Brincadeiras do Destino

José Saramago, em “Levantado do Chão”, o impressionante romance do Alentejo, revela:

…porque os tesouros têm o seu destino marcado, não podem ser distribuídos pela vontade do homem.

Os caprichos do destino são deliciosos! Vamos lá:

O anel de casamento

Numa fazenda na Suécia, uma jovem senhora tirou a aliança para fazer um bolo. Num gesto habitual, colocou-a sobre a pia. A aliança de ouro branco e 7 pequenos diamantes sumiu!

O casal aflito procurou por toda parte; até o piso da cozinha foi levantado. Nada. Passados 16 anos, a dona do anel viu algo brilhando no canteiro da horta. Curiosa, puxou a planta; ali estava o anel abraçado a uma cenoura.

O patinador australiano

Steven Bradbury batalhou, invejavelmente, pela sua vocação. Começou a patinar no gelo aos 8 anos.  Não teve patrocinadores, sobrevivou fabricando patins, até para os adversários.

Nas olimpíadas de 1994 sua equipe conquistou a medalha de bronze. Numa competição no Canadá, a lâmina de um outro atleta, ao cair, cortou-lhe profundamente a coxa, perdeu rios de sangue com um corte de 111 pontos. Depois de meses de fisioterapia, Steven conduziu a tocha olímpica de Brisbane a Sydney.

Quanto mais difícil o caminho, mais forte a vontade de continuar. Steven, em 2000, fraturou duas vértebras cervicais, quando treinava. Ficou 6 semanas imobilizado.

Muita garra e um tanto de sorte levaram-no às semifinais das olimpíadas de Salt Lake City em 2002. É que nas quartas de final dos 1000m os dois primeiros colocados se chocaram e foram eliminados. Incrivelmente na semifinal houve outra colisão entre os primeiros colocados e Steven ficou em segundo lugar, qualificando-se para a disputadíssima final.

Steven sabia que não teria chance entre aquelas quatro feras: Apolo Anton Ohno (USA), Li Jiajun (China), Kim Dong-Sung (Coréia) e Mathieu Turcotte (Canadá). Se se juntasse ao bando, correria sério risco de se machucar mais uma vez. Então fez a inteligente opção de ficar atrás e se divertir naquela final.

Nesta escolha, o australiano demonstrou ser, além de valoroso atleta, uma pessoa com a grande qualidade de reconhecer as próprias limitações. Ao invés de desanimar-se, quis aproveitar intensa e alegremente aquele momento. Steven foi recompensado regiamente pelo padrinho-destino: última curva, a torcida enlouquecida… na arrancada final, os quatro primeiros se embolam e caem espalhados na pista… Steven alcança, majestoso, seguro, feliz, a marca dos vencedores.

Ao receber a primeira medalha de ouro em patinação para a Austrália, Steven declarou com um largo sorriso: “Fate is still smiling at me!” [em tradução livre, “o destino ainda sorri para mim!”]

One thought on “Brincadeiras do Destino

  1. bru

    “Fate is still smiling at me”, also.
    And for you?

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