Páscoa — Passagem

…hoje percorremos a diversidade das passagens por este mundão sem fim!

• Mar Vermelho: um golfo do Oceano Índico entre a África e a Ásia. À esquerda, o Golfo e Canal de Suez; a peninsula do Sinai ao centro, Egito; à direita, o Golfo de Aqaba.

Sinai Peninsula, ©1991 NASA Johnson — Creative Commons

O significado da Páscoa / Passagem é bem marcante para os hebreus perseguidos pelos egípcios diante da barreira intransponível do Mar Vermelho. O mar se abriu em uma passagem segura e se fechou sobre o exército egípcio. Há muitos e variados estudos sobre essa passagem. O nome em hebraico, Yam Suph significa “pântano de juncos”; assim, a hipótese é a de que as bigas egípcias se atolaram no pântano.

• Antártida, Passagem Drake:

Cabo Hornos, Chile – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

A sala de entrada da Antártida; Pacífico e Atlântico se fundem sob ventos fortes e manto de gelo.

• Bahia, Península de Maraú:

Lagoa do Cassange – Copyright©2017 Rainer Brockerhoff

Na Lagoa do Cassange, a trilha do fim do túnel…

• Sérvia, Portão de Ferro:

Portão de Ferro, Danúbio – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

As pontes, passagens acolhedoras, são imprescindíveis nesta vida!

• Irlanda do Norte, a Carrick-a-Rede Rope Bridge:

Irlanda do Norte – Copyright©2013 Rainer Brockerhoff

Esta ponte de cordas une dois penhascos de 30m de altura. É usada pelos pescadores de salmão. …silêncio profundo só cortado pelos ventos…

• Bhutan, emblemáticos os portões de entrada ao reino da felicidade:

Bhutan – Copyright©2014 Rainer Brockerhoff

Para os indianos, o portão de entrada é a passagem para a terra prometida como os Estados Unidos o são para os mexicanos. A imigração é severamente restrita.

• Egito, Canal de Suez; liga o Mar Vermelho ao Mediterrâneo:

Canal de Suez – Copyright©2016 Rainer Brockerhoff

Este é um Mar feito à mão. Aqui, a ficção imita a vida.

Nesta viagem, a travessia, desfiladeiros, desvios, gargantas, estreitos, meandros são muitos… e significativas passagens… levam-nos a encontros, separação, alívio, fuga, plenitude, libertação…

Copyright©2020 Maria Brockerhoff

Crucilândia — Minas Gerais

A caminho de Crucilândia, a 100Km de Belo Horizonte, a lanchonete do Compadre — Paineiras da Serra — tem o pastel mais gostoso do mundo! A parada faz parte do roteiro-surpresa.

Em Itaguara a Santa Casa de Misericórdia, administrada por eficientes colaboradores e o provedor Edvar Mamede, presta valiosos serviços a sete municípios da região. A visita à Santa Casa nos mostra o poder da dedicação em minorar a dor e o sofrimento.

Aqui em Crucilândia a organização de festas religiosas, cavalgadas, Enduro da Cachaça, Festa do Peão Boiadeiro e Carro de Bois e outras comemorações é uma importante valorização dos costumes e da cultura dessa boa gente.

Autor desconhecido – ytimg.com

Este agradável lugar lembra, pelo acolhimento, as cidadinhas do Bhutan.
Não é preciso ir tão longe para curtir um lugar tão especial, a generosidade de nossos anfitriões, o entorno ondulado ao amanhecer na nossa varanda

Crucilândia – Copyright©2021 Maria Brockerhoff

… a prosa relaxante e rica em volta da mesa com a cheirosa comida mineira, a incomum flor de jade, ameaçada de extinção

Crucilândia – Copyright©2021 Rainer Brockerhoff

…as hortaliças também são generosas e fazem inveja às pobrezinhas de sacolão. Parte desta folha polpuda de couve vale por um caminhão de nutrientes!

Crucilândia – Copyright©2021 Rainer Brockerhoff

O ponto alto nesta viagem é a visita à ASSOPOC — Associação dos Protetores das Pessoas Carentes —, destinada ao cuidado exemplar de idosos, jovens e crianças. É um programa avançado, inteligente e, claro, muito bem administrado. O mundo carece de mais doadores! Cada um de nós pode doar: alfabetização, ensino de trabalhos manuais, ajuda financeira, proteção, uma boa palavra na medida do possível. A doação e o trabalho voluntário são as maiores fontes de gratificação interior.
Sartre concluiu: o inferno são os outros; nestes momentos de boa convivência, vem a nossa certeza:
os outros podem ser o paraíso!

Nossos amigos conseguiram transformar a fazenda florida…

Crucilândia – Copyright©2021 Rainer Brockerhoff

…em um refúgio. Assim, parodiando Manuel Bandeira:
estamos em Pasárgada
somos amigos do rei!

Prado — Bahia

Pé na estrada é a opção para evitar aeroportos, mas as rodovias por estas bandas desanimam. A malha rodoviária brasileira, em geral, há anos clama aos céus.

De Belo Horizonte a Prado, sul da Bahia, são aproximadamente 780km: 12 horas; alternativa de pernoite em Teófilo Otoni. As rochas escarpadas na região de Nanuque formam esculturas espetaculares.

Pedra da Boca, Nanuque/MG – Copyright©2007 Rafael Chaves, Creative Commons

Prado, às margens do rio Jucuruçu, aldeia indígena antes de 1755, cerca de 28 mil habitantes, é muito agradável, principalmente pelos cumprimentos dos amáveis pradenses e poucos turistas nesta época.

Aqui é o ponto de partida para as praias de Tororão, Paixão, Cumuruxatiba, Barra do Cahy e mais uma fileira a perder de vista.

Estivemos no Tororão, a 12km da cidade, a praia das falésias, muito boa para longas caminhadas:

Tororão, Bahia – Copyright©2021 Ana Paulo Machado

A Pousada Novo Prado, a meio quarteirão da praia, tem uma equipe atenciosa e boas acomodações. Daniel Craide, o gerente-proprietário, cultiva variadas hortaliças do outro lado da rua. É um projeto inteligente e útil, um bom exemplo.

As barracas ocuparam parte da praia do Centro, próxima à pousada; o mar tem avançado aproximando-se da orla. Há registros, em alguns pontos, de erosão e avanço do mar em ±50 metros.

O enigma deste mar infinito é renovador…

Prado, Bahia – Copyright©2021 Ana Paulo Machado

A nota dissonante da viagem foi o corte de duas fortes e saudáveis árvores na praia do Centro. Vimos outros cortes na avenida próxima. Lamentável o despreparo dos órgão municipais na preservação destes preciosos seres vivos. Tais danos irreparáveis causaram perplexidade e tristeza a outros hóspedes e moradores. A cidade está com dezenas de visitantes: os urubus! Eficientes faxineiros sinalizam a má qualidade da limpeza ambiental.

A elegante igreja de N.S. da Purificação foi instalada por alvará em 1795. O término da obra levou quase 100 anos.

Igreja Matriz de Prado, Bahia – Wikimedia Commons

O alerta na tabuleta da praia — atribuído a Frida Kahlo — nos leva mais fundo:

Donde no puedas amar, no te demores

Páscoa — a Ilha

De Santiago do Chile fomos a Valparaíso — por uma carretera ao pé da majestosa Cordilheira dos Andes — um dos portos mais importantes do Pacífico Sul. Perambulamos pelas ruas largas e limpas da cidade bem antiga; foi destruída por um terremoto em 1906, apenas o edíficio da Alfândega sobrou. Esta praça é o resultado da pitoresca mistura de estilos.

Plaza Bernardo O’Higgins, Valparaíso – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

Preciosas descobertas de artistas desconhecidos:

Casablanca, Chile – Copyright©2011 Rainer Brockerhoff

Embarque no MS Columbus. Depois de algumas horas uma imensidão azul… um círculo infinito… apenas o navio nesta bola ondulante. A viagem se transforma em um exercício para experimentar, tão só, o presente.

Pacífico Sul – Copyright©2011 Rainer Brockerhoff

Rapa Nui — em língua nativa — o reino dos Moais gigantes e misteriosos, à vista:

Isla de Pascua – Copyright©2011 Rainer Brockerhoff

Um holandês, em 1722, espalhou para o mundo ocidental a notícia desta ilha misteriosa. São preocupantes as causas, ainda que controversas, do colapso ecológico na ilha. Uma das teorias é a exploração exacerbada dos próprios recursos. Um poderoso alerta para nós, do lado de cá, do prejuízo irreparável da queima das florestas e poluição das águas.

Moai-vigia vê tudo na ilha, como nos contou um gentil pascoense.

Isla de Pascua – Copyright©2011 Rainer Brockerhoff

Em determinada época na lua cheia o Moai-vigia se ilumina integralmente — é o início da semeadura. Toda a ilha se involve. É consolador constatar a força destes costumes ancestrais.

Esta é a terra encantanda dos espantos e dos sustos…

Isla de Pascua – Copyright©2011 Rainer Brockerhoff
Isla de Pascua – Copyright©2011 Rainer Brockerhoff
Isla de Pascua – Copyright©2011 Rainer Brockerhoff

Do porto fomos a pé ao vilarejo — lembra Trancoso — e contamos com a amabilidade de uma carona, além de informações, pela professora que jamais saiu daqui: na sua infância, não havia água corrente nem luz nem dinheiro! Tudo era troca. Um paraíso?
Pedimos e essa professora nos ensinou a falar Iorana / obrigado. Aliás, é a palavra essencial em qualquer terra estrangeira.

O cemitério…

Isla de Pascua – Copyright©2011 Rainer Brockerhoff

Os muros todos são de pedras empilhadas, ao estilo celta. O artesanato é bem rico. Cultivam abacaxis, goiabas, abacates e hortaliças. Os professores têm uma queixa justificada: os jovens estão resistindo ao aprendizado da língua Rapa Nui. É uma inestimável perda cultural. Há 4 colégios, um para cada nível escolar; lá é servido almoço. A segurança e tranquilidade são inerentes à ilha.

Reviver boas lembranças é um bálsamo. Esta páscoa há de ser a passagem para a alforria…

Complexo do Bateia — Mato Grosso

Principalmente agora, nem é preciso voar… lugares surpreendentes estão na porta de casa!

Mato Grosso – Copyright©2014 Rainer Brockerhoff

Cada um se sente atraído por um tipo de lugar: muitos curtem o burburinho das noites e as luzes da cidade! Outros adoram as novidades da moda, da eletrônica, os cassinos, o mufurufo da Disney e adjacências. Alguns se aventuram pelas trilhas, florestas, montanhas e desertos. Cada qual escolhe a aventura que lhe dá na telha e, assim, todos se divertem. É o mais importante.

Este passeio é especial para os amantes de cachoeiras. É mágico. A Roncador Expedições nos leva ao Complexo do Bateia. Está a 60km de Barra do Garças, Goiás; parte asfalto, a outra melhor parte é por 4×4 e um tanto de caminhada. A natureza se esmera em curvas, rochas de arenito, cavernas e boas subidas; as flores daqui fazem inveja às pobres produzidas nas floras na cidade.

Mato Grosso – Copyright©2014 Rainer Brockerhoff

Melhor ainda não haver infras — como resumiu um guia de outras paragens — nada de lanchonetes, é mato puro: a água é a dos riachos cristalinos, potável e fresca. O lanche vai na mochila e passa-se muito bem. Aliás, nem há espaço para fome diante de tanta beleza.

Mato Grosso – Copyright©2014 Rainer Brockerhoff

As cachoeiras são como seus apelidos: Caldeirão da Bruxa, Pedra Furada, Esmeralda… e vão surgindo mais e mais! Cada uma mais fascinante e convidativa. A próxima cachoeira forma uma graciosa curva, despenca numa bacia revolta e… desaparece! Isto mesmo. Alguns metros abaixo, reaparece, toda faceira, sob uma pedra. Um capricho só.

Mato Grosso – Copyright©2014 Rainer Brockerhoff

O dia voa. A cabeça completamente esvaziada. É aqui o nirvana!

Na volta, a compra do queijo fresquinho e delicioso de D. Dalvina. Aí o abrigo dos animais:

Mato Grosso – Copyright©2014 Rainer Brockerhoff

Ao anoitecer, a mais bela das surpresas: o campo se ilumina com centenas de luzinhas no pisca-pisca dos vagalumes. A orquestra de luzes é emocionante, inigualável.
Com a alma lavada pelo banho nas águas cristalinas e fortes tudo está completo!

A Cultura Cigana — Buzescu

Um aspecto inteiramente novo na Romênia / Romania é a vida dos Roma, Romani, Romanes. Esta a designação correta, atual para os ciganos. Muitas vezes chamados gypsies, pois acreditava-se serem provenientes do Egito. O sufixo -ROM significa homem / povo. A caminho de București já há sinais do povo Roma nas vilas, praticamente abandonadas, com as construções típicas.

Romênia – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

Provenientes do norte da Índia, a diáspora dos romani começou há 1500 anos. Desde então têm sido marginalizados e profundamente injustiçados. Sofreram também um holocausto — Porajmos — sob o regime nazista.

Esta minoria étnica — entre 12 e 15 milhões  — apresenta, claro, diversidade de costumes, regras e língua. Contudo predominam as andanças e a tradição oral da língua Roma. A maioria se encontra na Romênia, Bulgária e República Checa. Por volta de 1860 os roma se estabeleceram aqui para trabalhar nas minas e nos campos. Reforçando a perseguição, o ditador comunista Ceaușescu forçou-os a viver em guetos, tentando suprimir uma rica cultura.

Aqui, também, uma reveladora imagem: do lado esquerdo, a moradia enquanto se constrói o palacete dos sonhos à direita.

Romênia – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

Contudo, a maior surpresa estava a 100km de Bucareste / București: o étnico e desconhecido vilarejo de Buzescu.

Buzescu, Romênia – Copyright©2014 Al Jazeera

Com apenas uma rua, os poucos habitantes levam anos e anos em construções rebuscadas. Fazem-se grandes e inespecíficos negócios. Aqui, também, vigora o código de honra do silêncio, tipo omertà. A preocupação com o luxo e a aparência das moradias é tão grande que a família vive em um só cômodo durante o inverno, pois não sobra 💲 para aquecer toda a casa.

Buzescu, Romênia – Copyright©2013 Dreamlands

O mercado imobiliário é paralelo: essas residências opulentas não têm valor nas transações oficiais. São negociadas apenas entre os roma. É cultural a exibição de riqueza pelas moradias, jóias e dentes de ouro. Curioso o preconceito dentro dos grupos: os pobres são menosprezados. A desigualdade é gritante. Grande o contraste entre as mansões de Buzescu e as choupanas dos camponeses e entre antigas carroças puxadas por cavalos e os Porsches e Mercedes nas garagens.

Buzescu, Romênia – Copyright©2014 Al Jazeera

Em geral, os rapazes não estudam regularmente nem frequentam universidades. São iniciados nos negócios. Preocupante é o casamento de meninas de 12 anos, sem nenhuma escolaridade ser, ainda, contratado entre as famílias.

Os festivais demonstram a riqueza cultural da música e da dança e a fartura das comidas e bebidas típicas. As melodias roma exerceram influência na música clássica e no jazz. Descendentes ilustres deste povo singular se sobressaíram — inclusive o Nobel — nas artes, teatro, ciência e literatura. No Brasil, dois presidentes: Juscelino Kubitschek e Washington Luís.

Se quiser duvidar dos próprios olhos, clique abaixo:

Montes de Santana

A praça da Matriz de Santana dos Montes, hoje calçada com pés-de-moleque, era toda em grandes e originais lajotas de pedra, também usadas em passeios e alicerces.

Santana dos Montes — Copyright©2019 Rainer Brockerhoff

O descuido e a falta de informação podem ter levado à troca desse calçamento ímpar e secular. Uma pena! Nesta faixa e na calçada, alguns preciosos remanescentes:

Santana dos Montes — Copyright©2019 Rainer Brockerhoff

Alguns casarões das fazendas antigas se transformaram em confortáveis hotéis. O Solar dos Montes, no centro histórico, foi totalmente restaurado e ampliado, conservando-se o estilo e a elegância. Além da hospedagem de primeiríssima qualidade, o Solar é um abrigo de livros, história, música, cinema e workshops, com Medina, exímio contador de causos e Ana ao piano.

Aqui detalhes reveladores do bom gosto e finesse do Hotel Solar dos Montes:

Hotel Solar dos Montes – Copyright©2019 Rainer Brockerhoff
Açucareiro, Hotel Solar dos Montes – Copyright©2019 Rainer Brockerhoff

No ambiente tranquilo a boa prosa é espontânea e alguns hóspedes se tornam já amigos de infância.

Hotel Solar dos Montes – Copyright©2019 Rainer Brockerhoff

As delícias da cozinha mineira — o purê de inhame! — aquela comida redondinha com bons temperos, sem ressaltar o sal; no bufê de sobremesas criativas a compota de polpa de maracujá… tudo feito aqui mesmo, além de quitutes da culinária argentina e européia.

Aqui em Santana é relaxante submergir no passado:

Santana dos Montes — Copyright©2019 Rainer Brockerhoff
Santana dos Montes — Copyright©2019 Rainer Brockerhoff

O grupo escolar, sólida construção, infelizmente é mal conservado. O jardim poderia ser cuidado pelos próprios alunos orientados pelos professores; parece, aqui também, arraigada a idéia de ser apenas da prefeitura ou de outro órgão público — e não dos cidadãos — o dever de zelar pelo patrimônio.

Santana dos Montes — Copyright©2019 Rainer Brockerhoff

Por aqui, ainda, trekking, cachoeiras, uma fábrica de cerveja, loja de artesanato e a oficina do capim Vetiver, cuja artesã Beverly faz um excelente trabalho com os adolescentes.

Santana dos Montes — Minas Gerais

Muita gente, ainda, não sabe dessa cidadinha — aqui, ó! — pra frente de Lafaiete.

Santana dos Montes — Copyright©2019 Rainer Brockerhoff

Do séc.XVIII, é um circuito de casarões coloniais em estilo Bandeirante, antigas fazendas em meio a matas e serras repousantes.

Santana dos Montes — Copyright©2019 Rainer Brockerhoff
Santana dos Montes — Copyright©2019 Rainer Brockerhoff

Nestas bandas, a 130km de Belo Horizonte, o asfalto não conseguiu quebrar o tráfego sem pressa…

Santana dos Montes — Copyright©2019 Rainer Brockerhoff

A praça da Matriz é uma surpresa a cada momento, quando se chega à janela: as casas quietas, o silêncio incomum. Faltam apenas árvores…

Santana dos Montes — Copyright©2019 Rainer Brockerhoff

Santana guarda intrigantes detalhes do passado em muitas casas, infelizmente, abandonadas. Na Europa, por exemplo, estas ruínas seriam preservadas como um tesouro. Com um olhar cuidadoso são, certamente, um baú de lembranças.

Santana dos Montes — Copyright©2019 Rainer Brockerhoff
Santana dos Montes — Copyright©2019 Rainer Brockerhoff
Santana dos Montes — Copyright©2019 Rainer Brockerhoff

Estes Montes de Santana, sua gente amável, os pássaros de todas as cores são um intervalo perfeito para suspender os pensamentos, a rotina, os sobressaltos…

Romênia — Rio Danúbio

Os Montes Cárpatos, a terceira cadeia mais longa de montanhas da Europa, ocupam um terço da România / Romênia. São incríveis grupos de pedra espalhados pelo sudeste. O nome, Carpați, em romeno, provém do grego Καρπάτauuς όρος (montanhas rochosas). Os Carpați abrigam nascentes de importantes rios europeus.

Creative Commons 4.0 / Wikimedia

Aportamos ao entardecer em Turnu Măgurele, România, a bordo do navio Rousse Prestige (Русе Престиж) da companhia Phoenix, na rota do Donau / Danúbio: de Passau na Alemanha ao Mar Negro.

Danúbio / navio Rousse Prestige – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

Neste porto um olhar perspicaz capturou este original interruptor:

Turnu Măgurele, România – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

…e a elegante sineta do navio:

Danúbio / navio Rousse Prestige – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

București / Bucarest era a Micul Paris, a pequena Paris do Oriente. Infelizmente, sob o regime comunista do ditador Nicolae Ceaușescu, a rica arquitetura do centro histórico foi destruída, incluindo antigas igrejas. Os prédios da era comunista ainda subsistem.

București, România – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

A arquitetura residencial também foi dilapidada durante o regime:

București, România – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

O suntuoso parlamento é o segundo em tamanho na Europa. Houve um concurso para sua construção; venceu uma arquiteta de 27 anos. Supervisionada pelo casal Ceaușescu, a obra sofreu as mais disparatadas intervenções; em consequência, por exemplo, o parlamento consome hoje €3 milhões de eletricidade por ano, para refrigerar no verão e aquecer no inverno. Por fora… bela viola.

București, România – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

București é muito segura, a taxa de criminalidade bem baixa. No centro, alguns edifícios históricos foram restaurados:

București, România – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

A língua romenalimba română — é parecida com o italiano; aí ficamos animados em tentar ler, entender as pessoas… de repente, não se entende mais nada. Com ajuda de gentis romenos conseguimos trazer a mensagem:

A gente deve segurar o amor como um pássaro.
Se se sentir livre dentro da minha mão, o pássaro ficará.

Vulcão-Laguna Quilotoa — Ecuador

A força, a grandeza do Quilotoa nos fazem emudecer e admitir a insignificância da condição humana! Está a 180km, sudoeste de Quito.

Parque Quilotoa, Ecuador – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

Deixamos bem cedinho o Hotel Hacienda La Ciénega, no pueblo Lasso, próximo ao Parque Nacional Cotopaxi; haveria uma procissão de 40km da Semana Santa e as rodovias seriam fechadas. Mesmo antes do sol nascer, o hotel, confirmando os bons serviços, nos serviu um reforçado desayuno.

Carretera Panamericana, Ecuador – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

A rodovia, inaugurada no dia anterior — parte da Carretera Panamericana projetada para ligar o Alaska a Ushuaia — corta a região cheia de vales retalhados, vegetação de todas as cores e as mais pitorescas formações rochosas.

Parque Quilotoa, Ecuador – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

Uma se chama Guarida del Condor, pois a montanha se parece com um gigante condor de asas abertas; um vasto canion é apelidado de Machu Picchu del Ecuador

Parque Quilotoa, Ecuador – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

O rio Toachi, desaguando no Pacífico, sulcou profundamente o vale, transformando-o num Grand Canyon do Ecuador

As casas típicas de adobe com cercas vivas, as crianças pequenas a caminho da escola, envoltas em xales coloridos e bochechas vermelhas pelo frio, as mulheres pastoreando ovelhas completam esta paleta da natureza. Toda a paisagem se equipara à do Bhutan, com a vantagem de, para nós brasileiros, estar… logo alí, ó…

Parque Quilotoa, Ecuador – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

O parque do vulcão Quilotoa, próximo ao pueblo de Zumbahua, tem boa estrutura. De um mirante pode-se apreciar, com conforto, toda a magia deste lugar. As muralhas, o portal de entrada, são uma obra de engenharia de alto nível.

laguna do Quilotoa, cujas águas salinas abrigam apenas algas, tem 240m de profundidade. Suas paredes elevam-se a 400m da superfície. Nasceu da erupção em 1280 — uma das maiores do mundo no último milênio. A lava alcançou até 35.000 km² e tornou a região rica para agricultura, pastagens e fonte de estudos arqueológicos. O nível da água tem diminuído nos últimos anos.

Parque Quilotoa, Ecuador – Copyright©2015 Rainer Brockerhoff

O caminho até a laguna, com degraus e muretas de apoio, é limpíssimo e bem sinalizado. Pode-se descer em meia hora até às suas margens, onde não chegamos. E a volta?! Bem, na subida, o aclive muuuito acentuado e a altitude de quase 4000m tornam este percurso uma prova para maratonista. Os afoitos podem contratar mulas para içá-los de volta.

A vista da cratera, um espelho esmeralda emoldurado por montanhas onduladas, é de uma beleza ímpar! Já estivemos no Crater Lake, Oregon/USA, e nos lagos do Licancabur, no Chile e, a cada vez, um encantamento primevo.