguiça gigante, um animal pacífico, viveu nas Américas há 20 mil anos.
Aqui, a criançada tem a oportunidade única de alargar a mente, de descobrir os próprios talentos. O restaurante universitário é de alto nível. O campus é um jardim só:
A rota inicial: Zürich / Luzern / Giswil / Interlaken Ost / Grindelwald em trens panorâmicos. Não se pode cometer a heresia de descrever fotos ou paisagens; estas, no real, são absorvidas pelos poros ou reduzidas a selfies.
Em Grindelwald o Hotel Eiger Selfness é um village, com jardins internos, estrutura completa de fitness, sauna e spa. Aqui é o embarque no trem amarelo para Jungfraujoch, um passo elevado entre os montes Mönch e Jungfrau. A cremalheira nos trilhos foi especialmente projetada para trechos íngremes.
Alcança-se o topo em 78 minutos. Através de um túnel chega-se a um edifício gigantesco embutido na rocha com restaurantes, exposições, lojas, histórico da dificílima construção — 1896 a 1912 — e um palácio de gelo.
Numa bifurcação do Rhône, Arles — no sul da França — é a porta de Camargue: uma região muito rica em biodiversidade, escolhida pelos flamingos e morada dos intrigantes touros negros. Ao anoitecer, aportamos neste canal do rio, protegido por muralhas.
Neste canal havia uma ponte espetacular destruída na Segunda Guerra; restaram dois pilares e, relembrando a grandeza da obra, pares de leões em cada margem:
Arles, nos séculos IV e V, foi um grande centro cultural e comercial; ocupada por diferentes povos, até que os romanos fincaram pé e permaneceram por mais de 800 anos. Daí as características construções bem conservadas até hoje. Claro, um magnífico coliseu faz parte do currículo do império romano:
Aqui o passado volta com o clamor da turba, o rugido dos leões. Agora realizam-se festivais. Felizmente, nas touradas atuais, não se matam os touros; ágeis atletas tentam retirar as fitas dos chifres em uma arena civilizada.
Ouvir o caloroso ritmo cubano num boteco da esquina em meio às ruínas romanas significa convívio saudável; aproximamo-nos e gente de todas as cores dançava alegremente.
Como sempre, perambular sem rumo é o melhor destino. Arles, especialmente, é uma caixa de surpresas.
Constantino I, o Augusto romano, construiu as excelentes termas. Os banhos, com a incrível idéia dos hipocaustos, foram outra característica do savoir vivre dos romanos: