Serra do Roncador — Mato Grosso #1

O livro dos Villas Boas — Expedição Roncador-Xingu 1945 — foi a inspiração.

Poucas horas de vôo de Confins a Goiânia; daqui a Barra do (Rio) Garças, aproximadamente, 5 horas de carro; este tempo não se vê passar.

No aeroporto, o jovem e dinâmico casal da Roncador Expedições já à espera. Sinara e Ralph são dedicados, gostam da terra e de mostrá-la aos visitantes. Isto faz toda a diferença. A Pousada Tropical está fora do mufurufo, é bem agradável; a gente percebe o desejo de, a cada vez, melhorar as acomodações e o atendimento. Os apartamentos se abrem para a varanda e jardim com uma boa piscina: indispensável para relaxar e recuperar a energia para as surpresas do dia seguinte.

  • Tour Serra do Roncador

A 65km está a imponente Roncador. O nome vem do som do vento correndo pelas grutas e cavernas. A serra se estende por 800km e separa os rios Araguaia e Xingu.

O “causo” mais famoso é do Coronel Percy Fawcett, chefe de uma expedição inglesa, desaparecido na região em 1925. As versões são as mais variadas e inverossímeis. Cotejando as condições de hoje e as da expedição dos Villas Boas, dá pra concluir que aquele europeu aventureiro morreu mesmo foi pelo ataque de um exército, contra o qual não havia armas: muriçocas, abelhas, bernes, marimbondos, formigas, carrapatos! 🙂

Na esteira de que o Coronel Fawcett buscava uma cidade perdida, por ele denominada Z, desenvolveu-se uma aura de misticismo, sendo a Roncador um campo fértil para a UFOmania, crenças e cultos, pouso de ETs e discos voadores — em Barra do Garças há, até, um discoporto!

Certamente as formações rochosas, fechando a imensidão verde, levam à contemplação, ao silêncio. Uma riqueza geológica ainda, praticamente, desconhecida desperta aqueles sentimentos e acresce a magia da serra.

O caldo suculento de frango, a costelinha, a pimenta esperta são a comidinha no ponto de almoço da simpática dona Maria. O filho de uns 12 anos, Leandro, pula prontamente para nos atender, é ativo e tem os olhos brilhantes de um futuro empreendedor.

A Vereda dos Sonhos justifica o apelido. Agora a gente entende a paixão de Guimarães Rosa pelas veredas — o habitat das elegantes palmeiras de Buriti. É uma extensão de águas claras e, nesta época, fica coberta de florinhas bem miúdas, transformando o espelho d’água num veludo lilás.

Ricardo, nosso guia, curte tudo aquilo e não nos apressa! No campo, uma variedade enorme de pássaros e, de repente, um bando de araras azuis nos saúda, numa reviravolta melodiosa e colorida.

Despencando na serra, as Cachoeiras Gêmeas! A serra vai se transformando ao por do sol… as cores mudam drasticamente nos paredões e vão surgindo, da imaginação de cada um, as figuras, os perfis… aquele lugar ermo é incomparável.

Subindo uns 300m, a Gruta da Estrela Azul com marcas rupestres.

A Roncador Expedições nos reserva um final de passeio muito especial neste primeiro dia: a formação do Arco da Pedra, um belo portal onde aguardamos o anoitecer acolhidos por um côncavo morno na pedra… apenas nós naquele lusco-fusco, a chegada das estrelas ainda no céu teimosamente claro e o silêncio do mato!