Dwarika’s Hotel — Kathmandu

Este hotel 5 estrelas é um elegante conjunto formado por uma antiga vila nepalesa, um museu cercado de jardins e um repositório arquitetônico com todas as amenidades e conforto modernos.

P1120094Ambica, a mulher do fundador Dwarika Das Shrestha, desempenhou um papel fundamental na realização dos sonhos do marido. Visionária, muito à frente do seu tempo, quando as mulheres eram ainda mais desvalorizadas e submetidas às ordens rigorosas, às vezes cruéis, da sogra e dos parentes machistas.

Dwarika também sempre teve idéias avançadas. Na década de 40, conhecia os benefícios e praticava vigorosos exercícios físicos, já escandalizando o pessoal com uma invejável barriga-tanquinho, além de ser favorável à educação formal de mulheres. Isto enfurecia os familiares e amigos conservadores. A filosofia de Dwarika era revolucionária: se a mãe estiver bem, se tiver boa saúde e educação, as crianças crescerão bem.

P1120136Interessante como, sob as crenças, as lendas, as superstições, os costumes, o hinduísmo avilta, hoje ainda, a condição feminina. O próprio Dwarika convenceu Ambica que a solução seria saírem do clã familiar. A gota d’água foi uma “escandalosa” volta de moto por Kathmandu, com Ambica na garupa.

P1120116O jovem casal partiu para vida e carreiras novas. Ambica começou a lecionar inglês — um deus-nos-acuda! — e Dwarika abriu a primeira agência de turismo, no Nepal, para peregrinos ao Pashupatinath. Compraram um terreno, onde sobre os alicerces antigos levantaram uma casa nova. Dwarika tinha um conceito diferente sobre a preservação da cultura e dos costumes nepaleses através da conservação do patrimônio arquitetônico e da história entalhada nos pórticos pelos antigos mestres Newari.

P1120097O insight se deu quando Dwarika, ao passar por umas ruínas, viu os marceneiros serrando peças ricamente entalhadas. Os marceneiros explicavam que tais entalhes só serviam para queimar, aquecendo-os no inverno. Diante dos marceneiros atônitos, propôs a troca da madeira velha por madeira nova. A partir de então, Dwarika vasculhava demolições e acumulava tudo. Daí nasceu a idéia de montar um empreendimento comercial: fundaram o hotel Dwarika’s “meramente como veículo para financiar o sonho”.

P1120106A construção do hotel levou 40 anos. Dwarika morreu em 1992, um ano antes de completar a obra. A esposa Ambica, a filha e o neto continuam a gerir o precioso legado. Hoje, o valor da diária das suítes de luxo é de, até, US$1500. Ambica mantém e dirige uma associação que incentiva mulheres a se tornarem independentes e empreendedoras.

P1120119Cá dentro do Dwarika’s, o caos de Kathmandu se transforma em oásis. Dá pra dormir à beira da piscina, que é uma reminiscência dos banhos reais do Séc. XII apreciados pela dinastia Malla.

P1120110A conscientização do valor da preservação feita pelo casal foi tão importante que se estendeu para a conservação das tradicionais cidades Patan e Bhaktapur.