…é uma das 7 Ilhas Canárias, a 100 km da costa oeste africana, onde as garras ambiciosas da colonização espanhola chegaram em 1402. Lanzarote é fascinante! É compreensível a escolha de José Saramago de morar neste paraíso. Uma erupção de dezenas de vulcões novos durou 6 anos — 1730 a 1736 — trazendo à ilha os mais variados relevos, cores e formas.
As casas são brancas, janelas e portas, em geral, verdes ou azuis; os telhados são recurvados para colher as águas da chuva… isto porque não há rios, lagos, nada; nem água potável própria. A água do mar é dessalinizada, havendo aproveitamento do vapor da água para as plantações, inclusive com jardins cheios de palmeiras e cactus cujos frutos são comestíveis. Tudo isso rodeado por uma paisagem lunar.
As hortaliças são protegidas em canteiros semicirculares cercados de pedra vulcânica; a população aproveita tudo da lava/basalto, inclusive como adubo.
O Parque Nacional de Timanfaya é inimaginável. Lá moram os vulcões em crateras aveludadas. As erupções cavaram tubos de lava sob a terra e o genial César Manrique adaptou-os, tornando-os belíssimos e ajardinados. Manrique foi engenheiro, artista, pintor, escultor, arquiteto, visionário e muito mais — além de bonitão.
Manrique foi um ecologista nato e graças às suas idéias avançadas, até hoje, a ilha não permite outdoors, neon, placas, nenhuma dessas pragas do marketing e da propaganda. Em Timanfaya as rochas escaldantes são um espetáculo único: logo abaixo da superfície, o calor é suficiente para assar comida, fazer aparecer, como milagres, fogueiras e geisers do fundo da terra.
Por toda a ilha há esculturas e aproveitamento de espaços planejados e executados pelo grande Manrique. Este visionário — assim como Gaudí — morreu prematuramente, aos 73 anos, num acidente de trânsito. Estes homens grandes, simples e ousados, ainda, sustentam o mundo.